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Crise na maior onda de desemprego dos EUA afeta cruelmente minorias e menores de idade

O fundo de emergência para assistência federal para pequenos negócios de 349 bilhões de dólares esgotou-se no último dia 16
David Brooks
Prensa Latina
Nova York

Tradução:

Nunca se havia visto uma onda de desemprego desta magnitude em tão pouco tempo na história deste país: 22 milhões de novos desempregados em apenas quatro semanas; agora são mais de um de cada 10 trabalhadores sem emprego nos Estados Unidos.

As novas cifras semanais de solicitações de benefícios de desemprego reportadas nas últimas semanas chegaram a 5,2 milhões informou na última quarta-feira (16) o Departamento de Trabalho; junto com as três semanas anteriores, ascende ao total 22,2 milhões desde 14 de março quando se estabeleceram as primeiras medidas de quarentena parcial de nível nacional. Assim, se apagam quase todos os empregos gerados na última década.

Estas cifras não incluem aqueles que ficaram sem emprego mas não têm direito aos benefícios de desemprego; estavam em setores da economia informal ou são imigrantes indocumentados, e portanto o total real de desempregados pelo coronavírus e a resposta para controlá-lo – as medidas de quarentenas parciais incluindo o fechamento de comércios e serviços considerados não essenciais – são ainda mais altas. 

As novas cifras também mostram que quase nenhuma área da economia ficou isenta do desastre com a primeira onda há um mês centrada nos setores de restaurantes, hotéis, aviação, agora estendendo-se a lojas de departamento, setores industriais e da cadeia alimentícia e até os meios de comunicação e escritórios de advocacia. 

O impacto econômico desta crise também se manifesta em outros dados oficiais divulgados esta semana, entre eles a baixa mensal mais severa em vendas no varejo jamais registrada desde que o Departamento de Comércio começou a medir este indicador há quase três décadas, de 8,7%.

O fundo de emergência para assistência federal para pequenos negócios de 349 bilhões de dólares esgotou-se no último dia 16

Pixabay
Assim, se apagam quase todos os empregos gerados na última década.

Enquanto isso, o fundo de emergência para assistência federal para pequenos negócios de 349 bilhões de dólares – uma medida implementada há duas semanas como parte do mega projeto de resgate econômico para limitar o desemprego – esgotou-se no último dia 16, depois que mais de um milhão de empresas foram aprovadas para receber esses empréstimos.

A Reserva Federal informou que a produção industrial do país sofreu sua maior baixa desde 1946, de 5,4%.

Economistas estão especulando agora se isto já chegou ao seu pior ponto e se continuará a hemorragia econômica; alguns calculam que a taxa de desemprego poderia chegar a 15 ou 17% este mês – de 4,4% em março – ou ainda muito mais; tem quem não descarte que chegaria a 20 ou até 30%, até pior que na Grande Depressão, essa crise de 90 anos atrás. E ainda mais, analistas dizem que embora alguns empregos sejam resgatados ao ser reaberta parcialmente a economia, tardará anos para que o emprego recupere os níveis de antes desta crise. 

A Bolsa de Valores transformou-se em uma montanha russa, entre otimismo e alarme com notícias a cada dia junto com a especulação que se alimenta da incerteza. 

Mas para aqueles que a Bolsa de Valores é insignificante, já que vivem de quinzena a quinzena sem economias – 40% dos adultos não tem recursos para cobrir um gasto imprevisto de 400 dólares – a crise inclui decisões ainda mais graves por necessidades básicas, de ter que optar entre remédios e alimentos  em alguns casos, à preocupação de se o dinheiro alcançará para pagar um teto. As entidades dedicadas a dar de comer ou oferecer abrigo aos mais necessitados continuam informando que nunca estiveram tão ocupadas.  

Segundo alguns pesquisadores a crise poderia disparar a pobreza a níveis superiores à chamada Grande Recessão de 13 anos atrás (para os millennials esta é já a segunda maior crise econômica em suas vidas) e poderia atingir um nível recorde no último meio século afetando mais severamente as minorias e sobretudo os menores de idade, reportou o New York Times.

Antes desta crise, economistas e outros analistas – incluindo figuras destacadas como Joseph Stiglitz, Paul Krugman e Robert Reich- já haviam advertido de uma sociedade marcada por um grau de desigualdade econômica não visto antes da Segunda Guerra Mundial, e um crescente setor vivendo precariamente com uma rede de bem-estar cada vez mais reduzida.  

Os impactos desta crise no país, como é o caso, afetam mais as pessoas que têm menos de idade e as mais vulneráveis no país mais rico do mundo.

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

David Brooks Correspondente do La Jornada nos EUA desde 1992, é autor de vários trabalhos acadêmicos e em 1988 fundou o Programa Diálogos México-EUA, que promoveu um intercâmbio bilateral entre setores sociais nacionais desses países sobre integração econômica. Foi também pesquisador sênior e membro fundador do Centro Latino-americano de Estudos Estratégicos (CLEE), na Cidade do México.

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