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Cannabrava | Bolsonaro, Pazuello e Barros: provas de superfaturamento das vacinas são evidentes, onde estão as instituições?

Onde estão os juízes de Curitiba, do TRF-4 de Porto Alegre? Onde está a Suprema Corte? Por que a Procuradoria Geral da República não manda notícia crime para o Supremo? Essas são as perguntas que não querem calar
Paulo Cannabrava Filho
Diálogos do Sul Global
São Paulo (SP)

Tradução:

A prevaricação do capitão é um fato no caso da compra superfaturada da vacina indiana Covaxin. Ele e seus áulicos manifestam que não houve a compra, portanto, não houve crime. Houve crime sim! O contrato e a ordem de pagamento estavam lá, só não foram consumados porque um funcionário público descobriu o malfeito. As provas são evidentes.

Eles são delinquentes assumidos e se protegem entre si, favorecem parentes, distribuem sinecuras, compram de empresas de amigos e parentes, superfaturam, metem dinheiro no bolso e riem na cara da gente. Há uma grande dose de cinismo e prepotência dada a certeza de impunidade.

O general Pazuello está envolvido totalmente nos fatos do Ministério da Saúde que provocaram a morte de mais de meio milhão de pessoas. Além disso, também cometeu crime de indisciplina ao participar de comício em apoio ao capitão, ato explícito de propaganda eleitoral que, por sinal, é também um crime. Ele, porém, não foi punido, foi agraciado com um posto de assessor na Secretaria de Assuntos Estratégicos. 

Ricardo Barros, que foi ministro da Saúde de Michel Temer, mesmo sem ter qualificação para isso, cometeu crime de peculato, favorecendo empresas e comprando medicamentos superfaturados. Sabendo disso, o senhor Barros foi agraciado com título de líder do governo na Câmara Federal. 

A empresa Precisa Medicamentos, envolvida no caso da vacina indiana, propriedade de Vinícius Valfré e Julia Afonso, desde 2019 vem fazendo negócios escusos com o governo, que alcança o montante de R$ 1,7 bilhões, teve empréstimo favorecido pelo BNDES e ganhou também uma representação diplomática na Índia. Quem levou o dono da empresa ao banco oficial para obter dinheiro foi o senador Flávio Bolsonaro.

O valor dos contratos no governo atual subiu nada menos que 6.000%. 

A Precisa representa a Bharat Biotech, laboratório indiano que fabrica a vacina Covaxin, de proteção para o Coronavírus, responsável pela pandemia da Covid 19.

Onde estão os juízes de Curitiba, do TRF-4 de Porto Alegre? Onde está a Suprema Corte? Por que a Procuradoria Geral da República não manda notícia crime para o Supremo? Essas são as perguntas que não querem calar

PT.org
O valor dos contratos no governo atual subiu nada menos que 6.000%

É um escândalo atrás do outro

Onde estão os juízes de Curitiba, do TRF-4 de Porto Alegre? Onde está a Suprema Corte? Por que a Procuradoria Geral da República não manda notícia crime para o Supremo? O Complô é grande demais, assusta a possibilidade de que a Justiça ou um novo governo tire a tampa da imundice. Fede demais. 

Se estende no tempo, os crimes se acumulam desde o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff, em 2016. A partir daí, tudo foi feito em conchavos: campanha eleitoral; prisão ilegal do ex-presidente Lula da Silva, o candidato preferido a vencer o pleito; abuso do poder econômico; manipulação das redes e farsa eleitoral. 

Impediram Lula de disputar as eleições, num ato de violência inominável. Violência contra a pessoa do ex-presidente e violência contra as instituições, o que culminou nos militares ocupando o poder através de uma Operação de Inteligência “legitimada” pelo voto.

O capitão Bolsonaro, que ocupa a presidência, está usando a máquina pública descaradamente em campanha eleitoral e a Justiça Eleitoral não faz nada. Viaja pelo país, faz comício, passeata, carreata, motociata… tudo impunemente.

A Justiça Eleitoral está acuada e não se defende. Acuada com as acusações do capitão Bolsonaro de que a eleição de 2018 foi fraudada, de que ele teria ganho no primeiro turno e com as acusações de que a Urna Eletrônica não é confiável, que deve haver voto impresso comprobatório… duas atitudes criminosas. 

Que Justiça é essa?

A Justiça está com medo, acovardada, ou é cúmplice? Em qualquer das hipóteses, é terrível. Há uma insegurança jurídica total, o que favorece as intenções continuístas das forças armadas que ocupam o poder.

A gente vem analisando o comportamento dos militares em várias notas e entrevistas com estudiosos da questão militar não resolvida. 

Tenho a impressão de que os militares foram seduzidos pelo salvacionismo e a ideologia da prosperidade. Ficar rico e poder, ou poder e ficar rico. Converter ou submeter para assegurar apoio. Converter pela fé ou pelo dinheiro ou submeter pela força das armas. Inteligência e armas e então entra  joga um papel importante também as Polícias Militares.

Duas igrejas

As várias denominações evangélicas vindas dos Estados Unidos, e, mais recentemente, os pentecostais e, principalmente, os neopentecostais: vem daí o salvacionismo e a teologia da prosperidade. Vem daí também as mais recentes correntes de um evangelismo sionista que tem como paradigma o Estado teocrático de Israel.

Os neopentecostais estão em toda parte. Nos quartéis com oficiais de alta e média graduação, e nos bairros e periferia com o soldado raso e o povo.

Outra igreja é a maçonaria. Através dela se estendem à sociedade civil, articulando os delegados de polícia, empresários, profissionais liberais, oficiais de alta-graduação. Os empresários e executivos se articulam também através de clubes de serviço, entidades como os Rotary e Lions, originários também nos Estados Unidos, tudo com um único fim: Poder. 

Poder para afastar o perigo de os inimigos voltarem ao poder. 

A militarização do governo e do próprio Estado tem esse efeito colateral grave: demoniza a política e o que antes era adversário político hoje é inimigo a ser exterminado. 

Claro que existem maçons e rotarianos boa gente que nada têm a ver com isso, sequer se dão conta do que ocorre no mais alto escalão. Aqui já trouxemos maçons democráticos que integram as frentes de luta pela democracia.

Essa é a questão. Formar uma grande frente pela democracia e pela soberania.

Paulo Cannabrava Filho, editor da Diálogos do Sul


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Paulo Cannabrava Filho Iniciou a carreira como repórter no jornal O Tempo, em 1957. Quatro anos depois, integrou a primeira equipe de correspondentes da Agência Prensa Latina. Hoje dirige a revista eletrônica Diálogos do Sul, inspirada no projeto Cadernos do Terceiro Mundo.

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