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China, Irã e Coreia do Norte alertam sobre suas linhas vermelhas – e EUA ignoram

Governo Biden repete negligência dedicada à Rússia, que pode anos advertiu sobre os riscos de aproximar forças militares às fronteiras russas
Ann Whight

Tradução:

No dia 3 de janeiro de 2024, um pequeno grupo agitou cartazes na movimentada Beretania Street, em Honolulu, em frente ao Capitólio do Estado do Havaí, para comemorar o sexto ano desde que os cidadãos do Havaí foram informados por mensagens de texto de que havia um míssil nuclear se aproximando. O alerta telefônico dizia: “Isso não é um treino.” As pessoas no Havaí mergulharam em buracos na rua, foram para suas casas ou para outros lugares, como cavernas. 20 minutos depois, o Sistema de Emergências do Estado do Havaí emitiu um pedido de desculpas por um operador de sistemas ter apertado o botão errado.

Mas este exercício mostrou ao povo do Havaí o quanto nosso mundo está próximo de um ataque nuclear. Não sabemos de onde viria um tal ataque, mas, em minha opinião, a maior probabilidade é que ele seja iniciado por Israel ou pelos EUA.

Não quero tirar o foco da guerra de Gaza, mas na Ásia e em partes do Oriente Médio, o governo Biden está realizando várias ações tão perigosas como a do apoio ao genocídio israelense dos palestinos em Gaza.

A administração Biden está ignorando os avisos e as linhas vermelhas da China, Coreia do Norte, Irã e Líbano, assim como a administração ignorou avisos da Rússia sobre exercícios militares de guerra em sua fronteira e o convite para Ucrânia se juntar à OTAN, linhas vermelhas sobre as quais a Rússia já vinha avisando os Estados Unidos há décadas.

A China advertiu os EUA de que Taiwan (Formosa) faz parte da China, enquanto a administração Biden continua no seu caminho de guerra iniciado pelas administrações Obama e Trump. A política de “Uma só China”, iniciada pela administração Nixon há 40 anos, foi torpedeada pela venda implacável de armas militares e pelas visitas de altos funcionários do Estado e militares dos EUA a Taiwan. A resposta chinesa a cada visita destes funcionários a Taiwan, é uma armada de mais de 40 caças a jato chineses que voam muito perto da zona de defesa aérea de Taiwan. Os chineses consideram o Mar do Sul da China como o seu “quintal da frente”, enquanto os EUA consideram todo o Oceano Pacífico como o seu “quintal dos fundos.”

Mais uma vez, recentemente, o governo da Coreia do Norte avisou a Coreia do Sul e os EUA para terminarem os seus exercícios de guerra ao longo da zona desmilitarizada com a Coreia do Norte. O governo norte-coreano ficou particularmente irritado com esses exercícios de guerra que apelam à “decapitação” do líder da Coreia do Norte, Kim Jung Un, um apelo explícito ao assassinato do líder do país.

“Agora vai ser a altura em que o belicismo funciona” (Imagem por World Beyond War)

No Oriente Médio, o governo Biden sabia que o ataque de drones israelenses em Beirute, no Líbano, em 3 de janeiro de 2024, que matou parte da liderança do Hamas, não ficaria sem resposta. Os EUA sabiam que o Hezbollah havia dito que, se algum líder do Hamas fosse morto por Israel enquanto estivesse no Líbano, haveria retaliação. No entanto, o governo Biden deu luz verde a Israel para cometer esse assassinato, ou pelo menos fechou os olhos para a inteligência compartilhada sobre o planejamento do mesmo.

O aparente ataque do ISIS, em vez de um provável ataque de drone israelense em 3 de janeiro de 2024, que matou 103 pessoas e feriu 141 em uma cerimônia de homenagem ao general iraniano Soleimani, ressalta outro ponto quente no Oriente Médio. Soleimani foi assassinado há quatro anos por um ataque de drone de Trump contra o general iraniano, que estava no Iraque ajudando o governo iraquiano a combater o ISIS. Como o governo Biden bem sabe, caso dê sinal verde para os drones israelenses atacarem instalações iranianas, esse ataque de drone não ficaria sem resposta do Irã.

O governo Biden não ouviu os membros de suas próprias autoridades governamentais, um dos quais se demitiu em 3 de janeiro de 2024, e muito menos as vozes dos 70% do povo americano que querem que os EUA pressionem o governo israelense a interromper seu genocídio em Gaza.

O governo Biden está brincando com fogo e com a ameaça do uso de armas nucleares em suas políticas perigosas sobre Gaza, o Oriente Médio e o nordeste da Ásia.

A diplomacia e o diálogo sobre questões dessas regiões deveriam ser prioritárias.

As ameaças de guerra deveriam acabar.

Cabe a nós, como cidadãos, salvarmo-nos a nós mesmos e ao nosso planeta da extinção nuclear causada por decisões políticas inexplicáveis de nossos “líderes”.

CESSAR-FOGO AGORA – EM TODOS OS LUGARES!

Ann Wright | Servidora por 29 anos no Exército dos EUA e na Reserva do Exército. Se aposentou como coronel. Foi diplomata dos EUA por 16 anos e renunciou em 2003 por oposição à guerra de Bush no Iraque. Nos últimos 20 anos, tem trabalhado pela paz em vez da guerra para resolver conflitos internacionais.

O artigo original (em inglês) pode ser encontrado aqui. Tradução: André Souza – Pressenza


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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