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ToggleDonald Trump estava cada vez mais “desligado da realidade” durante e depois de sua derrota eleitoral, e foi informado repetidamente que era falso que seu triunfo foi roubado por fraude eleitoral, testemunharam seu ex-procurador geral de justiça e advogados de sua campanha ante o comitê do Congresso que investiga os eventos que levaram à tentativa de golpe de estado em 6 de janeiro de 2021.
A segunda audiência pública do Comitê Seleto de Investigação sobre o Assalto ao Capitólio de 6 de janeiro se enfocou sobre a promoção da chamada “grande mentira” de Trump de que seu triunfo eleitoral foi roubado por uma fraude e como isso culminou com a assalto violento ao Capitólio por seus seguidores para parar o processo de verificação do voto nacional.
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Trump “traiu a confiança do povo estadunidense, ignorou a vontade dos eleitores (…) e tentou permanecer em seu posto depois que o povo votou para tirá-lo”, declarou o presidente do Comitê Seleto, o democrata Bennie Thompson, ao iniciar a sessão. Assinalou que o enfoque da última segunda-feira (13) foi narrar como Trump “perdeu uma eleição – sabia que perdeu uma eleição – e como resultado de sua derrota, decidiu realizar um ataque sobre nossa democracia”, e isso foi “a mecha que levou à violência horrenda do 6 de janeiro”.
Foi ninguém menos que o ex-procurador geral e chefe do Departamento de Justiça de Trump, William Barr, em um testemunho em vídeo gravado e transmitido publicamente pela primeira vez, que qualificou as afirmações de Trump como “bobagens”, informou a seu chefe várias vezes que careciam de qualquer sustentação, e conclui que Trump, nesses dias depois da eleição, se “havia desligado da realidade se na verdade acreditava em tudo isso”.
A sessão continuou com vários ex-funcionários da Casa Branca, advogados, estrategistas e o chefe de sua campanha Bill Stepien – alguns presentes e outros através de suas declarações gravadas ante o Comitê – narrando como o presidente, apesar de ser informado repetidamente por eles de que não havia evidência de fraudes e irregularidades na eleição, decidiu promover sua versão falsa e expressou fúria contra aqueles que em seu próprio governo e equipe não aceitavam suas afirmações. “Tens que odiar Trump” por insistir que não havia ganhado, disse o ex-presidente uma vez a Barr, falando de si mesmo em terceira pessoa.
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Donald Trump estava cada vez mais "desligado da realidade” durante e depois de sua derrota eleitoral
Conselhos de um bêbado
Vários de seus próprios assessores lhe haviam indicado na mesma noite da eleição que não podia declarar seu triunfo. A deputada republicana Liz Cheney, vice-presidenta do comitê, resumiu que nessa noite da eleição “Trump rechaçou o conselho dos especialistas de sua campanha (…) e em seu lugar seguiu o curso recomendado por um Rudy Giuliani aparentemente bêbado”.
Assim foi que, na noite em questão, Trump declarou ao público que “esta é uma fraude sobre o público estadunidense. É uma vergonha para nosso país (…) ganhamos esta eleição”.
A “grande mentira” continuou crescendo nos dias depois da eleição, nutrida por inventos de novas evidências sobre a suposta fraude – incluindo desde o transferência de votos falsos em uma maleta inexistente, na Geórgia, até a famosa acusação de que as máquinas de votação Dominion, empresa supostamente vinculada com “comunistas venezuelanos” incluindo Hugo Chávez (que havia falecido sete anos antes dessa eleição), haviam sido programadas para trocar votos de Trump por votos no seu opositor Joe Biden, entre outras.
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O comitê também revelou que a campanha eleitoral de Trump, depois da contenda, conseguiu arrecadar 250 milhões de dólares para um “fundo oficial de defesa da eleição” que nunca existiu, e os fundos foram canalizados para os hotéis de Trump e ao seu comitê de ação política, Save America PAC. Isto foi “uma estafa” a seus próprios simpatizantes, afirmou a deputada Zoe Lofgren, uma das integrantes do comitê de investigação.
Entre outras testemunhas presenciais estava um dos advogados eleitorais republicanos de maior prestígio, Benjamin Ginsberg, que foi parte da equipe legal de George W. Bush, ganhou a disputa legal sobre a eleição de 2000 contra Al Gore e que, no último dia 13/06, declarou ao comitê que as acusações pós-eleitorais de Trump careciam de todo sustento legal.
Al Schmidt, um comissionado de eleição republicano que continuou exercendo seu dever contando votos na Pensilvânia contra os desejos de Trump, apresentou-se diante do comitê, onde recordou que depois que o então presidente tuitar que esse funcionário era um republicano desleal e que estava ajudando os “meios falsos” ao recusar declarar a fraude, recebeu ameaças de violência não apenas contra ele, mas contra sua esposa e seus filhos.
Esta segunda audiência é parte de uma série de um total de seis programadas pelo comitê seleto para apresentar as conclusões de sua investigação realizada ao longo de quase um ano, na qual entrevistou mais de mil testemunhas e avaliou centenas de milhares de documentos e material audiovisual.
David Brooks é correspondente do La Jornada em Nova York.
Tradução de Beatriz Cannabrava.
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