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Foto: Reprodução

Chile condena Hector Llaitul, principal líder da luta mapuche, a 23 anos de prisão

Tribunal Oral de Temuco, responsável pela sentença, decidiu também por negar qualquer benefício carcerário a Llaitul
Aldo Anfossi
La Jornada
Santiago

Tradução:

Beatriz Cannabrava

Héctor Llaitul Carrillanca, principal autoridade da organização autônoma/insurgente mapuche Coordinadora Arauco Malleco (CAM), foi condenado por um tribunal chileno a 23 anos de prisão por crimes comuns – roubo de madeira e ameaça à autoridade – e contra a segurança do Estado (ataque armado e incitação contra a ordem pública).

O Ministério Público havia pedido 25 anos de prisão.

O Tribunal Oral de Temuco, a cidade capital da Região da Araucanía, onde foi julgado, também negou qualquer benefício carcerário, ao determinar que, “não cumprindo os requisitos estabelecidos pela lei 18.216, não lhe serão concedidas as penas substitutivas previstas, devendo cumprir de forma efetiva as penas privativas de liberdade de forma sucessiva, começando pela mais grave, que será contada a partir de 25 de agosto de 2022”.

Antes do anúncio da sentença, Llaitul declarou em voz alta ao tribunal: “certamente esta será uma sentença em que eu receberei toda a força do Estado por este mesmo choque de culturas, de que não podemos nos entender e que haverá um conflito permanente”, previu.

“Isso tem a ver com essa impossibilidade de entendimento entre o que é a causa mapuche, porque se trata de um povo em movimento por seus direitos fundamentais, e o Estado chileno”, acrescentou.

Antes da comunicação da sentença, o governo do presidente Gabriel Boric, que desde março de 2022 prorrogou um regime de exceção constitucional que militariza a “macrozona sul” – onde operam cerca de cinco grupos insurgentes mapuches – anunciou que, em relação à sentença de Llaitul, ordenou um aumento do desdobramento militar para prevenir reações à decisão.

Isso, ante o temor de que ocorra um ataque semelhante ao de 2 de maio, que deixou três policiais mortos, uma emboscada que nenhum grupo insurgente reivindicou e que, pelo contrário, foi denunciada por um deles – o Weichán Auka Mapu, que na tradução significa Luta do Território Rebelde – como contrária aos propósitos da causa mapuche.

As organizações de apoio à causa mapuche anunciaram que realizarão ações em protesto contra a sentença.

La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.
Aldo Anfossi

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