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Cessar-fogo com Palestina é frágil, avaliam lideranças mundiais, que questionam disposição de Israel de cumprir acordos

Em comunicado, o Hezbollah destacou que ofensiva israelense uniu palestinos e que mundo assistiu a um massacre de crianças, mulheres e civis. “Vitória histórica estratégica"
Redação Diálogos do Sul
Diálogos do Sul Global
São Paulo (SP)

Tradução:

O cessar-fogo entre Israel e Palestina anunciado na última sexta-feira (22), é frágil, como avaliam lideranças palestinas e representantes de diversas nações do Oriente Médio. Muitos na comunidade internacional questionam o compromisso israelense de cumprir acordos, já que os viola repetidamente. 

Apesar da desproporção na quantidade de vítimas palestinas mortas na última ofensiva israelense, o subsecretário-geral do Hezbollah do Líbano, Naim Qassem, considerou que a unidade alcançada na Palestina minou os planos de Israel de promover a divisão e agora não há muitas causas, mas uma, e isso é uma vitória para os palestinos, disse ele. 

“Não é uma vitória comum, porque é de grande importância e marca um antes e um depois de agora em diante”, disse, em um comunicado transmitido pela rádio Al-Nur nesta terça-feira (25).

A equação é que não há mais separação entre Jerusalém (Al Quds, em árabe), Gaza e Palestina, explica Qassem, para completar que agora todos resistem e, embora tenha havido “muitos sacrifícios”, tratou-se de uma vitória histórica e estratégica.

Isso porque entre a opinião pública mundial, ficou destacado o massacre de Israel contra civis, mulheres e crianças e como o estado israelense destruiu edifícios, explica. 

Boicote

Apesar do cessar-fogo, em apoio à causa palestina, estivadores do porto de Durban, na África do Sul, se recusam a descarregar a carga do navio com bandeira israelense que atracou na quinta (21) no local.

Os trabalhadores sul-africanos prometem manter o boicote aos navios israelenses até que uma solução duradoura seja encontrada, já que Israel é um contumaz violador de cessar-fogo e de normas internacionais.

O presidente do país, Cyril Ramaphosa, também se opôs à ação do estado de Israel e declarou que “nunca haverá paz” até a resolução das “raízes de um conflito, neste caso, a ocupação ilegal de terras palestinas por Israel”. O político também relacionou o sofrimento palestino ao que seu povo viveu sob o regime de apartheid no século 20.

Na opinião pública mundial, destacou ele, ficou reconhecido o massacre de Israel contra civis, mulheres e crianças e como destruiu edifícios, um reflexo de sua opressão e injustiça na Palestina ocupada e em Gaza.

Outras manifestações

A desproporção com que a comunidade internacional trata a questão foi destacada, na última semana, pelo porta-voz do Partido da Justiça e do Desenvolvimento da Turquia, Omer Celik.

“O governo de Benjamim Netanyahu está matando crianças. As Nações Unidas fazem um apelo a Israel e Palestina, dizendo que o derramamento de sangue sem sentido, o terror e a destruição devem terminar imediatamente”, lamentou o porta-voz, para quem este tipo de declaração não faz mais que estimular Tel Aviv a intensificar as perseguições contra palestinos.

Ainda no país persa, o presidente Recep Tayyip Erdogan, em conversa com o papa Francisco, também na semana passada, destacou seu compromisso para colocar em prática esforços diplomáticos relacionados à causa Palestina. 

“Os objetivos dos ataques israelenses são, não só os palestinos, mas sim todos os muçulmanos, os cristãos, toda a humanidade”, disse Erdogan, durante a conversa com o sumo pontífice.

Repúdio ao sionismo

No mesmo sentido, o chefe da missão diplomática da República Islâmica do Irã no Equador, Ahmad Pajarba, ratificou o repúdio de seu país à situação.

Ele destacou que o regime racista israelense travou seis amplas guerras contra seus vizinhos e ocupou várias partes dos territórios de Egito, Jordânia, Líbano e Síria, além da Faixa de Gaza.

Ele também se mostrou incrédulo com a possibilidade de Israel cumprir qualquer determinação internacional, visto que tem, reiteradas vezes, descumprido todas as resoluções da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a retirada das regiões ocupadas na Síria, Egito, Jordânia e Líbano.

“Além disso, rejeitou todas as iniciativas para resolver esse grave problema recusando-se também a aceitar a Palestina como país. Os estados e governos da ONU devem apresentar um plano mais programático e contundente para que acabe este problema”, enfatizou.

Pajarba também concordou com afirmações da chancelaria do Irã, que consideram a recuperação dos direitos palestinos, não só uma questão árabe-islâmica, como uma responsabilidade mundial.

Sobre este particular, insistiu: “falamos de um regime expansionista, com um amplo plano para formar um país sionista desde o Egito até o Iraque”.

Também comentou que, a fim de estimular uma solução pacífica para o conflito, e pela estabilidade na sensível região do Oriente Médio, o governo de seu país apresentou no ano passado um plano de paz às Nações Unidas.

A iniciativa propõe a realização de um referendo nacional na terra palestina com a participação de todos, incluindo judeus, cristãos, muçulmanos e seus descendentes residentes em outros estados, de modo a decidir seu sistema político.

“De nosso ponto de vista, este plano é totalmente factível e justo também. Pode acabar com esse conflito, com esse problema, essa ameaça”, concluiu.

Responsabilidade estadunidense

A responsabilidade dos Estados Unidos nas agressões de Israel à Palestina e o incentivo ao avanço dos colonos sobre os territórios palestinos tem sido destacada amplamente, como denunciam Amy Goodman e Denis Moyhihan neste artigo.

Porém, é importante observar também quem fornece os armamentos que são utilizados contra civis de Gaza. Somente neste mês, o governo dos Estados Unidos aprovou uma venda de mísseis guiados de precisão a Israel por US$ 735 milhões.

A ação gerou protestos no país e, de acordo com o jornal The Washington Post, a Casa Branca esperava a confirmação por parte da Câmara de Representantes após notificar a venda em 5 de maio, ou seja, uma semana antes de iniciados os ataques.

Apesar da contundente crítica de muitos congressistas, o diário estadunidense destaca que “Israel mantém uma ampla gama de defensores acérrimos na liderança democrata, incluindo o líder da maioria do Senado, Charles E. Schumer, de Nueva York.

Também figuram na lista o presidente do Comitê de Relações Exteriores do Senado, Robert Menendez (D), de Nova Jersey e o líder da maioria da Câmara de Representantes, Steny H. Hoyer (R) de Maryland, que alegam o suposto direito de Israel de defender-se.

Cifras oficiais deram conta de pelo menos 243 mortos, dos quais 66 crianças, 39 mulheres e 17 anciãos, sendo os feridos cerca de 1.910, enquanto do lado agressor os mortos foram 12.

* Com informações de Prensa Latina, Pravda, AFP, Brasil de Fato e DW

Colaborou Ana Corbisier 


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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