Conteúdo da página
ToggleEntenda o que estaria acontecendo no país e possíveis consequências.
O que provocou os protestos?
No início de outubro, os sindicatos dos trabalhadores e o movimento indígena, junto a outros grupos da sociedade civil organizada, decidiram iniciar manifestações pelo país, mobilizando-se por tempo indeterminado para protestar contra as reformas econômicas do governo.
Milhares de pessoas foram às ruas em resposta ao anúncio de Moreno de eliminar os subsídios a combustíveis como uma forma de conter o déficit fiscal equatoriano. Entretanto, a medida estaria levando a um aumento no preço de itens básicos de consumo.
A medida faz parte de um pacote de medidas econômicas que foram estabelecidas como consequência do acordo de empréstimo de US$ 4,2 bilhões (R$ 17,2 bilhões) com o Fundo Monetário Internacional (FMI), conforme cita a BBC.
Ordem impede o acesso do público a áreas próximas a prédios do governo e instalações estratégicas no país entre 20h e 5hhttps://t.co/wVQCnZ1ZeT
— Sputnik Brasil (@sputnik_brasil) 9 de outubro de 2019
Contudo, a eliminação de subsídios estaria provocando um aumento de 120% do diesel e de 30% da gasolina normal, além de reformas trabalhistas e tributárias que estariam afetando diretamente os trabalhadores e beneficiando os grupos exportadores e importadores.
Além do problema dos subsídios, o Equador hoje vive uma crise democrática de representação, pois a sociedade não está certa que o governo esteja trabalhando em benefício da maioria, tornando os serviços públicos precários, elevando o número de desempregados e perdendo soberania econômica e política, entregando o país aos poderes fáticos e dividindo o país entre os grupos econômicos.
Agência Brasil / Foto: Santiago Arcos
Equatorianos protestaram contra medidas de austeridade do presidente Lenín Moreno
Histórico de protestos no Equador
O Equador, um país dolarizado e que depende do petróleo, possui um grande histórico de problemas e crises, que já desafiaram a estabilidade no país e derrubaram governos.
Entre 1996 e 2007, o país passou pela pior instabilidade política de sua história, quando ocorreram diversos protestos sociais que provocaram a queda de três presidentes, sendo que dois deles tentaram realizar ajustes econômicos.
A última grande crise enfrentada pelo país foi a de 2005, quando o então presidente Lucio Gutiérrez, um militar aposentado, renunciou depois de diversos protestos que contavam com o apoio indígena.
Em 2007, Rafael Correa assumiu a presidência do país até 2017, período que fez com que o Equador fosse atingido pelo alto endividamento e pela falta de liquidez, aponta a Folha de São Paulo.
A crise equatoriana pode ser solucionada?
Perante a crise mais grave da história equatoriana, em que os protestos liderados por sindicatos do setor de transporte e indígenas tomam conta do país, o presidente Moreno afirmou que não revisaria o pacote de medidas, que inclui a eliminação de subsídios à gasolina, excluindo a possibilidade de solucionar o problema através de uma revisão.
O professor Viktor Jeifets, da cátedra de Teoria e História das Relações Internacionais da Faculdade de Relações Internacionais da Universidade Estatal de São Petersburgo, ressaltou à Sputnik que a situação talvez possa ser solucionada através da antecipação das eleições.
Favor compartir.
Mensaje a mis compatriotas en estos momentos tan difíciles de nuestra historia.
¡Hasta la victoria siempre!#YoTambienSoyZangano pic.twitter.com/fXWSjd4cnh— Rafael Correa (@MashiRafael) 8 de outubro de 2019
Por favor, compartilhe. Mensagem aos meus compatriotas nestes momentos tão difíceis da nossa história.
A hipótese também foi indicada pelo ex-presidente equatoriano, Rafael Correa, que apontou, durante uma entrevista à CNN, uma “saída constitucional” e democrática para resolver a situação, fazendo com que uma eleição antecipada dê a oportunidade de o povo votar e escolher a melhor opção para o país.
Fantasma do FMI estaria regressando à América Latina
Vale destacar que o Fundo Monetário Internacional (FMI), representado pelo Tesouro norte-americano, grandes bancos e instituições internacionais, também é conhecido por gerar problemas em alguns governos devido aos seus termos e imposições para firmar os acordos.
Hoje, na América Latina apenas o Uruguai, a Bolívia e o México resistem bravamente ao FMI, que está ativamente presente no Equador e na Argentina. A política do FMI segue levando os países à recessão e à depressão, e o mais recente exemplo disso é o Equador, que acaba de decretar estado de exceção em meio a imposições de um acordo com o FMI para dolarizar o país.
Rafael Correa diz que pacote de governo equatoriano é parte de plano neoliberal para América Latina. O ex-presidente também falou sobre a prisão de Lula e a eleição na Argentina https://t.co/H5oXaSJTjg pic.twitter.com/BKR4mA1H7v
— Sputnik Brasil (@sputnik_brasil) 10 de outubro de 2019
O Peru é outro país que está sofrendo as consequências de viver sob a tutela do FMI, sofrendo com os desdobramentos da Operação Lava Jato.
A Argentina, por sua vez, retrata a participação do FMI nos índices de pobreza e desemprego, além da elevação dos preços e desvalorização de sua moeda local.
Possíveis consequências para o Brasil
Na verdade, a crise no Equador provavelmente não trará consequências para o Brasil, mas sim servirá de lição.
“Tanto no Brasil como nos demais países que têm que lidar com sérios ajustes fiscais, vale observar o que acontece lá para não cometer os mesmos erros”, afirmou ao portal UOL a doutora em relações internacionais e especialista em América Latina Manoela Miklos.
Além disso, a situação de Moreno no Equador, que é apoiado pelo presidente argentino, Mauricio Macri, e pelo brasileiro, Jair Bolsonaro, deve servir de alerta para que ambos os países não sigam o mesmo passo em direção à submissão radical, que Bolsonaro chama de “aproximação”, diante do presidente norte-americano, Donald Trump.
Bolsonaro se alia mais com Trump do que com os EUA e isso não é bom sinal, diz especialista https://t.co/AR43BVDSxe
— Sputnik Brasil (@sputnik_brasil) 26 de setembro de 2019
Essa submissão fez com que o presidente equatoriano fechasse um acordo de bilhões de dólares com o FMI, devastando o país socialmente.
Ou seja, a situação de Macri, de Moreno e do presidente peruano Martín Vizcarra deve servir de alerta àqueles que pretendem seguir a política neoliberal e de submissão radical, causando o naufrágio dos países em questão, bem como de seus representantes. Sendo assim, Bolsonaro precisa aprender com os “vizinhos” para não cometer os mesmos erros e provocar uma devastação social no Brasil.
Veja também