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ToggleNesta sexta-feira 14 de outubro, Lula guerreiro do povo brasileiro caminha no Recife. É uma vitória já a sua presença entre os pernambucanos.
Em um tempo em que as tragédias pessoais geram votos, como agora em Pernambuco, penso em Lula e em todos nós. No comum da gente, as muitas dores sob as quais passamos, e algumas delas nem passam… As tragédias e traumas pessoais sofridos, nem por isso jamais procuramos atrair olhares piedosos sobre nós. Caímos, choramos, temos um surto de pranto, e nos levantamos. Isso é da luta e do luto. Em suas pessoas, os escritores guardam no íntimo até o que não gostariam de guardar. Depois escrevem quando podem, ou não suportam mais esconder a insistente lembrança. Mas os políticos, os melhores políticos, não. Eles recuperam o sofrimento para um novo salto de redenção no mundo coletivo.
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Militantes e políticos que são estímulo de exemplo, suportam e saem da dor em atos para o povo. Carlos Prestes saiu da perda de sua brava companheira Olga, que havia sido enviada para campo de concentração nazista sob a ditadura de Vargas, e apoiou o ex-ditador, porque o valor mais alto era a volta à democracia. Esse foi um ato que os mesquinhos e seu sinônimo, os sectários, até hoje não entendem. E nestes dias, o gênio político Luiz Inácio Lula da Silva vai além do sofrimento passado. Ele não faz disso a sua bandeira.
Numa rápida pesquisa, se excluímos a difícil infância sem pai, e se pulamos as batalhas épicas, as humilhações pelas quais passou, que são o gênero de experiência de todos pobres, chegamos à sua posse como Presidente da República em janeiro de 2003. Em Brasília, ele falou num dos rasgos de verdade, que são sua característica:
“Uma pena que minha mãe morreu. Ela sempre quis que eu tivesse um diploma e nunca imaginou que o primeiro seria o de Presidente da República”. E chorou. Mas esse choro era de agradecimento e luta coletiva.
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Lula, como Prestes, Nelson Mandela, Ho Chi Minh, e todo líder popular, saiu da prisão com o coração mais amplo, onde moram todas as pessoas
Oportunismo fascista
Tempos depois, Lula sofre um câncer de laringe em 2011. Da sua doença, os fascistas da época comentavam nas “redes sociais”, que só são sociais como ferramenta:
“Nada de novo, pessoal. Eu trabalho com marketing há mil anos e sei o que houve. O que fazer quando a sua imagem está a ponto de detonar (quase dez ministros detonados), com o processo do mensalão em andamento, inflação crescente, o diabo, o que é que se faz? Cria-se um fato novo! O povo precisa ter pena do cara, não é mesmo? Que câncer, que nada! Isso é pura armação de um bandido mentiroso e que não tem saída. Só um câncer arranjado. Matei? O cara é muito malandro, ele não está nada com câncer, é pura jogada dos marqueteiros do petralha. Matei?”. Não matou, claro, mas bem desejou matar o maior líder do povo brasileiro.
Outro acrescentou, no fascismo que já fervilhava e hoje está em vigor no governo do Brasil: “Devagar, pessoal, o ‘universo’ está dando uma boa mão para nós terráqueos e limpando a terra dos esquerdistas. Se não, vejamos: o Kadaffi já morreu, o Fidel Castro está agonizando, o Hugo Chaves está agonizando, o Kim Jong-un da Coreia do Norte está agonizando, agora o Lula está com o câncer. Viva o câncer!”
Mais adiante, a canalhice e tentativa de assassinato chegaram a Dona Marisa, então esposa de Lula em 2017, quando ela foi atingida por um AVC e se tornou paciente do Hospital Sírio-Libanês. Ali, houve alguns médicos que desonram o Brasil e a medicina, que divulgaram imagens da tomografia de Dona Marisa nas “redes sociais”! Mais: o neurocirurgião Richam Faissal Ellakkis comentou com a galera do seu bando: “Esses fdp vão embolizar ainda por cima. Tem que romper no procedimento. Daí já abre pupila. E o capeta abraça ela”. Ele era, não sei se ainda é, especialista em neurocirurgia vascular e base de crânio, portanto, falou com absoluta propriedade do crime que gostaria de cometer ou cometeu: matar uma pessoa necessitada de socorro médico.
E culminou com a prisão do maior líder das Américas em 2018. Pela prisão, afastavam o favorito das eleições que levaram o fascismo à presidência. Lula permaneceu preso por 580 dias, de onde saiu renovado no diálogo com o mundo inteiro.
Mas o melhor é isto: Lula, como Prestes, Nelson Mandela, Ho Chi Minh, e todo líder popular, saiu da prisão com o coração mais amplo, onde moram todas as pessoas. Nestes dias, ele falou:
“Eu sei que é o sofrimento, eu quando vejo uma pessoa na rua, eu sei o que essa pessoa está passando. Quando eu vejo uma mulher com criança na calçada pedindo esmola, eu sei o que ela está passando. Então, é essa causa que me move na política”.
A humanidade está contigo, presidente.
Urariano Mota | Portal Vermelho
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