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Cuba e China elevam vínculos bilaterais a novos patamares

Revista Diálogos do Sul

Tradução:

Jorge Hernández Álvarez*

Raúl Castro outorgou a Xi Jinping a Ordem Nacional José Martí
Raúl Castro outorgou a Xi Jinping a Ordem Nacional José Martí

A visita a Cuba do presidente chinês, Xi Jinping, marca uma nova etapa no aprofundamento das relações bilaterais, expressa no fortalecimento dos tradicionais laços de amizade e de cooperação em diversas áreas.

Apenas recém chegado ao aeroporto internacional José Martí, Xi deixou bem claro que o objeto de sua visita era fazer um balanço global das expêriencias do desenvolvimento dos vínculos entre ambos países, assim como planejar seu futuro a longo prazo.
Tenho a convicção de que, somando esforços, esta visita cumprirá sua função de fomentar a amizade, aprofundar a confiança mútua, ampliar a cooperação e impulsionar o desenvolvimento, abrindo uma nova etapa na cooperação amistosa de benefício mútuo, afirmou, em uma declaração escrita.
Tais palavras foram materializadas quando, ao realizar reuniões oficiais com o Presidente Raúl Castro, ficou claro o excelente estado desses vínculos, expressão dos laços de fraternidade que unem os povos e governos de China e Cuba.
No encontro fraterno, os dois líderes ressaltaram a vontade de continuar desenvolvendo de forma plena e integral as relações entre os dois países, com ênfase na implementação da Agenda Econômica Bilateral. Também abordaram temas do acontecer internacional.
Depois deste encontro Raúl Castro outorgou a Xi Jinping a Ordem Nacional José Martí, máxima condecoração da República de Cuba, em um gesto foi apreciado pelo visitante, que manifestou sua gratidão por tal distinção, aproveitando a oportunidade para expressar a vontade de seu país de continuar aprofundando os vínculos.
Sendo tanto China como Cuba países socialistas, estamos unidos estreitamente pelas mesmas missões, ideais e metas de luta, disse Xi ao reconhecer, além disso, que os dois países passam por uma etapa transcendental para seu desenvolvimento. Ambos países nos encontramos diante de missões históricas, grandiosas e árduas, acrescentou.
O lado chinês está pleno de confiança quanto ao futuro desenvolvimento dos vínculos com a ilha caribenha, e seremos para sempre bons amigos, companheiros e irmãos de Cuba; trabalharemos juntos para elevar as relações bilaterais a novos patamares, afirmou o Chefe de Estado asiático.
Exemplo disso pôde ser observado na sequência, com a assinatura de 29 acordos, que abrangeram os mais diversos setores.
Entre os pontos mais importantes ratificados constam convênios referentes ao incremento da cooperação em frentes como o ciberespaço, o âmbito cultural, educativo, a saúde, a biotecnologia, energias renováveis e economia de energia e a implantação e desenvolvimento da televisão digital com norma chinesa em Cuba.
Da mesma forma, foi oficializado o fornecimento de uma linha de crédito concesional para a execução do projeto de construção de um terminal multiuso no Porto de Santiago de Cuba, assim como uma doação e um crédito governamental sem juros para a execução de projetos ou fornecimento de materiais e equipamentos.
As partes ratificaram ainda o adiamento por 10 anos do início do pagamento do crédito governamental sem juros dado no contexto do Convênio de Cooperação Econômica e Técnica e assinado em 24 de dezembro de 2003.
Foram assinados acordos relativos à execução do projeto de construção de linhas de engarrafamento asséptico, o fornecimento de equipamentos de medição de água para as redes de aqueduto das capitais provinciais de Cuba e a doação de equipamentos de escritório e de transporte, assim como de equipamentos de monitoramento ambiental.
Outros convênios assinados destinam-se a impulsionar o desenvolvimento da pecuária, o intercâmbio bilateral nos setores de telecomunicações e informática, a cooperação bilateral no setor industrial, em particular na industria de máquinas, metalúrgica, leve, química e eletrônica.
Concordou-se também em fortalecer a cooperação sobre a regulamentação e normas de qualidade e segurança do fumo e do açúcar cru cubanos exportados para a China. Foram assinados dois contratos para fornecimento à empresa chinesa MINMETALS de sínter e sulfuro de níquel por um período de cinco anos.
Igualmente, foram referendados convênios destinados à participação da Corporação Nacional de Petróleo da China na recuperação de crudo na jazida Seboruco e para o Projeto de Serviços do Equipamento ZJ90D destinado a perfurar poços de até 9.000 metros de profundidade.
Também no contexto da visita de Xi, foi inaugurada no Centro de Imunoensaio uma fábrica de biossensores, com tecnologia chinesa, para determinação de glicose no sangue, de suma utilidade no controle da diabetes.
Por outra parte, o dignatário chinês manteve um fraternal encontro com o líder histórico da Revolución cubana, Fidel Castro, durante o qual ambos refletiram sobre a situação internacional e os enormes perigos e desafios que enfrenta a humanidade.
Comentaram também a declaração assinada na recente Cúpula do grupo Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) celebrada em Fortaleza, Brasil, assim como a importância da viagem do mandatário chinês pela América Latina.
No diálogo avaliaram ainda a ampla e crescente cooperação entre Cuba e China e os resultados de experiências e pesquisas para incrementar a produção de alimentos, entre outros assuntos.

Última parada: Santiago de Cuba 

 dignatário chinês manteve um fraternal encontro com o líder histórico da Revolución cubana, Fidel Castro
O dignatário chinês manteve um fraternal encontro com o líder histórico da Revolución cubana, Fidel Castro

Depois de cumprir uma intensa agenda em sua frutífera viagem pela Almérica Latina, Xi Jinping concluiu sua permanência na ilha com um percurso pela cidade de Santiago de Cuba, em companhia de seu homólogo cubano, Raúl Castro.
O périplo pela chamada Cidade Heróica começou justamente pelo cemitério de Santa Efigênia, onde os dois governantes prestaram homenagem ao Herói Nacional cubano, José Martí, no mausoléu que guarda seus restos.
Igualmente, Raúl Castro mostrou ao dignatário asiático os panteões dedicados aos mártires do 26 de julho e aos caídos nas lutas internacionalistas.
Os dois presidentes percorreram também o museu no Quartel Moncada, outrora segunda fortaleza militar do país, atacada em 26 de julho de 1953 por Fidel Castro e jovens revolucionários, entre os quais o próprio Raúl Castro, para iniciar a etapa definitiva das lutas cubanas pela liberdade.
Visitaram ainda a sede do governo municipal, antiga prefeitura, de cujos terraços o chefe do Movimento 26 de julho e do Exército Rebelde, Fidel Castro, proclamou ao mundo o triunfo revolucionário, em 1º de janeiro de 1959.
Finalmente, escoltados pelo povo, os dois dignatários percorreram o Parque Céspedes, na região central. Depois da emotiva jornada vivida em Santiago de Cuba, Raúl Castro despediu-se de Xi Jinping, no aeroporto internacional Antonio Maceo.
No momento de sua partida, o dirigente chinês agradeceu em uma mensagem a hospitalidade recebida e prestou contas do êxito de sua visita a nosso país.
“Resolvemos de comum acordo unir esforços para abrir uma nova etapa de cooperação amistosa de benefício mútuo entre China e Cuba, visando desenvolver mais os vínculos binacionais a partir do novo ponto de partida histórico”, disse. “Tal cooperação trará resultados ainda mais frutíferos”, acrescentou.
*Prensa Latina, de Havana para Diálogos do Sul – Tradução de Ana Corbisier
 


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

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