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Ao invés de atacar, golpe pode tentar manipular sistema eleitoral; o que faríamos?

Precisamos, e com urgência, construir uma forte barreira democrática na sociedade civil, capaz de resistir a qualquer tentativa de ataque à democracia
Benedito Tadeu Cesar
Diálogos do Sul Global
Porto Alegre (RS)

Tradução:

Setores bolsonaristas atacam cada vez mais o sistema eleitoral e os democratas o defendem enfaticamente.

Seria possível pensar na possibilidade de estarmos sendo manipulados para defender as urnas eletrônicas e o processo de apuração enquanto os próprios bolsonaristas se preparam para atacá-los de fato, com o objetivo de alterar o resultado eleitoral em favor de Bolsonaro?

Se isso acontecesse, nós ficaríamos sem argumentos para discordar do resultado.

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Que fique claro: não existe sistema eletrônico que seja infalível e inviolável. Fosse assim, não existiriam tantas empresas de segurança eletrônica e nem seriam contratados tantos hackers para testar os sistemas de proteção existentes nas instituições financeiras, militares etc. em todo o mundo.

Esta pode parecer uma hipótese paranoica, mas quando começaram o processo do impeachment da Presidente Dilma Rousseff e o processo contra o ex-Presidente Lula da Silva, pouquíssimos analistas e/ou militantes acreditavam que Dilma seria derrubada e, menos ainda, que Lula pudesse ser preso.

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Achávamos que o apoio popular a Dilma e principalmente a Lula seriam suficientes para impedir qualquer golpe e, principalmente, para impedir a prisão de Lula. A todos, parecia loucura alguém sequer tentar prender Lula.

Precisamos, e com urgência, construir uma forte barreira democrática na sociedade civil, capaz de resistir a qualquer tentativa de ataque à democracia

Abdias Pinheiro/Secom/TSE
É preciso constituir uma frente tão ampla quanto for possível em defesa da democracia




Desta vez, estejamos alertas

Isto significa a possibilidade de estarmos encurralados? Não devemos mais defender as urnas eletrônicas e o processo eletrônico de apuração dos votos? Claro que não, a Justiça Eleitoral e o processo eleitoral eletrônico devem ser preservados e defendidos.

O que precisamos, além disso e com urgência, é construir uma forte barreira democrática na sociedade civil, capaz de resistir a qualquer tentativa de golpe.

A força desta barreira dependerá de sua amplitude e enraizamento na sociedade brasileira: todos os setores e instituições da sociedade civil e do Estado democrático, inclusive ex-bolsonaristas, a OAB, a ABI, as organizações religiosas, as centrais sindicais e os sindicatos de trabalhadores, as associações empresariais de todos os setores e níveis, as diversas instâncias da Justiça e do Ministério Público, os partidos políticos e a imprensa de todas as formas e meios precisam ser mobilizados e instados a se manifestarem fortemente contra qualquer tipo de golpe.

É preciso constituir uma frente tão ampla quanto for possível em defesa da democracia, que reúna todos os candidatos democráticos e seus eleitores no repúdio a qualquer tipo de golpe.

Ordem do dia em alusão ao golpe militar é fruto da impunidade aos ditadores do país

Precisamos reunir lulopetistas, ciropedetistas, dória-ou-eduardopeessedebistas, tebetemedebistas, janoneavantistas, dávilanovistas, leonardoupistas e os demais que houver verapessetuistas e todos os demais “istas” do campo democrático.

Os setores bolsonaristas das forças armadas e da sociedade civil precisam ser fortemente alertados de que eles estarão isolados se tentarem desencadear qualquer tipo de golpe, seja ele eletrônico ou armado. A união dos democratas de todos os matizes é o caminho hoje para garantir a democracia.

Benedito Tadeu Cesar é Cientista político, professor da UFRGS (aposentado) e ex-professor da UFES, integrante da coordenação do Comitê em Defesa da Democracia e do Estado Democrático de Direito e colaborador da Diálogos do Sul



As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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