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Cine Holliúdy do Ceará

Revista Diálogos do Sul

Tradução:

Orlando Senna*

Orlando-Senna
Orlando Senna é cineasta e colaborador da Diálogos do Sul

A primeira vez que ouvi falar desse cearense, mestre em taekwondo, dublê de filmes de ação em Hollywood, foi na segunda metade da década de 1990. Eu estava trabalhando no Instituto Dragão do Mar, em Fortaleza, e Sílvio Gurjão, um dos alunos do Centro de Dramaturgia do instituto, desenvolveu o roteiro de No calor da Terra do Sol, na verdade Sunland Heat, de Halder, coprodução Brasil-EUA falado em inglês e “cearencês”, onde os personagens disputam seus dramas em um enfrentamente da capoeira com artes marciais orientais.

O filme, de 2004, correu mundo nas telas da TV. Em 2011 Halder codirigiu com Glauber Filho, sempre no Ceará, As mães de Chico Xavier, sobre mediunidade, produção super modesta e surpreendente bilheteria, um dos filmes brasileiros mais vistos naquele ano.

E agora Cine Holliúdy, tema de reflexões e debates mercadológicos, provocando a Ancine-Agência Nacional de Cinema a estudar um modelo de distribuição localizado e com poucas copias. Sabemos que a bilheteria dos cinemas já foi a fonte de retorno financeiro mais importante da indústria audiovisual e que hoje não é mais. Não é mais uma arrecadação direta substancial, a não ser para blockbusters transnacionais, mas é a vitrine para as outras janelas de exibição, o que mantém sua importância no mercado multimídia. Filme que vai bem nos cinemas faz boa carreira no sistema de janelas da TV (on demand, assinatura, aberta), dvd, blue-ray, etc. Ou seja, com seu arranque espetacular na medida espectadores/cópia, Cine Holliúdy já garantiu bom posicionamento nas janelas subsequentes e se seguir com o mesmo pique nas próximas semanas será um filme pequeno (barato) faturando como os grandes (caros).

Cine HolliúdyRessalto dois aspectos desse case do cinema regional brasileiro. Primeiro, todo e qualquer filme tem um público na “cauda longa” do universo audiovisual da atualidade, e a inteligência da questão é localizar esse público (como fez a Downtown, distribuidora de Cine Holliúdy, lançando-o de maneira compacta e viralizando nas redes sociais). Segundo, a distribuição/exibição tradicional de filmes está mesmo chegando ao fim e o setor está inquieto, borbulhante, inventando e testando novos modelos de negócios, preparando-se para o desaparecimento total dos suportes físicos e para a exibição múltipla a partir de um ponto de emissão digital. Pois, é muito bem vindo esse Cine Holliúdy made in Ceará, a Terra da Luz.

* Orlando Senna é cineasta, documentarista e escritor. Colaborador da Diálogos do Sul.

Assista ao trailher:

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=7allekyiCY8


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

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