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Ex-funcionária diz que Facebook prejudica eleições e cita Brasil: “Tenho sangue nas mãos”

Memorando interno relata que site recebeu alerta de rede no Brasil que usava "contas falsas para semear divisão e compartilhar desinformação" em setembro de 2018
Plinio Teodoro
Diálogos do Sul
São Paulo (SP)

Tradução:

Ex-funcionária por três anos do Facebook, a cientista de dados Sophie Zhang escreveu um memorando interno que a rede social está prejudicando eleições e políticos em todo o mundo e que, sem supervisão, tomou decisões que “afetaram presidentes” de diversos países.

“Eu sei que tenho sangue nas mãos”, diz ela no documento, obtido pelo site Buzzfeed.

O documento cita o Brasil como um dos países – junto Índia, Ucrânia, Espanha, Bolívia e Equador – onde ela encontrou evidências de que a rede foi usada de forma coordenada para manipular eleitores por políticos.

Zhang cita textualmente que no Brasil e as eleições presidenciais de 2018. “Acabamos removendo 10,5 milhões de reações fakes [NR.: Com uso de robôs] e de fãs de políticos de alto escalão no Brasil e nos EUA nas eleições de 2018 – políticos importantes de todas as convicções no Brasil e vários políticos de baixo escalão nos Estados Unidos”, descreve.

Memorando interno relata que site recebeu alerta de rede no Brasil que usava "contas falsas para semear divisão e compartilhar desinformação" em setembro de 2018

Montagem Revista Fórum
Bolsonaro criou fake news sobre "Kit Gay" que foi usada contra Haddad no Facebook em 2018

Segundo ela, em setembro de 2018, o Facebook recebeu alerta contra uma rede no Brasil que usava “contas falsas para semear divisão e compartilhar desinformação”, bem como um conjunto de grupos, páginas e contas que eram “patrocinadas falsamente para amplificar o engajamento”, afirmou ela, sem dar mais detalhes sobre a ação no país.

Demora em agir

Segundo a reportagem do Buzzfeed, o memorando diz que a direção do Facebook demorou demorou a agir mesmo sabendo que o uso de contas fakes na plataforma estavam prejudicando eleições e assuntos políticos em todo o mundo.

“Eu pessoalmente tomei decisões que afetaram presidentes nacionais sem supervisão, e tomei medidas para fazer valer contra tantos políticos proeminentes em todo o mundo que perdi a conta”, escreveu ela.

O memorando com 6,6 mil palavras diz, por exemplo, que chefes de governo e partidos políticos no Azerbaijão e em Honduras usando contas falsas ou se apresentando de maneira incorreta para influenciar a opinião pública.

“Nos três anos que passei no Facebook, descobri várias tentativas flagrantes de governos estrangeiros de abusar de nossa plataforma em grande escala para enganar seus próprios cidadãos e causar notícias internacionais em várias ocasiões”, escreveu Zhang no texto. 

* Plinio Teodoro é Jornalista, editor de Política da Fórum, especialista em comunicação e relações humanas. 

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
Plinio Teodoro

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