O juiz Juan Carlos Peinado convocou a depor na qualidade de “testemunha” o presidente do governo espanhol, o socialista Pedro Sánchez, no âmbito do processo judicial aberto contra sua esposa, Begoña Gómez, pelos supostos crimes de corrupção nos negócios e tráfico de influências.
Dada sua condição e cargo, o juiz de instrução número 41 de Madri se moverá à residência oficial de La Moncloa, onde vive o mandatário espanhol, para tomar seu depoimento, desde que o próprio Sánchez decida aceitar seu comparecimento judicial e responder às perguntas do juiz.
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“Considera-se conveniente, útil e pertinente receber o depoimento do esposo da investigada”, afirmou em uma decisão o juiz Peinado que, desta maneira, admitiu a petição realizada pela acusação particular do sindicato ultradireitista Manos Limpias.
Mais de 20 milhões de euros em supostas fraudes
O caso contra Begoña Gómez, que na última sexta-feira (19) se reservou o direito de não prestar depoimento, pretende investigar suas atividades privadas em torno à criação de um mestrado em aquisição de fundos públicos através da Universidade Complutense de Madri e para a qual, supostamente, teria utilizado bens públicos, além de favorecer aos seus sócios, sobretudo a Juan Carlos Barrabés, com o fornecimento de contratos de mais de 20 milhões de euros (o equivalente a R$ 122,6 milhões de reais) com a administração pública.
No processo judicial também estão envolvidos o reitor da Universidade Complutense, Joaquín Goyache, por outorgar uma cátedra a Gómez sem cumprir os requisitos da instituição e por utilizar um programa informático criado ad hoc por duas multinacionais e uma paraestatal que – supostamente – foi registrado pela própria Gómez em seu nome.
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Pressão da extrema-direita contra Sánchez
O governo espanhol acusou o juiz de levar a cabo um “processo injusto e sem garantias” contra a esposa de Pedro Sánchez, o qual, se comparecer, se converterá no quarto presidente na história da Espanha a comparecer como testemunha em um processo judicial, neste caso, por corrupção. O Partido Popular exigiu a “demissão” de Sánchez, e o Vox, que se somou às acusações contra Gomez, advertiu: “Não descansaremos até desalojar o clã corrupto que ocupa o La Moncloa, e que paguem ante um tribunal”.
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