Pesquisar
Pesquisar
Foto: Wikimedia Commons

Chasiv Yar: por que região é estratégica para avanço da Rússia sobre Donetsk?

Localizada até 247 metros acima do nível do mar, Chasiv Yar conta em seu flanco oriental com uma adicional barreira natural, o canal Seversky Donetsk-Donbás
Juan Pablo Duch
La Jornada
Moscou

Tradução:

Beatriz Cannabrava

Os bombardeios russos de Chasiv Yar são intensos: não menos de 20 a 30 bombas, equipadas com asas e capacidade de serem direcionadas precisamente ao alvo, são lançadas diariamente de aviões sobre fortificações, instalações industriais e casas na região de Donetsk e arredores. Estes ataques são seguidos por incursões praticamente suicidas de unidades de infantaria. Tudo isso parece confirmar que o Kremlin estabeleceu como meta de sua campanha militar na Ucrânia a tomada do controle daquela praça estratégica: para as próximas semanas, na versão otimista, ou até mesmo para o verão, na sua versão pessimista.

Estratégica, não para ganhar a guerra, mas para tentar “liberar” (na leitura de Moscou) ou “ocupar” (na de Kiev) a totalidade da região de Donetsk. Porque Chasiv Yar dá vantagem a quem a defende por ser o lugar de maior altitude da zona – até 247 metros em seu ponto mais elevado – e por contar em seu flanco oriental com uma adicional barreira natural, o canal Seversky Donetsk-Donbás. Por isso mesmo, é considerada a porta para poder aproximar-se da extensa faixa mais protegida em Donetsk pelo exército ucraniano, que é a região urbana de Kostiantynivka-Kramatorsk-Sloviansk.

Leia também | Turquia sugere que Rússia e Ucrânia congelem guerra até 2040; entenda o acordo de paz

As colinas e a maior parte das edificações de Chasiv Yar se encontram na margem ocidental do canal, o que complica sobremaneira tomar a cidade, que antes da guerra tinha 12 mil habitantes e agora ficaram várias centenas de anciãos que se negam a ser evacuados.

Segundo especialistas militares, não é sensato tentar ocupar Chasiv Yar (apesar de a propaganda bélica de Moscou afirmar, desde o desabitado lado oriental do canal, que as tropas já entraram à cidade) e a única possibilidade de as tropas ucranianas se retirarem é se surgir o perigo de ficarem rodeadas ou que o bombardeio aéreo, cedo ou tarde, cause o efeito devastador que busca.

Leia também | Conflito na Ucrânia segue longe do fim, mas derrota do imperialismo está decretada

No entanto, tudo pode mudar se a Ucrânia começar a receber o armamento ocidental, por ora bloqueado nos Estados Unidos, necessário para combater as bombas dirigíveis russas. Mesmo que Kiev perca Chasiv Yar, será uma derrota mais política que militar, pois a Ucrânia não se renderá nem sequer se a Rússia conseguir o controle total das quatro regiões ucranianas que anexou, junto com a Crimeia, 20% de seu território.

La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Juan Pablo Duch Correspondente do La Jornada em Moscou.

LEIA tAMBÉM

Rússia Uso de minas antipessoais e mísseis Atacms é manobra dos EUA para prolongar conflito
Rússia: Uso de minas antipessoais e mísseis Atacms é manobra dos EUA para prolongar conflito
Após escalar conflito na Ucrânia com mísseis de longo alcance, EUA chamam Rússia de “irresponsável”
Após escalar conflito na Ucrânia com mísseis de longo alcance, EUA chamam Rússia de “irresponsável”
Misseis Atacms “Escalada desnecessária” na Ucrânia é uma armadilha do Governo Biden para Trump
Mísseis Atacms: “Escalada desnecessária” na Ucrânia é armadilha do Governo Biden para Trump
1000 dias de Guerra na Ucrânia estratégia de esquecimento, lucros e impactos globais
1000 dias de Guerra na Ucrânia: estratégia de esquecimento, lucros e impactos globais