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ToggleOs enormes avanços da tecnologia nos trouxeram coisas boas e outras, não tanto. A dificuldade para ter acesso aos detalhes de funcionamento e os meandros da informática e outras ciências puseram uma distância insuperável entre os criadores e os usuários destas novas áreas do conhecimento. De um modo sutil, a informação sobre os eventos que marcam o destino de milhões de seres humanos nos é entregue em pequenas doses, convenientemente elaborada com o propósito de manter o controle sobre seu impacto na sociedade. Nos encontramos, portanto, sujeitos a um fluxo de comunicação sobre o qual carecemos de certeza, mas elaborado para simular a verdade.
O jornalismo, uma profissão de serviço público cuja missão é dar a conhecer informação veraz e oportuna sobre os acontecimentos e decisões que afetam a sociedade, transformou-se em outro campo de batalha entre os grandes núcleos de poder político e econômico e os comunicadores éticos e independentes. Os meios de imprensa, em geral, estão nas mãos de grandes grupos empresariais e sua finalidade é incidir na rota política, manipulando a informação à conveniência de seus investidores. A verdade, portanto, fica relegada por ser considerada um inconveniente dentro da fórmula.
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A perseguição contra aqueles que investigam e revelam acontecimentos, decisões e outros atos de interesse, cometidos à margem da lei e que atentam contra o bem público, converteu-se em uma das frentes de guerra; essas frentes são sustentadas e alimentadas por governos e cúpulas de poder econômico, com a finalidade de neutralizar todo ato de rebeldia popular. Deste modo, universalizou-se uma espécie de Guerra Fria de última geração de onde se manipula, transforma e divulga informação com uma forte carga ideológica; uma estratégia do medo capaz de dividir e paralisar toda ação cidadã tendente à mudança de sistema.
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Luta desigual, empreendida por alguns meios independentes e jornalistas éticos, é fonte de mal-estar para aqueles que decidem nosso futuro
Estratégia da cúpula do poder
A estratégia do medo tem sido, durante o transcurso da História, uma ferramenta utilizada por toda cúpula de poder com o propósito de convencer os povos a manter uma postura obediente, não deliberante, submissa diante daqueles que marcam o caminho e disposta a defender ideais impostos para proteger privilégios e interesses particulares. Nesta guerra solapada, os meios de comunicação de massa constituem a arma perfeita nesse afã por conseguir o objetivo de dominar o cenário.
A luta desigual, empreendida por alguns meios independentes e jornalistas éticos, é uma fonte de mal-estar para aqueles que decidem nosso futuro e, por isso, as ameaças e obstáculos aos quais se enfrentam estes profissionais chegaram ao extremo de obrigá-los a refugiar-se em um exílio forçoso, diante do risco de perder a vida.
Cada dia se amplia a distância entre a missão de imprensa – como uma atividade de serviço público para proporcionar à cidadania uma visão correta e veraz dos acontecimentos de seu interesse – e o que efetivamente se recebe das cadeias noticiosas e dos meios aliados com o oficialismo. Esta ruptura com a missão da função jornalística tem um impacto tal nas sociedades, ao ponto de converter as guerras em um espetáculo, à fome em um destino inevitável, às migrações humanas em uma desgraça alheia. Em outras palavras, nos imunizaram contra a sensibilidade e a vergonha.
A informação pública é uma ferramenta de poder, nas mãos de outros.
Carolina Vásquez Araya | Colaboradora da Diálogos do Sul na Cidade da Guatemala.
Tradução: Beatriz Cannabrava.
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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