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ToggleO labirinto de Dédalo pertence à mitologia grega. Foi concebido e desenhado por Minus, o Monarca de Cnossos, e foi feito para encerrar uma criatura feroz com cabeça de homem e corpo de touro, à qual chamou Minotauro.
Aterrado pelo canibalismo do monstro assim criado, o próprio Minus pediu a Dédalo que o encerrasse em um labirinto do qual jamais pudesse sair. Só ele conheceria a rota que poderia libertar o indómito Minotauro.
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Desde então, a expressão referida a este mitológico labirinto é associada a situações confusas ao extremo, nas quais impera a desordem e o caos artificialmente montado, mas que finalmente têm uma saída. O assunto é que usualmente tampouco se sabe quem é que tem a possibilidade de conhecê-la. Isso converte a história em uma espécie de lenda ainda mais enigmática e sugestiva.
O atual processo político peruano pode ser associado a essa história helênica. Efetivamente, um conjunto de acontecimentos enredaram um novelo e o tornaram virtualmente indomável. No entanto, há uma saída. E quem a encontrar poderá libertar o país desse labirinto aparentemente insondável e em cujas entranhas se tecem sortilégios e paródias.
No último dia 11 de agosto, Augusto Álvarez Ródrich, tentando liberar o Minotauro, buscou uma explicação ao que considerou “um fato positivo para o país”. Assegurou que, apesar das debilidades do governo de Pedro Castillo, na prática, o país “ainda funciona”.
Desse modo, enfrentou, talvez sem propô-lo, a gritaria histérica das Yarrow e das Chirinos quem no Congresso da República, clamam sustentando que o Peru “está caindo em pedaços” e que “ninguém aguenta mais” este governo.
Cristiano Xavier Medium
Encontrar o caminho que nos conduza ao Minotauro e acabar com ele, não será tarefa de Teseu, mas de todos os peruanos
Relativa normalidade
O editorialista da República, vai além, inclusive. Agrega que o Peru “se desenvolve com relativa normalidade”, apesar de atravessar uma “turbulência política que não é de hoje, mas sim, que se remete ao mais recente lustro”, vale dizer, aos últimos cinco anos.
Para precisar o caso, seria necessário assinalar então que, desde que Keiko Fujimori resistiu a reconhecer sua derrota eleitoral ante o PPK, em 2016, assoma o caos que hoje devora a sociedade peruana. Onde está Castillo, então? Em que radica sua culpa?
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Atualmente, ele é localizado sufocado pelo transe em que se encontra, e que não lhe permite pensar nos assuntos do país, devendo concentrar-se apenas nos temas referentes à sua própria defesa e a de seus familiares mais próximos, assediados pela Promotoria e a própria Grande Imprensa. Tudo isto – diz – “deve impedi-lo de desempenhar apropriadamente o cargo que ocupa”
Há que supor, então, que se não tivesse estas ameaças, o Mandatário poderia governar tranquilamente, e sem limitações, enfrentando os desafios de nosso tempo.
Se não pode fazê-lo hoje, a responsabilidade não é sua, mas daqueles que geraram os desafios que agora enfrenta: a “grande imprensa”, esse negócio de promotores que o assediam, os porta-vozes dessa Máfia Neonazista que se mostra sem freio algum, enchendo o Chefe do Estado de processos impropérios.
Nos últimos dias, pudemos apreciar um cúmulo de acontecimentos que não fizeram mais que tornar mais turvo o turbulento cenário nacional. Como não ocorreu nunca na história social peruana, a DIVIAC invadiu virtualmente a residência do Palácio do governo para tirar daí, pela força, Jennifer Paredes, a filha putativa do Mandatário. Como este estava ausente, a família fez uma explicável resistência, o que atrasou em pouco mais de uma hora o operativo.
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Este, finalmente, teve lugar sem resultado algum quando Pedro Castillo o autorizou. Finalmente, como todos sabem, a requerida se apresentou voluntariamente ante a Promotoria como uma maneira de dar testemunho de sua inocência. Lilia, a esposa do Mandatário, assume já como a próxima vítima do Ministério Público.
É claro que a “invasão” pela força constituiu um fato inédito na história peruana, mas seguramente também na do nosso continente. É de antologia o empenho que alguns põem em mostrar a existência de uma “organização criminosa”, integrada pela família próxima do presidente, e encabeçada por ele mesmo. Alguém conhece uma história similar?
Há quem, admitindo que é a primeira vez que isso acontece, fala dá fé da eficácia da Promotoria que, “agora sim” – e antes não – exerce sua função como se deve e cumpre com a lei. Embora não tenha sucedido antes, o bom é que acontece agora, costumam dizer. Mas a verdade não é essa.
Se antes não ocorreu é porque não houve nunca um Presidente como o que hoje temos. Contra nenhum dos anteriores mandatários se haviam atrevido a fazer algo assim não por falta de coragem, mas por considerações de classe.
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Contra Castillo sim, porque o consideram inferior, o que parafraseando Alan García, se poderia chamar de “um peruano de segunda classe”. Mais ou menos como Maricarmen Alva, essa aristocrata provinciana, considera Isabel Cortez.
Anton Chejov diz que “nada passa sem deixar uma marca” – e é verdade. Tudo isto está deixando uma profunda marca de desalento nos peruanos, que veem uma “classe política” simplesmente apodrecida.
Encontrar o caminho que nos conduza ao Minotauro e acabar com ele, não será tarefa de Teseu, mas de todos os peruanos. Veremos isso.
Gustavo Espinoza M., colaborador da Diálogos do Sul em Lima, Peru.
Tradução: Beatriz Cannabrava.
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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