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Comitê afirma ter provas para incriminar Trump e aliados por invasão ao Capitólio

Ex-presidente é o primeiro a recusar uma transição pacífica do poder executivo na história do país e até o momento não aceita o resultado oficial
David Brooks
La Jornada
Nova York

Tradução:

O comitê seleto da câmara baixa encarregado da investigação sobre o assalto ao Capitólio de 6 de janeiro de 2021 informou que conta com suficientes provas para a formulação de acusações criminais contra o ex-presidente Donald Trump e alguns de seus colegas.

Enquanto o governo federal em Washington acusa a Vladimir Putin de encabeçar um governo autocrático rodeado de oligarcas, nos Estados Unidos persiste uma crise política que incluiu uma tentativa de golpe de Estado, possivelmente dirigido por um presidente estadunidense sob investigação por subverter a democracia e por seus negócios corruptos inclusive com outros oligarcas.

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O comitê da câmara baixa que investiga o assalto violento do Capitólio por forças direitistas, algumas armadas, convocadas pelo agora ex-presidente em 6 de janeiro do ano passado, apresentou pela primeira vez elementos para impulsionar um caso criminal potencial contra Trump e cúmplices por delitos de obstrução de um procedimento oficial do Congresso – a certificação do voto do Colégio Eleitoral – e “conspiração criminosa para defraudar o povo estadunidense” em uma tentativa de subverter a eleição presidencial.

Ex-presidente é o primeiro a recusar uma transição pacífica do poder executivo na história do país e até o momento não aceita o resultado oficial

Gage Skidmore – Wikimedia Commons

É esperado que audiências públicas comecem em abril, quando serão abordadas provas sobre o papel direto de Trump no atentado

Argumentos

Nos argumentos apresentados em um caso civil na Califórnia de um advogado de Trump que busca evitar proporcionar testemunho e evidência perante esse comitê, os advogados do Comitê resumem a tentativa para subverter a eleição presidencial impulsionada por Trump e seu cúmplices: promoção de versões falsas de uma fraude eleitoral (algo que continua até hoje).

Esforços pós-eleitorais para reverter contagens estaduais, tentar instalar eleitores diferentes no colégio eleitoral e culminando com o 6 de janeiro ao pressionar o vice-presidente Mike Pence para descarrilar a certificação dos resultados e com isso proclamar uma crise constitucional para manter Trump no poder.

Vale recordar que Trump é o primeiro mandatário a recusar uma transição pacífica do poder executivo na história do país, e até o momento não aceita o resultado oficial.

O comitê não tem a autoridade para formular e apresentar denúncias criminais contra Trump e seus aliados, mas – e tudo indica que está se preparando para isso – pode fazer uma recomendação formal ao Departamento de Justiça encabeçado pelo procurador geral de Justiça, Merrick Garland para que proceda com um caso criminal.  

Enquanto isso, o Comitê procede com sua investigação na qual já entrevistou privadamente mais de 550 funcionários federais e estaduais. Espera-se que inicie audiências públicas em abril quando abordará, entre outras coisas, as provas que têm do papel direto de Trump.

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Além do mais, prosseguem outros casos e processos legais em torno ao esforço da Trump de subverter a eleição culminado com o assalto ao Capitólio no ano passado.

Em 18 de fevereiro, um juiz federal decidiu que era razoável “inferir que quando chamou seus manifestantes a marchar ao Capitólio, o presidente o fez com o objetivo de interromper os esforços dos legisladores para certificar os votos do Colégio Eleitoral”, ao negar a solicitação de Trump de descartar várias demandas civis -apresentadas por legisladores federais e vários oficiais da Polícia do Capitólio que foram feridos nesse dia – que o responsabilizam do assalto. 

Também procedem os casos legais contra centenas de participantes do assalto ao Capitólio. Na quarta-feira, um dos participantes se declarou culpado de “conspiração sediciosa”, a primeira vez que um dos acusados aceita responsabilidade para essa acusação, o que poderia nutrir casos contra outros envolvidos.

Trump também enfrenta crescentes perigos legais em outras frentes. Em meados do mês passado, seus contadores declararam que eram confiáveis anos de declarações financeiras que eles haviam preparado e romperam sua relação profissional com o ex-presidente, algo que complicará sua defesa diante de investigações oficiais em Nova York sobre se manipulou suas contas para obter empréstimos, entre outras atividades empresariais ilícitas.

O ex-presidente repete que as investigações são politicamente motivadas para evitar que se candidate em 2024.

David Brooks é correspondente do La Jornada em Nova York.
Tradução: Beatriz Cannabrava


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

David Brooks Correspondente do La Jornada nos EUA desde 1992, é autor de vários trabalhos acadêmicos e em 1988 fundou o Programa Diálogos México-EUA, que promoveu um intercâmbio bilateral entre setores sociais nacionais desses países sobre integração econômica. Foi também pesquisador sênior e membro fundador do Centro Latino-americano de Estudos Estratégicos (CLEE), na Cidade do México.

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