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ToggleA 4ª edição da Pesquisa Fórum revela que 9,6% dos brasileiros dizem já ter sido diagnosticado com coronavírus e ficado de quarentena, mesmo sem ter feito o teste para comprovação.
O percentual é bem maior que os dados oficiais do Ministério da Saúde. Segundo a pasta, há 2,2 milhões de casos no Brasil, o que daria cerca de 1% da população. Portanto, a pesquisa identifica uma subnotificação de dez vezes mais de casos.
Os dados são semelhantes aos apresentados por uma equipe de pesquisadores do programa de pós-graduação em modelagem computacional da UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora) e do Cefet (Centro Federal de Educação Tecnológica) de Minas Gerais.
Reprodução: Pixabay
A 4ª edição da Pesquisa Fórum revela que 9,6% dos brasileiros dizem já ter sido diagnosticado com coronavírus
Eles fizeram uma estimativa onde afirmavam que o número de casos reais no Brasil seria entre oito e dez vezes maior que a quantidade oficialmente confirmada pelo Ministério da Saúde. O estudo comparou a taxa de letalidade e o índice de mortalidade no Brasil com os números de outros países que promovem testagens em massa, o que não ocorre por aqui.
O Brasil é um dos países que menos realizam testes. Os EUA fazem 153 mil testes por 1 milhão de habitantes e a Rússia, 178 mil por 1 milhão de habitantes. Aqui são 23 mil testes por 1 milhão. Os dados são do Worldmeters.
“A medida mais concreta que tomamos em nível federal pra reduzir os casos de Covid-19 tem sido não fazer testes”, disse o biólogo Atila Iamarino no Twitter.
A Pesquisa Fórum deste mês ainda apresenta um crescimento no número de pessoas que tem alguém conhecido próximo (parente ou amigo) que já foi contaminado. Em abril, 18,2% diziam que conhecia alguém com Covid-19. Em maio, eram 37,8%, em junho, 50,2% e agora, em julho, são 62,7%.
Mulheres e jovens defendem mais o isolamento social
Outro dado trazido pela 4ª edição da Pesquisa Fórum é sobre o apoio ao isolamento social como forma de combate ao contágio do vírus. Desde abril, o índice fica em torno dos 80%. Neste mês são 84,4% que defendem a medida. O percentual se manteve alto mesmo com toda a campanha contrária do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e das flexibilizações já iniciadas em várias partes do país.
Entre as mulheres o apoio é ainda maior, 90,8% são favoráveis ao isolamento. Entre os homens, 77,2% são a favor. Entre os mais jovens o apoio também é maior, de 16 a 24 anos são 88,4% favoráveis à medida.
Entre os que têm ensino superior, que teoricamente teriam mais acesso à informação, o índice cai para 78,2%. O mesmo ocorre com as maiores faixas de renda: entre 5 e 10 salários mínimos são 71,3% a favor.
Ainda segundo a pesquisa, em julho 38,2% da população dizem que já tiveram redução salarial por conta da pandemia. O índice se manteve estável desde a primeira edição, em abril.
Pesquisa inova com metodologia
A Pesquisa Fórum é realizada desde abril e está em sua quarta edição. A Revista Fórum é o primeiro veículo progressista a realizar uma pesquisa de opinião mensal e conta com o apoio dos leitores no financiamento coletivo para a sua manutenção. Quem apoia a pesquisa, recebe relatórios completos e participa da escolha das questões. Apoie aqui.
A 4ª Pesquisa Fórum foi realizada entre os dias 14 e 17 de julho e ouviu 1000 pessoas de todas as regiões do país. A margem de erro é de 3,2 pontos porcentuais, para cima ou para baixo. O método utilizado é o de painel online e a coleta de informações respeita o percentual da população brasileira nas diferentes faixas e segmentos.
O consultor técnico da Pesquisa Fórum, Wilson Molinari, explica que os painelistas são pessoas recrutadas para responderem pesquisas de forma online. A empresa que realiza a pesquisa, a Offerwise, conta com aproximadamente 1.200.000 potenciais respondentes no Brasil. “A grande vantagem é que o respondente já foi recrutado e aceitou participar e ser remunerado pelas respostas nos estudos que tenha interesse e/ou perfil para participar. No caso da Pesquisa Fórum, por ser de opinião, não existe perfil de consumidor restrito, como, por exemplo, ter conta em determinado banco, ou possuir o celular da marca X. O mais importante é manter a representatividade da população brasileira, tais como, gênero, idade, escolaridade, região, renda, etc.”
Os painéis online são adotados como método de pesquisa no mundo todo, segundo Molinari. E regulamentados pelas principais associações de pesquisa. “Os painéis hoje são amplamente utilizados para pesquisas de satisfação, imagem de marca, qualidade de produtos e serviços, opinião, etc”, acrescenta.
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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