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Costa Rica tem eleição municipal turbulenta, mas diminui abstenção e dobra liderança feminina

Pleito introduziu novidades como paridade de gênero, proibição de reeleição indefinida e impossibilidade de votar no exterior
Redação Prensa Latina
Prensa Latina
San José

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Neste domingo (4), 3.570.807 costa-riquenhos foram chamados às urnas para selecionar líderes locais, incluindo gestores municipais, vereadores e fiscais eleitorais para o período 2024-2028.

Este foi o sexto pleito municipal realizado independentemente das eleições nacionais, desde que a regra foi aplicada em 2002, e o terceiro convocado na metade do mandato presidencial.

A eleição introduziu várias novidades, como a paridade de gênero, a proibição de reeleição indefinida e a impossibilidade de votar no exterior.

A votação selecionou 6.212 cargos locais em 84 províncias, por meio de um total de 6.469 juntas eleitorais em todo o território nacional.

 

Abstenção

O Tribunal Supremo Eleitoral da Costa Rica (TSE) divulgou, ainda no domingo, os resultados preliminares das eleições municipais, nos quais se destacou a taxa de abstenção de 67,2%.

Embora estas estatísticas tenham aumentado em comparação com as eleições de 2020, que atingiram 63,7%, em 2002 a assiduidade foi de 77,2%, segundo os dados do TSE.

 

Liderança feminina recorde

Um terço das prefeituras serão lideradas por mulheres, destacam os analistas.

Uma das novidades da votação deste domingo foi a introdução da paridade horizontal de gênero como norma, definindo que os candidatos dos partidos tinham de equilibrar a presença de homens e mulheres nas folhas de pagamento.

Segundo estatísticas publicadas no site digital CRHoy.com, da Associação Nacional de Prefeitos e Municípios (ANAI), as províncias onde mais mulheres foram eleitas foram San José e Alajuela, com cinco cada.

Já as províncias costeiras de Puntarenas e Limón não conseguiram sequer duas prefeitas para cada um desses territórios.

O diretor-executivo da ANAI, Jonathan Espinoza, destacou que o número alcançado em 2024 quase duplicou o obtido em 2016, quando nessa ocasião foram eleitas 12 prefeitas.

Para a cientista política Fanny Ramírez, as mulheres sempre desempenharam um papel transcendental na política local, e uma democracia consolidada requer a participação das mulheres em cargos de decisão.

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Pleito introduziu novidades como paridade de gênero, proibição de reeleição indefinida e impossibilidade de votar no exterior

Foto: Reprodução
"Nunca antes fomos objeto de uma ofensiva digital tão agressiva de desinformação", afirma a juíza do TSE, Eugenia Zamora

Em sua avaliação, existem muitas barreiras estruturais que não podem ser resolvidas com cotas, mas é responsabilidade dos partidos políticos e do sistema em geral que prevalece no país promover a formação de quem opta por cargos eleitos pelo povo, analisou.

Quer sejam homens ou mulheres, o mais importante é que tenham capacidade técnica e política para governar e, sobretudo, que o mérito e a excelência sejam as cartas de apresentação nas suas candidaturas, aponta Ramírez. Por outro lado, sem mulheres e também sem cidadãos que exerçam o seu direito de voto não há democracia, acrescenta.

A especialista concordou com outras análises sobre o desinteresse em comparecer às eleições municipais. É alarmante, o que o classifica como um alerta vermelho sobre a saúde da democracia num momento em que é necessário e urgente reforçar o contrato social, bem como unir esforços para superar os desafios que a sociedade enfrenta na segurança, na educação e na saúde.

“É fundamental que haja uma maior educação política dos cidadãos para que saibam realmente quais são as capacidades, as capacidades dos governos locais, e porque é tão importante votar nas eleições autárquicas”, explica.

O cumprimento deste postulado de paridade horizontal de gênero fez com que o Partido Here Costa Rica Rules (ACRM), relacionado ao presidente Rodrigo Chaves, ficasse de fora da disputa e participasse apenas para eleger vereadores.


Eleições complexas

Em sessão solene do TSE, a juíza presidenta Eugenia Zamora destacou que “a Costa Rica votou mais uma vez em paz e liberdade, como faz há 75 anos”.

“Foi um dia intenso, num processo desafiador”, sublinhou, destacando que que eleições autárquicas anteriores foram complexas, mas ainda mais pelas características que apresentou. A turbulência política agravou-se nos municípios, frisou.

Segundo denunciado por Zamora, as últimas semanas foram marcadas por muitos ataques, repletos de calúnias e discursos de ódio, em relação ao seu trabalho no processo eleitoral.

As decisões de deixar de fora os partidos Aqui Costa Manda e Pueblo Soberano, por não cumprirem o que determina o Código Eleitoral, geraram polêmica entre os seguidores do presidente Rodrigo Chaves.

“Nunca antes em uma eleição, como aconteceu nas últimas semanas, fomos objeto de uma ofensiva digital tão agressiva de desinformação, repleta de calúnias e discursos de ódio dirigidos contra os juízes deste Tribunal”, afirmou Zamora.

Redação | Prensa Latina
Tradução e edição: Guilherme Ribeiro


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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