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Cannabrava: Aumento da miséria e do número de armas de fogo faz explodir violência

Além das milícias, há os grupos de profissionais armados a serviço dos fazendeiros e dos invasores de terras devolutas
Paulo Cannabrava Filho
Diálogos do Sul Global
São Paulo (SP)

Tradução:

O exército registrou 1,5 milhão de armas registradas. Após a liberação promovida pelo governo de ocupação o número de novos registros aumentou 300%. Paralelamente há o comércio ilegal de armas, que alimenta o crime organizado, majoritariamente vindas do Paraguai. Em ambos os casos, legal ou ilegalmente introduzidas no país, a procedência é dos Estados Unidos.

Além das milícias, formadas por PMs da reserva ou demitidos em associação com o crime organizado, há os grupos de profissionais armados a serviço dos fazendeiros e dos invasores de terras devolutas, além das novas milícias formadas por agrupamentos de organizações declaradamente nazistas ou fascistas.

Novo Cangaço

A mídia está chamando de Novo Cangaço… São bandos de quatro, seis e até 30 pessoas que invadem cidades, bancos, shoppings e condomínios. Grande parte dos assaltos são realizados em cidades do interior, geralmente não tão protegidas como as grandes cidades, mesmo as mais protegidas oferecem rotas de fuga mais fáceis.

Nesses últimos dias, entre 5 e 16 de abril, segundo o G1, ocorreram dez ataques a 13 agências bancárias e uma financeira em diferentes cidades na Bahia, São Paulo, Minas Gerais e Paraná. Fechando a semana, a maior, que envolveu 30 bandidos, ocorreu na cidade de Guarapuava, no centro do Paraná, uns 250 km de Curitiba.

O bando, fortemente armado, com pistolas 380 e .40, fuzis 762 e 556 e uma submetralhadora 556. Utilizando carros blindados, ocupou parte da cidade, usou uma fila de moradores como escudo, e invadiu a sede de uma transportadora de valores.

Além das milícias, há os grupos de profissionais armados a serviço dos fazendeiros e dos invasores de terras devolutas

Diário Campineiro
Novo Cangaço, para de vão as armas de fogo no Brasil

Resistência

Houve resistência, a PM reagiu e os bandidos fugiram sem butim, mas deixando dois policiais feridos. Guarapuava, com pouco mais de 180 mil habitantes, abriga o 26º Grupo de Artilharia de Campanha, do Exército que, diante da emergência, colocou um carro de assalto para reforçar a segurança.

Em abril, bando de 12 homens assaltou os bancos em Lages do Rio Grande do NorteAparecida de Goiânia, Goiás; antes, em janeiro, quadrilha assaltou duas agências bancárias em Picuí, na Paraíba; em fevereiro, bando de cinco ocupou e assaltou condomínio de luxo em Porto Velho, Rondônia.

Esse tipo de assalto se tornou comum.  

O mais espetacular, sem dúvida, o roubo do século, em julho de 2019 quando um bando de dez homens invadiu o terminal de cargas de Cumbica e levaram 750 quilos de ouro, algo como R$ 130 milhões. Um grupo de sete entrou com carros idênticos aos da Polícia Federal.

Aumenta a pobreza, aumenta a violência. Esse “novo cangaço” nada tem em comum com os cangaceiros originais, pobres diabos que viviam pelo sertão. São máfias organizadas e contam com apoio de grandes grupos. Vale dizer que a maioria desses casos ficam sem solução. 

Paulo Cannabrava jornalista e editor da Diálogos do Sul


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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Paulo Cannabrava Filho Iniciou a carreira como repórter no jornal O Tempo, em 1957. Quatro anos depois, integrou a primeira equipe de correspondentes da Agência Prensa Latina. Hoje dirige a revista eletrônica Diálogos do Sul, inspirada no projeto Cadernos do Terceiro Mundo.

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