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Qual o futuro do Ministério da Educação nas mãos de um ministro terrivelmente evangélico?

Pastor Milton Ribeiro é o quarto a tomar posse da pasta. Ideologia e conceito educacional revela que poderá ser o pior de todos
Paulo Cannabrava Filho
Diálogos do Sul
São Paulo

Tradução:

Na Educação assume o quarto ministro. Este, pelo menos, não é analfabeto e parece que tem diplomas verdadeiros. Muda alguma coisa? Como sempre, não muda nada. Para mudar alguma coisa só anulando a eleição de 2018. 

Por que não muda? 

Para não exagerar, pode ser que mude alguma coisa com relação à gestão no Ministério. Este novo é mais competente e tem alguma experiência. Agora, com relação ao conceito de educação e de ideologia, que é o mais importante, a situação se torna mais grave do que com os ministros anteriores. 

Como conceito, ele defende a educação fundada na disciplina, no castigo e na submissão da mulher à autoridade do homem.

Pastor Milton Ribeiro é o quarto a tomar posse da pasta. Ideologia e conceito educacional revela que poderá ser o pior de todos

Reprodução
O novo ministro, pastor Milton Ribeiro, é calvinista, algo assim como “terrivelmente" evangélico.

Terrivelmente evangélico

Quanto à ideologia, o novo ministro, pastor Milton Ribeiro, é calvinista, algo assim como “terrivelmente” evangélico, bem ao gosto do governo de ocupação encharcado de um cristianismo às avessas. 

Desde maio de 2019, Ribeiro é membro da Comissão de Ética Pública da Presidência da República — primeiro a ser nomeado para o órgão por Bolsonaro, e por indicação dos calvinistas

Criacionismo

Outro calvinista no governo é o ex-reitor da Universidade Metodista Mackenzie, Benedito Guimarães Aguiar Neto, uma das lideranças do agrupamento de calvinistas. 

Em janeiro de 2020, ele deixou a reitoria para assumir, a convite do governo de ocupação, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Universitário (Capes) — a maior agência de fomento à pesquisa do país.

Esses calvinistas são adeptos do “Design Inteligente”, eufemismo para esconder o criacionismo.

Leia Também:
O que são e o que defendem os calvinistas como o ministro “terrivelmente evangélico”?

Fim do ensino público

Tal como os neopentecostais, o objetivo dos calvinistas é a captura do poder para evangelizar a nação. Se deixarem, eles transformam o Estado numa teocracia tipo a do Estado de Israel ou a Alemanha de Calvino.

Entre os objetivos do governo, está o de nomear os reitores das universidades públicas. A intenção é clara. É um primeiro passo para a privatização total ou a meias, isto é, fazendo com que o aluno pague a escola pública.

Também querem banir do ensino as ciências humanas, como sociologia e filosofia. Alguns, como o próprio Olavo de Carvalho, acham que o próprio Ministério da Educação (MEC) deveria deixar de existir, como disse em entrevista recente à Jovem Pan.

Educação à distância?

Quando falam em ensino à distância, eu pergunto: “para quem?”.

A experiência durante a quarenta provou que nenhum dos lados estão preparados. Ou seja, nem o aluno, nem o professor, nem o Estado conseguem suprir os equipamentos necessários. 

Milhões de crianças e outros milhões que estão por nascer só terão condições de ter acesso ao ensino à distância se tiverem tido nove anos de ensino completo que os prepare para essa nova etapa.

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
Paulo Cannabrava Filho Iniciou a carreira como repórter no jornal O Tempo, em 1967. Quatro anos depois, integrou a primeira equipe de correspondentes da Agência Prensa Latina. Hoje dirige a revista eletrônica Diálogos do Sul, inspirada no projeto Cadernos do Terceiro Mundo.

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