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"Bolinhas" de chumbo da PM de Tarcísio podem causar lesões irreversíveis e até matar

Segundo a corporação paulista, munição causaria menor risco de mortes e ferimentos graves, mas o próprio fabricante da munição alerta sobre riscos letais
Redação RBA
Rede Brasil Atual
São Paulo (SP)

Tradução:

A Polícia Militar de São Paulo, do governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos), que se tornou mais letal, agora anuncia a substituição gradual das balas de borracha por outras feitas à base de pequenas bolas de chumbo envolvidas em um saco sintético. Conhecidas como BBs (Bean Bags, ou sacos de feijão, em inglês), não têm nada de grãos. Já foram comprados 20 mil projéteis, ao custo de R$ 620 mil.

Segundo a corporação, esse tipo de munição causaria menor risco de mortes e ferimentos graves. Isso porque é capaz de minimizar o risco de penetração em tecidos moles. É o caso da pele humana. É considerado mais moderno, com mais precisão, maleável e moldável, adaptando-se a diferentes plataformas de armas. Inclusive a espingarda calibre 12.

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No entanto, ao portal UOL, um especialista em segurança pública afirmou que esses projéteis BBs podem ferir gravemente e até matar. “O que faz a diferença é a utilização por parte de um agente treinado para analisar, determinar e agir controladamente no momento da deflagração do projétil, uma vez que ambas podem-se tornar letais”, disse Eduardo Llanos, que é licenciado em ciências policiais. Ou seja, tecnicamente as vantagens dos BB no lugar das balas de borracha são mínimas.

As balas de borracha, também conhecidas como elastômero ou PICs (Projéteis de Impacto Controlado) estão no centro de polêmicas. Durante os protestos do Movimento do Passe Livre em 2013, em São Paulo, muitos ficaram feriados gravemente. Entre eles, o fotógrafo Sérgio Silva.

Criadas para acertar braços e pernas. Mas atingir a cabeça…

Segundo Eduardo Lhanos, as balas de borracha, dependendo da distância do disparo e do local do corpo atingido, provocam ferimentos graves, como a perda de um globo ocular, a perfuração de órgãos vitais, como o coração e os pulmões. Há risco de traumatismos com danos cerebrais e até de morte. Ou seja, uma arma letal contra o alvo.

Segundo a corporação paulista, munição causaria menor risco de mortes e ferimentos graves, mas o próprio fabricante da munição alerta sobre riscos letais

dfactory/Flickr
De janeiro e junho, agentes da PM mataram 145 pessoas

E não é diferente com os BBs, projetados para atingir especificamente os membros inferiores. Opção aparentemente menos letal, pode ferir gravemente, deixar lesões irreversíveis e até matar se atingir a cabeça, o pescoço, tórax ou a coluna. Isso segundo alerta dos fabricantes.

Em sua rede social, o advogado Welington Arruda criticou a compra. “O BB é um tipo de projétil formado por um saco de tecido sintético contendo inúmeras bolas de chumbo de pequeno porte, localizado no interior de um cartucho. Os fabricantes deste tipo de munição alertam que, se atingir a cabeça, pescoço, tórax ou coluna, podem causar lesões irreversíveis e inclusive a morte”. Ele é mestre em Direito e especialista em Gestão Política.

PM paulista volta a ser mais letal

A Polícia Militar que investe em balas à base de bolinhas de chumbo para conter multidões é a mesma que tem se tornado mais letal desde a posse do governo Tarcísio, após dois anos de queda nessa taxa. É o que mostraram dados divulgados pelo Ministério Público estadual neste final de semana.

De janeiro e junho, agentes da PM mataram 145 pessoas. O nome técnico dessa ocorrência é “morte decorrente de intervenção policial”. O número reflete um aumento de 15% em relação a igual período de 2022, com 126 mortes.

Leia também: Cannabrava | Sob governo militar, Brasil vira grande cemitério e banaliza genocídio negro

Havia uma tendência de queda, segundo dados do Ministério Público. Isso devido a reduções seguidas depois de um pico de 436 mortes em ação policial em 2020. No ano seguinte foram 287, e 126 em 2022.

Para o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o aumento pode resultar da posição do secretário estadual da Segurança, Guilherme Derrite, contrário ao uso de câmeras nos uniformes dos policias. O procedimento, associado à redução da letalidade policial, foi implementado pelo programa Olho Vivo.

Redação RBA


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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