Pesquisar
Pesquisar

Professor afastado, deputado do MS livre: o que falta para adoradores de Hitler serem presos?

Legislação brasileira tipifica como crime a apologia ao nazismo e fixa a pena de reclusão de dois a cinco anos, mais o pagamento de multa
Altamiro Borges
Blog do Miro
São Paulo (SP)

Tradução:

O site UOL informou na última quinta-feira (16) que o professor de história gravado por alunos fazendo elogios a Adolf Hitler foi afastado por 60 dias da escola em que dava aulas no município de Imbituba (SC). “Ele já era investigado por apologia ao nazismo no ambiente escolar… O docente não teve a identidade divulgada”.

No vídeo que viralizou nas redes sociais nesta semana, um estudante questiona se o professor apoiava o ditador alemão responsável pelo genocídio de milhões de judeus, comunistas, ciganos e outros grupos considerados não arianos. O aloprado afirma que “sim, claro” e ainda enfatiza que tem “uma admiração por Hitler”.

Direita brasileira tenta reescrever o nazismo, mas o que foi esse movimento político?

Essa figura abjeta já havia sido punida pela escola em novembro passado por outros comentários preconceituosos. Agora, poderá até ser preso, já que a legislação brasileira tipifica como crime a apologia ao nazismo e fixa a pena de reclusão de dois a cinco anos, mais o pagamento de multa. Uma punição mais dura seria exemplar, pedagógica!

Legislação brasileira tipifica como crime a apologia ao nazismo e fixa a pena de reclusão de dois a cinco anos, mais o pagamento de multa

Portal AHora
Alunos de colégio imbitubense organizam ato contra professor; afastamento remunerado de 60 dias gera revolta popular

“Mein Kampf” no Mato Grosso do Sul

Infelizmente, outro apologista do nazista segue intocado. No dia 7 de março, o deputado João Henrique Catan (PL) subiu à tribuna da Assembleia Legislativa do Mato Grosso do Sul com o livro “Mein Kampf” (“Minha Luta”), escrito por Adolf Hitler, e disse se inspirar em seus ensinamentos. Ao discursar sobre as dificuldades de acesso aos dados do governo estadual, ele afirmou que a obra retrata “estratégias para aniquilar, fuzilar o parlamento” e deveria servir para que o Legislativo “se fortaleça, se reconstrua e se reorganize nos rumos do que foi o Parlamento da Alemanha”.

O discurso do parlamentar, que se diz um bolsonarista convicto, gerou mal-estar entre seus pares. Tanto que cresceu a onda pela cassação do seu mandato. Temendo a punição, o deputado metido a valentão jurou que tinha sido infeliz no uso do livro e que nunca defendera o nazismo. A desculpa parece que colou e ele segue livre e solto.

No calar da noite, vereadora do PT é cassada por denunciar apologia ao nazismo em SC

Na sexta-feira passada (10), o jornal Correio do Estado informou que vários deputados sul-mato-grossenses já não aguentavam mais as provocações de João Henrique Catan e que essa é a sua “última aberração”: “Eles ressaltam que, em maio do ano passado, o deputado fez disparos com uma pistola, durante uma sessão remota, enquanto votava pela aprovação de um projeto de lei… Ele afirmou que os disparos eram uma ‘advertência ao comunismo’”. 

Na ocasião, ele foi apenas repreendido pelo então presidente da Assembleia Legislativa, o tucano Paulo Corrêa. O Conselho de Ética nem chegou a ser acionado para analisar a sua quebra de decorro. “Agora, mais uma vez, o atual presidente da Casa, deputado estadual Gerson Claro (PP), apenas deu um recado, enfatizando que o parlamento não será pautado pela ‘lacração’ das redes sociais, nem pela busca de engajamentos ou likes”, descreve o jornal.

Altamiro Borges | Editor do Blog do Miro


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

Assista na TV Diálogos do Sul


Se você chegou até aqui é porque valoriza o conteúdo jornalístico e de qualidade.

A Diálogos do Sul é herdeira virtual da Revista Cadernos do Terceiro Mundo. Como defensores deste legado, todos os nossos conteúdos se pautam pela mesma ética e qualidade de produção jornalística.

Você pode apoiar a revista Diálogos do Sul de diversas formas. Veja como:


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
Altamiro Borges

LEIA tAMBÉM

Mercado de Sucre, na Bolívia
Por que alimentos no Brasil estão caros e na Bolívia, baratos? Segredo está no pequeno produtor
Arthur_De_Olho_Nos_Ruralistas
De Olho nos Ruralistas ganha prêmio Megafone por investigação sobre Arthur Lira
Lira_Centrao_Legislativo_Executivo
Cannabrava | Parlamentarismo às avessas encurrala o poder Executivo
Petrobras
Juca Ferreira | Crise na Petrobras só atende interesses estrangeiros e do mercado