Após ter sinalizado a saída de Ricardo Vélez na semana passada durante uma entrevista, Jair Bolsonaro anunciou sua substituição no Ministério da Educação, apresentando o nome do economista Abraham Weintraub. A troca ministerial, a segunda em três meses de governo, foi anunciada através do Twitter.
Há 12 dias, a jornalista Eliane Catanhêde anunciou a demissão do ministro e foi desmentida por Bolsonaro pelas redes sociais: “Sofro [sic] fake news diárias como esse caso da “demissão” do Ministro Velez. A mídia cria narrativas de que NÃO GOVERNO, SOU ATRAPALHADO, etc. Você sabe quem quer nos desgastar para se criar uma ação definitiva contra meu mandato no futuro. Nosso compromisso é com você, com o Brasil”, disse então.
Vélez protagonizou polêmicas e foi alvo de críticas em relação à sua capacidade de gestão. Em um primeiro gesto, pediu que escolas gravassem alunos entoando o hino nacional e recitando o slogan do governo. Recuou por conta da inconstitucionalidade da medida.
Marcello Casal Jr. | Agência Brasil
Pasta protagonizou polêmicas e viveu instabilidade nas nomeações
Outras medidas anunciadas e desfeitas foram a retirada da necessidade de revisão em livros didáticos e o fim do monitoramento das taxas de analfabetismo no Brasil.
As principais tensões, entretanto, vieram do conflito entre seguidores de Olavo de Carvalho, de quem Vélez é próximo, e militares para a indicação de cargos fundamentais na pasta. Assessores especiais foram sucessivamente indicados e demitidos.
A Secretaria Executiva do Ministério – tida como cargo número dois na hierarquia – passou, por exemplo, até mesmo pela indicação de uma pessoa que jamais assumiu, Iolene Lima.
Além das polêmicas e das contínuas trocas de nomes, a pasta enfrenta duas questões urgentes: a falência da gráfica responsável pela impressão das provas do Enem, fato que já era de conhecimento do Ministério e que põe em risco a execução da prova; e problemas na gestão do Fies, que tem impedido alunos de acompanharem aulas, correndo o risco de perderem o semestre e até mesmo as matrículas.
De acordo com o Valor Econômico, Weintraub foi sócio da Quest Investimentos, membro do comitê de trading da BM&F Bovespa, conselheiro da Ancord e representou o Banco Votorantim, do qual foi diretor, em encontros do Fundo Monetário Internacional.
Weintraub era secretário-executivo da Casa Civil. Segundo o Estadão, ele “afirmou que é preciso vencer o marxismo cultural nas universidades e trabalhar para que o país pare “de fazer bobagem”. Ele defende as ideias de Olavo de Carvalho, que chancelou sua indicação.
“Quando ele (um comunista) chegar para você com o papo 'nhoim nhoim', xinga. Faz como o Olavo de Carvalho diz para fazer. E quando você for dialogar, não pode ter premissas racionais”, declarou.
Primeiro demitido
Gustavo Bebbiano (PSL) foi demitido da Secretária-Geral de Presidência em fevereiro, por conta de seu suposto envolvimento em um esquema de candidaturas laranjas da legenda. A mesma suspeita recai sobre o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antonio, do mesmo partido.
No caso de Bebbiano, entretanto, um dos pontos que determinaram sua saída, que contrariou a posição dos ministros militares do governo e de Rodrigo Maia, foi a divergência pública entre ele e o filho mais novo do presidente, Carlos.