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Com desigualdade social, sofrimento humano está chegando a níveis insuportáveis

A cada dia, as desigualdades sociais estimulam reações que poderão nos conduzir à catástrofe. Rumo à barbárie.
Claúdio di Mauro
Diálogos do Sul Global
Uberlândia (MG)

Tradução:

Tenho postura firme na análise das manifestações do “Fora Bolsonaro / Mourão” e seus aficionados!!!

Mas não é apenas por questão político partidária. A análise transcende muito essa postura.

Bolsonaro retirou os setores empobrecidos do orçamento da União. Os empobrecidos que vivem como invisíveis sociais e econômicos não são atendidos pelo atual governo federal.

Os programas de habitação, a saúde, a educação e o esforço para proteger o salário mínimo, não foram escolhas desse governo. Ao contrário, tem havido transferência orçamentária de destinações para os setores referidos, mas nunca se deixou de transferir para os banqueiros, protegidos e dos quais se origina Paulo Guedes.

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A economia do Brasil está dirigida para beneficiar os setores já completamente enriquecidos. Os bancos e os agronegócios praticados na perspectiva neoliberal continuam a fechar todos os anos com enormes ganhos e recebimentos.

Neste cenário, torna-se indispensável recuperar os investimentos em habitação, na alimentação segura, na saúde pública, nos projetos de apoio social para as populações alijadas do bem-estar.

A cada dia, as desigualdades sociais estimulam reações que poderão nos conduzir à catástrofe. Rumo à barbárie.

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A economia do Brasil está dirigida para beneficiar os setores já completamente enriquecidos.

Teto de gastos

Certamente a medida que modificou a Constituição de 1988, estabelecendo os limites (tetos) de gastos, fixados por 20 anos, tem grande responsabilidade na realidade que estamos vivendo.

Não é possível imaginar que as mesmas despesas feitas com saúde no ano passado sejam mantidas por 5 anos. Só quem não vai à farmácia comprar medicamentos pode imaginar que seja dessa forma. Ainda mais o setor de saúde onde as tecnologias evoluem rapidamente e exigem mais investimentos, torna-se indispensável o incremento orçamentário.

E a alimentação? As pessoas que frequentam os supermercados sabem que a cada dia os carrinhos ficam mais vazios, na medida em que os aumentos dos produtos sobem de maneira estratosférica. Como suportar essa realidade?

E a situação da energia elétrica, com aumentos incomensuráveis? Despudoradamente, restringe-se a quantidade de água nos sistemas de recursos hídricos e aumentam os preços a serem pagos pelo consumo da energia elétrica, atribuindo-lhe a vergonhosa bandeira vermelha.

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E o gás de cozinha? Os aumentos efetuados dificultam as populações empobrecidas a utilizar esse indispensável produto para o conforto diário. Claro que ainda resta verificar os preços dos combustíveis, em crescimentos exorbitantes.

Enfim, para onde estão conduzindo a situação econômica e financeira das populações mais empobrecidas? O certo é que as condições de vida estão ficando mais difíceis para nossa população, a cada dia que passa. A classe média não tem nada a reclamar?

Cenário preocupante 

Cabe aos governantes se preocupar com as consequências da carestia, voltada para uma população que esteve acostumada a ter níveis de consumo e bem-estar social que ficam mais difíceis de se realizar. Não há como descartar o fato de que estamos caminhando para dias mais violentos.

Até o presente momento os explorados e oprimidos mantiveram-se em silenciosa invisibilidade. Mas, o sofrimento humano está chegando a níveis insuportáveis, no limite. As reações poderão ser surpreendentes, com assaltos mais constantes, com saques que tendem a se realizar e poderão ficar em situação incontrolável.

Os grupos de vizinhos que se articulam para proteção conjunta, filmando ações, mostram que os roubos e invasões de casas estão ficando muito violentos e despudorados. Há invasões de domicílios, mesmo em residências que possuem cercas elétricas e outros artefatos de segurança.

O certo é que estamos caminhando para situações insustentáveis. A dor humana e o sofrimento de familiares, pela falta de alimentos e bens de primeira necessidade, poderá arrastar pessoas para situações que ultrapassam os limites do equilíbrio. A quem caberá responsabilizar pelo aumento das barbaridades?

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O fato é que os exemplos oferecidos por governantes que não possuem o menor pudor para saquear o erário público, fatos que são oferecidos nos noticiários diários, estimulam comportamentos dos demais setores humanos.

Rumo a barbárie?

A cada dia, as desigualdades sociais estimulam reações que poderão nos conduzir à catástrofe. Rumo à barbárie. Barbárie nas práticas dos engravatados que se alojam no poder e dele usufruem; barbárie produzida por setores que se enriquecem mais, com o empobrecimento da maioria; enfim, o caminho que está sendo oferecido é de revolta e de escolha:

Modificam-se as realidades do modelo e do sistema social e econômico? Continuaremos a nos firmar nas barbáries que estão estabelecidas?

A única escolha possível para que tenhamos o estabelecimento de um processo que seja de fato civilizatório é a inclusão dos setores sociais, da população em geral no Orçamento da União, dos Estados e dos Municípios. Não há outro caminho possível.

Para isso é indispensável que os setores economicamente privilegiados se acostumem com a ideia que precisarão pagar uma parte significativa das contas desse processo que garantirá a justiça social e econômica.

    

Cláudio Di Mauro é geógrafo e ex-Prefeito de Rio Claro, colaborador da Diálogos do Sul


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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