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ToggleO Tribunal Superior Eleitoral julgou improcedentes duas ações para cassar a chapa Bolsonaro/Mourão. A decisão chega dois anos depois, mas teria que ter sido colocado em pauta no ato, para parar a fraude.
A denúncia foi apresentada pela coligação Brasil Soberano, que uniu PDT/Avante com Ciro Gomes candidato. Havia provas de abuso de poder econômico e também disparos de mensagens via WhatsApp e redes sociais.
O juiz alegou que não havia prova suficiente. A Diálogos do Sul divulgou que a eleição foi uma fraude, o que se confirma pelo fato que também denunciamos, de que se tratou de um complô envolvendo a inteligência das forças armadas, o parlamento, o judiciário e instituições de Estado dos Estados Unidos.
Em editorial, a Folha de São Paulo diz que Bolsonaro está em campanha desde o primeiro dia em que assumiu no Palácio do Planalto e que a oposição está desarticulada, no caso, o PSDB, dividido, o que deixa mal o governador do estado de São Paulo, João Doria, que também está em campanha desde que assumiu.
De fato, os tucanos estão na pior situação que se poderia imaginar. Na eleição da mesa da Câmara, foram sete votos para Baleia Rossi e sete para o candidato do governo, Arthur Lira, o vencedor.
Com relação a Doria, ele está em uma situação das mais delicadas. Não conseguiu se impor na eleição para a presidência do partido e já tem um desafeto, digo, um competidor que disputa a indicação do partido para ser candidato: Eduardo Leite, o governador do Rio Grande do Sul.
Como nenhum outro partido, o PSDB está desestruturado e completamente sem rumo com cada líder se achando dono da verdade. Que verdade? A única verdade que aflora é que ficarão na história como responsáveis pela entrega do país ao neoliberalismo e aos Estados Unidos, de um lado, e de outro lado, pela assunção do junta militar ao poder através da farsa eleitoral.
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O PT, a única força de oposição organizada com base popular, não conseguiu resolver a questão crucial: por que o antipetismo grassou em setores sociais que antes eram sua base de apoio? Cabe ao PT formar sua base entre os uberizados e desamparados, al´ém dos milhões de desempregados e precarizados.
O bolsonarismo é uma força política apta para disputar qualquer eleição e conta com a máquina governamental. Faz propaganda todo dia e todo dia consegue ser manchete em todos os jornais. Já se comprovou que são mestres na utilização das redes sociais.
Neodesenvolvimentismo e progressismo versus neoliberalismo não funciona mais. Há que romper com o neoliberalismo, o que significa romper com o sistema financeiro e com a própria constituição do Estado. Não é fácil, já que envolve amplos setores da burguesia e da classe média lúmpen, além de intelectuais escravizados pelo pensamento único.
Arquivo histórico
O Brasil vive hoje um processo desconstituinte, diz a Folha e aponta Bolsonaro o pivô da questão. E tem razão. O que deveria ser feito com muito diálogo, envolvendo representantes da sociedade civil, é feito discricionariamente. O juiz, ou o legislador, ou o executivo baixa uma ordem e acabou. Acabou não, gera uma grande confusão.
Como é que funciona a ditadura?
Nós advertimos que aqueles 3 bilhões de reais que foram gastos com 250 deputados e alguns senadores saiu muito barato quando comparado com o que viria depois: uma pauta terrivelmente neoliberal.
Já começou. Com mais que o dobro de votos, 300 a 100 — na realidade três vezes mais — a Câmara de Deputados aprovou a independência do Banco Central.
Faz parte da soberania de um país o controle sobre a moeda, câmbio e desenvolvimento. Na realidade, o Banco Central já desde algum tempo vinha sendo dirigido por agentes do mercado financeiro.
Ocorre que agora esses agentes terão liberdade total, sem nenhum controle, para funcionar de acordo com os interesses dos bancos e das financeiras.
É apenas o começo. Vamos sofrer muito mais. Vamos sofrer nas garras do agronegócio e da mineração predatórios. São eles que conformam essa maioria esmagadora no parlamento, com as bancadas dos Bs, Boi (agronegócio), Bíblia (os terrivelmente cristãos), Bala, dos assassinos de aluguel, e do Bancos (que dispensam apresentações).
Tudo isso pela falta de percepção das elites sobre o que realmente está acontecendo no país. A oposição que se organiza é no espectro neoliberal. Querem voltar ao poder para continuarem com o mesmo projeto, sem se dar conta de que essa junta militar que usurpou o poder o fez para ficar.
Enquanto isso, o país é saqueado e a nação dessangra. Haverá país para as futuras gerações?
Desmonte do país
Por falta de recursos, tudo se paralisa ou fica a meia boca.
O vice presidente, general Mourão, criou um projeto especial para a Amazônia, sob comando militar. Uma resposta às pressões de governantes da União Europeia. Ou seja, uma atitude para inglês ver, e realmente ficou no papel. Nem bem foi instalada já foi desfeita. O motivo: falta de recursos.
A responsabilidade que era do Ministério da Defesa para os onze municípios que conformam a região.
O que é que deveria ser prioridade no Legislativo?
Auxílio Emergencial ou independência do Banco Central? O que é mais importante?
O desafio é simples, diz o Le Monde Diplomatique, em editorial. Além de expulsar essa gangue que está no poder, é preciso recuperar e radicalizar a democracia para salvar o país. Em suas páginas, o jornal francês mostra como funciona a aliança entre o neoliberalismo e o neofascismo que ocupa o poder.
O perigo, adverte o hebdomadário, é que atuam para destruir o inimigo, ou seja, qualquer antiliberal, qualquer manifestação que venha da esquerda ou da direita.
No casa da esquerda, o problema é que a oposição não consegue se posicionar como antiliberal, e com a esquerda ocorre o mesmo. Não se livrou ainda do pensamento único e não consegue ser contra o sistema.
E a conjuntura trama a favor do sistema. Na medida em que os países avançam na recuperação da economia haverá maior demanda por matérias-primas, prenunciando um novo boom das commodities. A China já está mostrando essa realidade. Prevê um crescimento de 5% já para este ano e para isso precisa de insumos e de comida, para satisfação das bancadas dos B.
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Economia
Impressionante verificar que enquanto o Brasil ficou sem nada, a China deu um salto espetacular, se tornando a maior potência econômica em poder de compra, perdendo para os Estados Unidos apenas na questão militar.
Transcorreram tão-somente duas décadas. Em 2000, apenas 4% das exportações brasileiras destinadas à China; em 2020, 32,3% do total, praticamente um terço. Nunca houve tal dependência a um só país e está crescendo: de 2019 para 2020 um incremento de 7%, de R$ 63,4 bilhões para 67,8 bilhões.
O total das exportações caiu de US$ 225 em 2019 para US 209,9 bilhões. Para os Estados Unidos, em 2019 exportou US$ 29,9 bilhões e em 2020 US$ 21,5 bilhões. Registro isso só para ressaltar que o governo de ocupação trata os EUA como sócio privilegiado e a China como se fosse inimiga, a fábrica do vírus.
A China compra commodities — minério de ferro e soja principalmente — e vende produtos de alto valor agregado, como medicamentos e insumos médico-hospitalar, celulares, computadores, automóveis, artefatos domésticos e roupas.
Entre os itens comprados pelo Brasil estão plataformas de perfuração. Um verdadeiro absurdo! A tecnologia foi desenvolvida aqui e os estaleiros foram fechados, jogando milhares de trabalhadores no desemprego. Agora damos emprego para os chineses. Obra a ser cobrada dos juízes e procuradores da Lava Jato.
O que leva uma pessoa como Michel Temer — o ilegítimo — ou Bolsonaro — o genocida — a liquidar empresas de alta tecnologia como a Petrobras e os estaleiros e, o que mais faz falta agora, as fábricas de medicamentos para depender da importação?
Essa desindustrialização voltou às manchetes recentemente por causa do fechamento de quatro fábricas de automóveis, três da Ford (SP, BA e CE) e da Mercedes Benz, de Iracenópolis, SP. Em 2019, a Ford já tinha fechado as unidades no ABC.
Entre 2015 e 2020, Brasil perdeu 36,6 mil estabelecimentos industriais, como mostra levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC); uma média de 17 fábricas fechadas por dia.
As commodities, em geral, incluindo o petróleo, respondem hoje a 74% das exportações.
Já tem cidades na China que são do tamanho de Belo Horizonte ou Fortaleza, mas com nível quase zero de poluição. Tudo movido por energia limpa! E nós, regressando à idade da pedra…
É a isso que estamos condenados. Sem escola pública, sem saúde pública, sem emprego, com os recursos naturais sendo saqueados, sem projeto nacional, estamos no despenhadeiro rumo ao caos.
A falta de compreensão da realidade é o que divide as forças políticas e impede a formação de uma frente de salvação nacional. Ou como escreveu José Dirceu, o que divide a esquerda é nossa própria incapacidade política de enxergar a realidade que nos impõe a unidade de todas as forças democráticas, nacionalistas e progressistas.
* Paulo Cannabrava Filho é jornalista e editor da Diálogos do Sul
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