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Os 5 erros da Folha ao comparar Hungria de Orban a Brasil na retomada democrática

Jornal paulista apresenta como de extrema competência a escolha da candidatura de Peter Marli Zai para enfrentar Victor Orban nas eleições parlamentares de 2022
Carlos Eduardo Martins
Diálogos do Sul
Rio de Janeiro (RJ)

Tradução:

A tentativa da Folha de São Paulo de tomar o processo político húngaro como modelo para o brasileiro revela a tentativa da oposição liberal a Jair Bolsonaro circunscrever a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva dentro dos limites traçados  pela economia política da austeridade do golpe de 2016

A Folha apresenta como de extrema competência a escolha da candidatura de Peter Marli Zai para enfrentar Victor Orban nas eleições parlamentares de 2022.

Avanço sobre conquistas: Hungria aprova lei contra direitos de pessoas transexuais  

Aponta que a unidade das oposições em torno de um católico liberal conservador representa a sintonia da politica com a sociedade húngara, que seria majoritariamente moderada e de direita. 

Por fim,  faz alusões ao Brasil, insinuando ser esta a melhor fórmula para aqui enfrentarmos Bolsonaro. 

Todavia, cabem várias ponderações:

1) O processo húngaro está longe de sua conclusão e as incertezas sobre seu desfecho são muito altas;
2) Se Orban e Zai se revezam na liderança das pesquisas, no Brasil há uma clara liderança de Lula, o declínio de Jair Bolsonaro, e a incapacidade da auto-proclamada terceira via oferecer qualquer alternativa a essa polarização;  

Jornal paulista apresenta como de extrema competência a escolha da candidatura de Peter Marli Zai para enfrentar Victor Orban nas eleições parlamentares de 2022

Montagem Diálogos do Sul
Jornal Folha de São Paulo tem tentado tomar o processo político húngaro como modelo para o brasileiro

3) A  liderança de Lula tem uma clara motivação social. O desencanto da população brasileira com a Lava-Jato e o contraste entre as promessas do neofascismo de melhoria da vida da população, com o cenário desolador da desigualdade e pobreza crescentes de um povo abandonado a sua própria sorte, recolocou em cena a memória e a esperança em um projeto de desenvolvimento com ascensão social dos mais pobres e fortalecimento internacional do Brasil; 

Na Hungria, nova lei obriga pessoas transsexuais a escolherem o exílio, diz Ivett Ördög 

4) Se for realmente verdade que o povo virou à direita na Hungria, no Brasil esse giro foi curto e raso e rapidamente corrigido pelas grandes linhas históricas de um capitalismo dependente, baseado na superexploração dos trabalhadores na destruição da natureza e no ódio colonial. 

5) Lula e as esquerdas brasileiras nada têm a ganhar aliando-se para as eleições de 2022 com a centro-direita que sujou suas mãos com o golpe de 2016.  Essa aliança caberia apenas para viabilizar o impeachment de Bolsonaro, mas sequer isso foi possível.  O que precisamos é de uma agenda própria que mobilize nosso povo para formarmos uma bancada de esquerda bem mais expressiva do que a que dispomos hoje no Congresso. As eleições são um momento crucial de nossa autonomia e ofensiva. Só depois é que deveremos analisar a correlação de forças resultante e buscar como lidar com ela.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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