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Comemoração dos 500 anos de Havana aborda importância da emancipação latino-americana

Momento mais importante do evento foi o ato de encerramento com os discursos de Nicolás Maduro Moros e Miguel Díaz Canel-Bermúdez
Gustavo Espinoza M.
Diálogos do Sul Global
Lima

Tradução:

No marco dos preparatórios referentes aos cinco séculos da fundação espanhola de Havana e celebrando os 60 anos da vitória de Sierra Maestra, aconteceram em Cuba, nas últimas semanas, dois importantes eventos. Em ambos, brilhou de modo sustentado o esforço de seu povo por construir, nas condições mais adversas, a primeira sociedade socialista da América.   

Entre 29 e 31 de outubro, no amplo e belo Palácio de Convenções de Havana, deu-se o III Simpósio Internacional “A Revolução Cubana, Gênese e Desenvolvimento Histórico”, dedicado, esta vez, a ressaltar a incidência de Fidel Castro no cenário de nosso tempo.

Expositores da Alemanha, Palestina, México, Chile, Argentina, República Dominicana, Venezuela, Colômbia, Cuba,  País Basco e outros, abordaram os temas em análise sublinhando a importância de um encontro que formava parte das celebrações programadas com motivo do 60º aniversário da Revolução Cubana.

Momento mais importante do evento foi o ato de encerramento com os discursos de Nicolás Maduro Moros e Miguel Díaz Canel-Bermúdez

AndyLeungHK | Needpix
O legado de Fidel na ordem do dia.

Trabalharam 11 comissões, houveram 17 Mesas de Trabalho e foram apresentados 93 trabalhos vinculados todos ao que acontece no nosso tempo e sua relação com a essência da Revolução Cubana e sua transcendência histórica.

Por gentil iniciativa do Instituto de História de Cuba e por sugestão da Rede de Intelectuais em Defesa da Humanidade fui programado, com o historiador cubano Omar Gonzales e o cientista político venezuelano, Pedro Calzadilla, para expor, na manhã do dia 31, as ideias referentes ao legado de Fidel e o Processo Emancipador Latino-americano.

No marco do agudo cenário continental, e quando se agrava a ofensiva imperialista contra Cuba e  aumenta  luta dos povos combatendo o “modelo” neoliberal imposto pelo Grande Capital e pelas Oligarquias nativas, nossas exposições foram calidamente acolhidas por um auditório ávido que escutou também, em outros momentos, o historiador chileno Ricardo Pérez, a checa Marian Shemakova, a alemã Judith Benda, a colombiana María Herminda Rojas, a espanhola Virginia López, a cubana Elsa Rosa Pérez, ministra da Ciência, Cultura e Tecnologia de Cuba, entre muitos outros. 

Ressaltou no evento o interesse coletivo por sublinhar a transcendência do processo cubano em uma conjuntura particularmente complexa da América Latina, em que se agravam as tensões de classe e aparece com força a vontade dos povos que lutam por construir um caminho próprio, transitando por rotas inéditas em direção ao socialismo. 

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No encerramento, a presença do Mandatário cubano Miguel Díaz Canel evidenciou a hierarquia do evento que culminou seu trabalho ao meio dia de 31 de outubro. 

Na manhã de sexta-feira, 1º de novembro, no auditório do mesmo Palácio, instalou-se o Encontro Anti-imperialista de Solidariedade, pela Democracia e contra o Neoliberalismo, que congregou 1.300 delegados de 96 países e se desenvolveu até a tarde do domingo. 

A apresentação do coletivo artístico infantil “La Colmenita”, de Cuba, que marcou o início do ato inaugural levou a todos os participantes uma profunda mensagem de ternura e fé na luta dos povos por um destino melhor. Canções e danças infantis de profundo conteúdo humano emocionaram a todos e forjaram o marco para as intervenções centrais de Fernando Gonzales Llort, Presidente do Instituto Cubano de Amizade com os Povos – organizador do evento, e um dos 5 heróis resgatados das garras do Império há cinco anos; e de Bruno Rodríguez, e o jovem e dinâmico chanceler cubano, que se aprontava já a viajar para Nova York para travar uma batalha contra o governo dos Estados Unidos e assegurar a aprovação da Resolução contra o bloqueio que finalmente seria votada no dia 7 de novembro. 

A presença do ex-presidente de El Salvador¸ Salvador  Sánchez Cerén, do ex-chanceler boliviano David Choquehuanca, da norte-americana Gloria La Riva, do argentino Atilio Borón; do Secretário Geral do Partido Comunista da Espanha,  José Luis Centella; de Mónica Valente, do Fórum de São Paulo, do ex-presidente paraguaio Fernando Lugo, assim como outros representantes da Espanha, República Popular China, Vietnam,, Palestina,  África do Sul, Estados Unidos da América do Norte, Rússia e outros países, deram singular brilho a esta cerimônia transmitida ao mundo em vários idiomas. 

O Peru esteve representado por 18 companheiros que fizemos uso da palavra em diferentes momentos do evento. Correspondeu-me intervir na Tribuna Anti-imperialista e no encontro da Rede de Intelectuais.

Os temas desenvolvidos em sucessivas plenárias e no marco das comissões, que foram criadas para abordar cada um dos assuntos previstos, foram de grande importância, e mostraram o interesse pelos acontecimentos ocorridos no cenário mundial e no quadro geral da luta anti-imperialista, pela democracia e contra o neoliberalismo. 

Particularmente entusiasta foi a adesão dos delegados à luta de Cuba contra o bloqueio norte-americano, à resistência da Venezuela Bolivariana, ao heroico combate do povo do Chile, à solidariedade com as populações do Equador enfrentados ao regime traidor de Moreno; á luta pela liberdade de Lula no Brasil, e às denúncias de Evo Morales contra o Golpe Fascista que se armava no seu país. No momento culminante do evento, Fernando González, em nome do ICAP fez entrega à delegação brasileira das mais de dois milhões de firmas de cidadãos cubanos, recolhidas em apenas 14 dias, demandando a liberdade de Lula.

Diversas conferências magistrais, entre as quais cabe destacar a do espanhol Ignacio Ramonet, e do argentino Atilio Borón, que cativaram particularmente o interesse do numeroso público. 

Mas, sem dúvida, o momento mais importante do evento foi o ato de encerramento na tarde do domingo. Os discursos do Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro Moros, e de Cuba, Miguel Díaz Canel-Bermúdez, colocaram em alto o papel e as tarefas do movimento emancipador latino-americano. Embora não tenha feito uso da palavra, o Comandante Raúl Castro, Primeiro Secretário do Partido Comunista de Cuba, foi longamente ovacionado.

Trataram-se, sem dúvida, de eventos de capital importância que incidiram decisivamente na luta dos povos do nosso continente.
O legado de Fidel na ordem do dia.

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Gustavo Espinoza M. Jornalista e colaborador da Diálogos de Sul em Lima, Peru, é diretor da edição peruana da Resumen Latinoamericano e professor universitário de língua e literatura. Em sua trajetória de lutas, foi líder da Federação de Estudantes do Peru e da Confederação Geral do Trabalho do Peru. Escreveu “Mariátegui y nuestro tiempo” e “Memorias de un comunista peruano”, entre outras obras. Acompanhou e militou contra o golpe de Estado no Chile e a ditadura de Pinochet.

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