Apesar do confinamento obrigatório a que estão sujeitos desde dia 15, muitos habitantes da comuna de El Bosque, localizada na zona Sul da área metropolitana da capital chilena, vieram para as ruas protestar, esta segunda-feira (18), contra a pobreza e a falta de alimentos e de ajudas das autoridades que lhes permitam fazer frente à quarentena.
Frente à sede do Município, os habitantes declaram à comunicação social que muitos ficaram sem emprego e que outros não podem trabalhar por causa da quarentena decretada, refere a Prensa Latina. Alguns precisaram, no entanto, que o seu protesto não se dirigia contra a quarentena mas, sim, contra a fome e as péssimas condições de vida, que se agravaram com as restrições sanitárias e o distanciamento social.
Outros indicaram que não receberam qualquer dos apoios ou subsídios anunciados pelo governo do Chile nas últimas semanas para as camadas mais desfavorecidas; os mais velhos sublinhavam que as pensões que recebem “não dão para nada”, revela a mesma fonte.
No decorrer dos protestos, registaram-se fortes confrontos com os Carabineiros que foram enviados para o local para dispersar os manifestantes, recorrendo a canhões de águas e a gás lacrimogêneo. Os manifestantes, que cortaram o trânsito em várias ruas erguendo e incendiando barricadas, responderam-lhes arremessando pedras e outros objetos.
República.cl
Centenas de pessoas protestaram contra a pobreza, a fome e a falta de ajudas em tempo de quarentena, na comuna de El Bosque
Ajuda não chega
Estes protestos ocorrem poucas horas depois de o presidente chileno, Sebastián Piñera, ter anunciado várias medidas para fazer frente à pandemia de Covid-19, incluindo a distribuição de 2,5 milhões de cabazes de alimentos às famílias mais pobres do país austral.
No entanto, os participantes nos protestos referiram que estão a passar fome e necessidades, sublinhando que as ajudas do governo demoram muito a ser entregues ou simplesmente não chegam aos destinatários.
A medida foi também criticada por antigos ministros, economistas e académicos, que a classificaram como um “paliativo menor” e sublinharam a necessidade de o governo chileno criar um apoio mínimo, durante a quarentena, que “dê tranquilidade às famílias para fazer frente a estes tempos de pandemia”.
O presidente da autarquia de El Bosque, Sadi Melo, criticou o governo por ter reduzido as verbas destinadas aos municípios, no momento em que mais falta fazem para ajudar os que precisam, informa a Prensa Latina.
Disse ainda que, só na comuna de El Bosque, vivem mais de 20 mil pessoas, que praticamente ficaram sem recursos para subsistir sem ir trabalhar, uma situação que é “muito complexa e grave”.
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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