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Escritora guatemalteca Ilka Oliva Corado é homenageada em sua cidade natal

Em agradecimento, escritora enfatizou a honra que recebe com alegria, porque é de seu lugar de origem que aprofunda sua raiz e sua identidade
Ilka Oliva Corado
Diálogos do Sul Global
Território dos EUA

Tradução:

A escritora guatemalteca Ilka Oliva Corado foi reconhecida no dia 6 de novembro, na Feira Pecuária de Jutiapa. Sua trajetória, produção e qualidade literária foram tomadas em conta para reconhecê-la.

Joel Contreras, enlace da Casa da Cultura de Jutiapa, propôs a Oliva Corado e explicou que antes da inauguração da Feira houve uma convocatória para os Jogos Florais e foram propostos nomes de poetas a quem podiam ser dedicados os Jogos.

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“Mais ou menos 15 nomes foram propostos no concurso. Eu tive a honra de propor a Ilka, que eu havia lido. As propostas passaram primeiro pela Casa da Cultura, depois pelo Conselho Municipal que formou um júri qualificador que decidiu que Ilka era a mais apropriada por todo o seu currículo”, indicou Contreras.

De acordo com ele, no dia 6 de novembro foi entregue um reconhecimento a Rodolfo González, que em representação de Ilka, que reside nos Estados Unidos, recebeu um diploma elaborado em couro em Santa Catarina Mita, em Jutiapa.

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Ilka Oliva Corado foi reconhecida em sua natal Jutiapa e embora não podendo comparecer expressou sua satisfação pelo reconhecimento. Disse que é uma honra que recebe com alegria, porque é de seu lugar de origem que aprofunda sua raiz e sua identidade.

Em agradecimento, escritora enfatizou a honra que recebe com alegria, porque é de seu lugar de origem que aprofunda sua raiz e sua identidade

Acervo pessoal
A escritora guatemalteca Ilka Oliva Corado

Jutiapa sempre esteve em cada uma de minhas letras

“É uma honra para mim que a minha terra me reconheça com semelhante honra, eu o sinto como uma coberta desde as entranhas da flor chanté, la flor de pito, da flor de chipilín, do feijão chilipuca, do jocote rojo de fevereiro e das folhas tenras do jocote de corona. Como uma saudação das semitas, do marquezotti e do café de milho”.

Ilka Oliva Corado explicou que no marco da Feira Pecuária de Jutiapa são realizadas várias atividades e entre estas estás o certame literário dos Jogos Florais que é um concurso de poesia e verso, no qual há prêmios para o primeiro, segundo e terceiro lugares no dia em que começa a feira, e a cada ano é dedicado a uma figura literária do departamento que se tenha destacado.

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“Há alguns meses se comunicou comigo Joel Contreras que é membro da Casa da Cultura de Jutiapa para dizer que pensava me propor e que se eu estava de acordo. Disse que sim e ele me informou que o Comitê organizador da Feira é que ia escolher. Há algumas semana voltou a se comunicar comigo para dar a boa notícia de que haviam votado para que o evento deste ano fosse dedicado à minha pessoa em reconhecimento ao meu trabalho literário.

Respondendo à repórter Mariela Castañon, de La Hora, Ilka disse que se sentia sumamente honrada por ter sido distinguida por sua terra com a mais alta honra que pode ter um poeta ou escritor e lamentou não estar lá pessoalmente. “É uma alegria imensa receber esse reconhecimento. Jutiapa sempre esteve em mim, em meu dia a dia e está imersa em cada uma das minhas letras. Esse reconhecimento aprofunda minha raiz e minha identidade. Quem me lê sabe imediatamente que sou de Jutiapa. Para mim, é importante, é como regar todos os dias a semente da identidade. Mas também reconhecer e honrar meus ancestrais camponeses”.

Falando sobre sua dedicação às letras, Ilka afirmou: “Leio pouco porque me interessa mais viver, prefiro tocar uma folha a ler sua descrição em um livro. Prefiro ver a neblina a ler sua descrição em um conto. E nada se compara a chuva caindo… Prefiro viver que ler, e se tiver que escolher entre ler e plantar, prefiro plantar. Escolheria uma terra para semear em lugar de uma biblioteca com dez mil livros. Ler é importante para mim, mas é mais importante viver porque a vida ensina mais que um livro. Ler é uma boa distração, assim como pintar ou qualquer outra arte. Pintar me relaxa e me permite viajar; quando pinto minha mente viaja longe de meu corpo e entro em um estado de felicidade inexplicável”.

“Com isto quero dizer que nenhuma folha de erva cidreira cheira melhor que nas próprias mãos. Nada é mais lindo que escutar o canto dos grilos, ver a luz dos pirilampos, escutar o bater de asas de um passarinho… nenhuma textura é mais formosa que a das pétalas das flores. Não devemos perder nada disso por estar imersa em um livro imaginando as ruas de outros bairros, em outros continentes e em outros tempos. Então eu leio no meu tempo livre, pinto quando quero, mas não, é algo rotineiro, porque prefiro ver como se movem as folhas com a naturalidade do vento”.

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Ilka também confessa que o esporte, o futebol é o seu primeiro amor. “Sempre pratiquei atividade física desde criança e o futebol me salvou de terminar cheirando cola ou consumindo drogas para escapar da minha realidade. O futebol chegou na minha vida justamente quando mais necessitava aferrar-me a algo para poder resistir e dizer não a todo o resto. Sinto um profundo respeito aos esportes e à atividade física que continuo praticando como um agradecimento”.

“Gostaria de deixar claro que como parte de uma vida integral o ser humano necessita ter o direito de poder incursionar nas artes. Formação Musical e Educação Física deveriam ser dadas todos os dias pelo menos em dois períodos diários. A infância e a juventude do país necessitam de parques e áreas recreativas onde possam desenvolver suas atividades e sua psicomotricidade, mas também onde possam compartilhar com outras crianças e jovens no processo natural de integração na sociedade. Necessitam ter o direito a decidir e para isso precisam ter opções. Uma criança escrevendo, pintando, praticando esportes está longe das drogas, da violência e está alimentando sua alma cultivando um amor que o abraçará por toda a vida. E uma criança necessita também o contato direto com a natureza e a terra para que valorize o trabalho dos camponeses, daqueles que cultivam as frutas e verduras que chegam à sua mesa. Para mim um camponês anônimo está em um nível mais elevado que qualquer escritor, poeta, pintor ou artista por mais reconhecido que seja, porque no camponês que cultiva a terra se conjugam todas as artes”. 

 

Fonte: https://lahoravozdelmigrante.com/reconocen-a-escritora-ilka-oliva-corado-en-jutiapa/— 

*Tradução: Beatriz Cannabrava

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul Global.

Ilka Oliva Corado Nasceu em Comapa, Jutiapa, Guatemala. É imigrante indocumentada em Chicago com mestrado em discriminação e racismo, é escritora e poetisa

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