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Chile: Em greve, sindicatos paralisam estatal Codelco, maior empresa de cobre do mundo

Diretoria da companhia comunicou na sexta-feira passada (17) que decidiu encerrar a fundição Ventanas, após registro de intoxicações em massa
Aldo Anfossi
La Jornada
Santiago

Tradução:

Os mineiros da cuprífera estatal chilena Codelco, que com 10% do total é a maior produtora mundial de cobre, iniciaram nesta quarta-feira (22) uma paralização indefinida em protesto pelo fechamento definitivo de uma fundição localizada na Bahia de Puchuncaví-Quintero, 140 quilômetros ao noroeste de Santiago, uma zona altamente contaminada e considerada de saturação ambiental.

De acordo com o presidente da Federação de Trabalhadores do Cobre (FTC), Amador Pantoja, aproximadamente 14 mil trabalhadores diretos de Codelco e outros 38 mil de empresas contratistas que prestam serviços à mineira, todos distribuídos em 26 sindicatos, se somariam à paralização. 

A diretoria da Codelco comunicou na sexta-feira passada (17) que decidiu encerrar a fundição Ventanas, depois que em início de junho e igual que em dezenas de ocasiões prévias, nas comunas de Puchuncaví e Quintero, onde residem uns 52 mil habitantes, foram registradas intoxicações em massa, principalmente de crianças que frequentavam escolas e colégios, ao respirar o ar com altas concentrações de dióxido de enxofre, resultado do processamento do concentrado de cobre para produzir cátodos.

Diretoria da companhia comunicou na sexta-feira passada (17) que decidiu encerrar a fundição Ventanas, após registro de intoxicações em massa

FTC
Em Ventanas operam uns 350 trabalhadores, todos os quais seriam realocados em outros trabalhos da Codelco




Decisão foi respaldada de imediato por Gabriel Boric

Os sindicatos, que reconhecem o impacto ao meio ambiente da fundição – é responsável de 62% das emissões de dióxido de enxofre –, exigem que sejam realizados investimentos por aproximadamente 50 milhões de dólares para modernizá-la; e também rechaçam que a Codelco “assuma a exclusiva responsabilidade dos episódios ambientais em Puchuncaví e Quintero”, pois na mesma região operam numerosas indústrias petroquímicas também contaminantes.

Na Bahia de Quintero constituiu-se nos anos 60 um polo industrial cuja atividade ocasionou tanto efeito daninho nas águas fluviais, marítimas e campos próximos, que há três décadas é denominada eufemisticamente como “zona de sacrifício”, ao se referir à poluição acumulada e seu nefasto efeito na saúde pública. 

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O presidente da diretoria da Codelco, Máximo Pacheco, defendeu o encerramento dos Operações: “Alguém acredita que depois de trinta anos que esta foi uma decisão apressada? Eu diria todo o contrário, está é uma decisão em que resolvemos algo que o país estava nos exigindo, porque esta é uma situação muito crítica, há histórias escritas sobre as pessoas que sofreram pelo entorno na qual vivem essas comunas. Mais que uma decisão apressada, me parece que esta é uma decisão muito justa com o país e com aqueles que nos reclamam que nós façamos desenvolvimento com proteção ao meio ambiente”. 

Em Ventanas operam uns 350 trabalhadores, todos os quais seriam realocados em outros trabalhos da Codelco.

A cuprífera produz anualmente ao redor de 1,7 milhões de toneladas de cobre puro, o que em 2021 significou utilidades por 7,294 bilhões de dólares. O cobre atualmente registra preços extraordinários em torno a 429 centavos de dólar a libra (c/lb), enquanto o custo direito de produção foi em 2021 de 132,7 c/lb.

De acordo com os sindicatos, a paralização acarreta perdas diárias ao fisco de 25 milhões de dólares, mas o ministro da Fazenda, Mario Marcel, minimizou o impacto.

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“Esses cálculos correspondem ao prorrateio da produção ou os ingressos de Codelco durante todo o ano. E trasladada à situação de uma mobilização, para que essas cifras fossem corretas teria que paralisar abruptamente todas as operações e não recuperar no futuro essa produção perdida”. 

Na tarde desta quarta-feira, a FTC anunciou a suspensão de qualquer tentativa de diálogo com Codelco após denunciar “o envio de forças policiais para reprimir e deter dirigentes sindicais que lideram esta mobilização em seus respectivos centros de trabalho”. 

Aldo Anfossi, especial para La Jornada desde Santiago do Chile.
Tradução de Beatriz Cannabrava.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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