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Os 171 dias de governo: um balanço das “realizações” de Jair Bolsonaro até agora

Confira o que Bolsonaro já fez e julgue você mesmo se são projetos que engrandecem e contribuem para nosso futuro como nação
Cynara Menezes
Socialista Morena
São Paulo (SP)

Tradução:

Quando um presidente assume, os meios de comunicação tradicionais sempre fazem um balanço dos 100 dias de governo. Mas nós, como somos diferentões, decidimos fazer um balanço dos 171 dias de Bolsonaro no poder, completados em 20 de junho.

O número é simbólico da fraude que a extrema direita está promovendo no comando do país, se resumindo à mentira, às fake news, à vingança contra adversários e à mera propaganda ideológica; além disso, durante a campanha, o número do então candidato era 17. Tudo a ver.

Desde que assumiu o cargo, em janeiro, Bolsonaro mostrou que pretende governar, como a outra ditadura, ignorando o Legislativo. A maior parte das “realizações” dele na presidência aconteceu ou por medida provisória ou por decreto. Por enquanto, ainda está sendo possível derrubar algumas delas. Confira o que Bolsonaro já fez no comando do país e julgue você mesmo se são projetos que engrandecem e contribuem para nosso futuro como nação. Esta lista pode ser atualizada a qualquer momento.

Confira o que Bolsonaro já fez e julgue você mesmo se são projetos que engrandecem e contribuem para nosso futuro como nação

Foto: Orlando Brito / Os Divergentes
Bolsonaro equilibrando coisas

As realizações de Bolsonaro em 171 dias de poder

1. Armou a população

Assim que assumiu o cargo, no dia 15 de janeiro, Jair Bolsonaro baixou um decreto facilitando o porte de armas no país e permite que crianças e adolescentes pratiquem aulas de tiro, embora 73% da população sejam contrárias à medida, que atende principalmente os grandes proprietários de terras e seus jagunços, grileiros, valentões de rua e psicopatas em geral. Menos mal que, esta semana, o Senado derrubou o decreto.

2. Acabou com o horário de verão

Em abril, o presidente assinou o que é até agora a mais brilhante realização do seu governo, sem trocadilho: um decreto instituindo o fim do horário de verão, uma reivindicação urgente de… ninguém. A justificativa para tão importante medida foi a de que “a produtividade do trabalhador aumentará”. Quanto a se isso diminuirá o número de desempregados no país, que já está em 13,2 milhões de brasileiros, nenhuma palavra. Qual a diferença de ter ou não horário de verão se não há trabalho para precisar acordar cedo?

3. Acabou com a obrigatoriedade da cadeirinha

Bolsonaro parece governar para os playboys da Barra da Tijuca, bairro onde ele e o Queiroz moram, e enviou ao Congresso um projeto de lei várias medidas que atentam contra a segurança no trânsito para agradar quem dirige mal e em alta velocidade: aumentar a validade da CNH e reduzir os pontos para que ela seja tirada de motoristas infratores, desativar radares de rodovias e acabar com a obrigatoriedade de levar as crianças até 4 anos na cadeirinha. Não haverá mais multa para os pais que não utilizarem cadeirinha em seu veículo, apenas uma advertência, apesar de o uso reduzir em até 60% as mortes de crianças no trânsito, segundo a Organização Mundial de Saúde. Já as medidas de Bolsonaro apenas facilitam a vida dos maus motoristas. Em que você, que dirige como um cidadão civilizado, é pedestre ou ciclista, será beneficiado com isso?

4. Deu a demarcação de terras indígenas para os ruralistas

Um dos objetivos declarados do governo de extrema direita de Bolsonaro é conseguir tirar dos indígenas, primeiros habitantes do Brasil, suas terras. Para atingir essa meta, a primeira medida foi transferir a demarcação de terras indígenas diretamente aos interessados em tirá-las deles: os ruralistas. A demarcação saiu da Funai para o Ministério da Agricultura logo após a posse, em janeiro. Em maio, o Congresso devolveu a demarcação para o Ministério da Justiça, mas nesta quarta-feira, 19, Bolsonaro, por medida provisória, transferiu novamente aos ruralistas.

5. Abriu as portas do Brasil para gringos sem visto

Por decreto, Bolsonaro dispensou o visto de visita para turistas dos Estados Unidos, Canadá, Austrália e Japão que vierem ao Brasil. Segundo o presidente, os turistas que vêm ao país com intenções sexuais são bem-vindos, só os gays que não são. “O Brasil não pode ser o paraíso do mundo gay, do turismo gay. Temos famílias. Quem quiser vir aqui fazer sexo com uma mulher, fique à vontade”, disse ele, ao comentar o chega-pra-lá que levou do prefeito de Nova York, que declarou o presidente do Brasil persona non grata na cidade que governa. O sabujismo dos “patriotas” de camiseta da CBF é tal que o ministro do Turismo foi receber e aplaudir os gringos sem visto no aeroporto.

6. Deu aval à tortura em presídios

Bolsonaro exonerou, através de decreto, todos os peritos do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (MNPCT), órgão responsável por investigar violações de direitos humanos em locais como penitenciárias, hospitais psiquiátricos, abrigos de idosos, dentre outros. Na prática, o presidente deu o aval para que a tortura não seja investigada nem punida. A maioria do Supremo já decidiu que a medida é inconstitucional, mas o presidente da Corte, Dias Tóffoli, pediu vista e adiou o resultado. O representante do escritório de Direitos Humanos da ONU para a América Latina classificou o decreto como “preocupante”.

7. Abriu o mercado argentino para o abacate brasileiro

Em termos econômicos, foi a medida mais “pujante” do governo Bolsonaro, sem dúvida. O presidente chegou a comemorar no twitter a abertura do mercado argentino para os abacates brasileiros. Como diria um baiano: me bata um abacate!

O que vem por aí

1. Fazer o brasileiro trabalhar até morrer

A reforma da Previdência aumenta a idade mínima para a aposentadoria e a combina com a exigência mínima de 20 anos de contribuição. Atualmente é possível se aposentar por idade a partir dos 10 anos de contribuição. Muitas pessoas simplesmente não conseguirão se aposentar por não conseguirem provar o tempo de contribuição. Vão morrer trabalhando. A reforma prejudicará sobretudo as mulheres que trabalham no campo.

2. Privatizar os Correios

Embora a privatização dos correios no mundo não tenha sido uma ideia muito vantajosa para os consumidores, já que os prazos continuaram os mesmos e os preços subiram, Bolsonaro resolveu copiar a ideia de Donald Trump de privatizar nosso serviço postal. Triste sobretudo para os trabalhadores dos Correios que fizeram campanha para Bolsonaro. Nos EUA, ao contrário, eles já estão se mobilizando contra a privatização.

3. Tornar o “primeiro atira, depois pergunta” política de segurança pública

Se o “pacote anti-crime” do ministro da Justiça de Bolsonaro, Sergio Moro, for aprovado, vai institucionalizar a (in)justiça feita com as próprias mãospelos maus policiais contra os moradores das favelas. O movimento negro já está se mobilizando contra a principal medida do pacote: dar aos policiais licença para matar, ao possibilitar que, em caso de homicídios, a Justiça reduza a pena pela metade ou até deixe de aplicar a punição caso a morte tenha sido motivada por “escusável medo, surpresa ou violenta emoção”. O pacote anticrime de Moro só vai aprofundar o genocídio da juventude negra pobre: segundo a ONU, a cada 23 minutos um jovem negro é assassinado no Brasil. Isso preocupa o governo?

4. Transformar o Banco do Brasil em “Bank of América”

A ideia foi do ministro da Economia, Paulo Guedes, que afirmou pretender “incorporar” o Banco do Brasil ao Bank of America. Sem dúvida, a imagem mais simbólica do que se tornou o Brasil com a extrema direita falsamente patriota no comando.

5. Acabar com a tomada de três pinos

Agora vai! Esse é o mito.

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Cynara Menezes

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