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Cracolândia: vício não se combate com repressão

Revista Diálogos do Sul

Tradução:

Fico preocupado com o ser humano quando ouço coisas do tipo “Bêbado e Drogado não prestam. São todos bandidos. Deviam ser presos”, etc, etc, entre outras bobagens.

Roberto Casseb*

JestãoConheço alcoólatras, usuários de drogas, já fui a reuniões dos Alcoólicos Anônimos, visitei centros de recuperação de usuários de drogas, ouvi histórias tristes e a luta dessas pessoas para saírem desse buraco negro.

O fato é que o vício é uma doença, e precisa ser tratada como tal. No campo médico o trabalho de psicólogos, psiquiatras, terapeutas e profissionais da área oferecem várias alternativas de tratamento.

Umas com mais sucessos do que outras, mas todas baseadas na vontade do paciente em querer se curar. É o tipo de problema que não dá para resolver na base da força.

Alguns cientistas e estudiosos do sistema neurológico já conseguem desenvolver tratamentos com eficácia melhor do que os tratamentos tradicionais. A reprogramação Neurodimensional, que usa a hipnose terapêutica como ferramenta, é uma das possibilidades colocadas hoje para ajudar o doente a se cuidar.

cracolandia1No campo da Doutrina Espírita, alguns estudos apontam a existência de obsessores que se aproveitam da fragilidade do viciado para a induzi-lo a consumir mais bebida ou droga. Deixando o preconceito de lado, esses estudos e experiências práticas conseguem resultados significativos, sempre lembrando que o paciente precisa querer se cuidar.

Evidente que o tráfico de drogas incentiva o consumo. Pontos de vendas como na Cracolândia, que virou campo de batalha recentemente, são espaços de atuação desses oportunistas da fraqueza espiritual dessa massa de pessoas. Entretanto, o estado não pode cometer o erro de achar que acabando com o local de consumo se acaba com o tráfico e os viciados.

O trabalho que precisa ser feito com essas pessoas que estão vulneráveis, doentes da mente e do físico, cuja única perspectiva é tomar outro gole ou usar uma droga, é a de reintegrá-los ao convívio social através de uma ação que envolva o tratamento do físico, da mente e do espírito. Não adianta cuidar apenas de um ou dois itens. Os três precisam ter atenção igual e cuidados iguais para darem resultado. Não é tarefa fácil e os desafios são enormes.

Essa luta não é somente de uma prefeitura ou de um governo. Todos os órgãos públicos e a sociedade civil, precisam ter uma força tarefa que estude o problema com muita profundidade. Não que isso não esteja sendo feito, mas ainda falta um componente importante nesse trabalho que é o entendimento do sistema neurológico do dependente e sua energia astral. Simples, mas de difícil compreensão.

Ainda estamos prisioneiros de dogmas e preconceitos que limitam a capacidade de entendimento do problema. É necessária uma ação ampla que efetivamente ajude a acabar com esse mal que atormenta o doente e todos os entes queridos.

O vício deve ser tratado como prioridade zero. Entender sua origem e raiz será o primeiro passo para uma cura. É caso de saúde pública e toda a sociedade precisa estar unida nessa guerra.

 

*Jornalista editor do Jornal do Cambuci & Aclimação, colabora com Diálogos do Sul


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

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