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Semana de Arte Moderna de 22 completa 100 anos

Evento foi um marco cultural de liberdade, expressão e reconhecimento de uma identidade nacional; neste ano, teremos uma nova semana da arte
Danilo Nunes
Diálogos do Sul
São Paulo (SP)

Tradução:

Em fevereiro de 1922, mais precisamente na semana do dia 13 até dia 18, artistas, pensadores e intelectuais das mais diferentes formações balançaram as estruturas do Brasil fazendo ecoar do Teatro Municipal de São Paulo para os quatro cantos do país o grito de liberdade, expressão, conhecimento e reconhecimento de uma identidade nacional. Começava, então, a Semana de Arte Moderna.

Literatura, dança, música e as mais diversas formas de expressão fizeram daquele evento um marco cultural que seria referência para tantas e tantas gerações até os dias atuais. Nomes como Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Heitor Villa Lobos, entre outros(as), inspirados(as) nas vanguardas europeias e rompendo com o academicismo, trouxeram para o palco do Teatro Municipal de São Paulo o encontro e vigor de uma cultura (autenticamente) brasileira e a esperança de um novo amanhã. Nascia o Movimento Modernista do Brasil. A antropofagia cultural, como defendia Oswald de Andrade em seu Manifesto Antropofágico onde questionava: Tupi or not Tupi? That ‘s the question, era a expressão mascarada de todos os coletivismos, individualismos e tratados de paz aos quais se referia o autor ao dizer que só a antropofagia nos une. A aceitação do que vem de fora, de dentro, a mistura e a (re)significação e (re)criação do novo com o nosso jeito é o que tem mais de Brasil e de seu povo.

Evento foi um marco cultural de liberdade, expressão e reconhecimento de uma identidade nacional; neste ano, teremos uma nova semana da arte

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A Semana de Arte Moderna, também chamada de Semana de 22, ocorreu em São Paulo, entre os dias 13 e 17 de fevereiro de 1922

Assim, a Semana de Arte Moderna naquele ano onde o Brasil comemorava o centenário de sua independência proclamada por um rei estrangeiro, mas que ainda mantinha as mesmas prisões e dependências, fez do acontecimento muito mais do que um grande sarau e uma nova tendência e estética, mas trazia em sua alma a busca por um novo Brasil e a refundação de sua República.

O tempo passou e aquela chama acendeu movimentos que marcaram novas épocas e conceitos, sempre em busca da nossa identidade. De um passado que tentam apagar por meio da massificação cultural, um presente que tentam calar por meios de ditadura e repressão e um futuro que tentam roubar através da desigualdade social e concentração de poder nas mãos de uma minoria que age a serviço de um sistema fadado ao fracasso.

Os gritos e ações de rebeldia e contestação, tendo a arte como ferramenta de transformação, fizeram-se presentes nos cem anos que seguiram após a Semana de 22. A Tropicália, a Bossa Nova, o Manguebeat, são alguns dentre tantos outros movimentos e ações que nos fizeram olhar além. 

Cem anos depois da Semana de Arte Moderna e duzentos anos pós independência do Brasil, cá estamos nós vivendo um momento crucial da nossa história. A desigualdade social permanece, o negro continua desfavorecido dentro da sociedade, a mulher sofrendo os mesmos abusos e violências e sendo colocada pelo sistema abaixo do homem. A comunidade LGBTQI+ sendo constantemente atacada pelos “bons cristãos”. O povo sofrendo com desemprego, fome, miséria, cambaleando e se segurando para permanecer de pé. Um presidente eleito pelo bafo quente do fascismo que nunca deixou de soprar na nossa nuca. E uma pandemia que levou muitos(as) brasileiros(as) que, para o sistema, são apenas números e estatísticas.

Ao mesmo, estamos aqui vivendo, existindo e (re)existindo, buscando um mundo melhor, lutando por igualdade social e para construir o país que queremos. 2022 é o ano da transformação, da mudança de pele, da refundação, da regulamentação dos novos contratos de trabalho, do home office, da internet, da nova comunicação, de um novo fazer artístico e uma nova estética. Acima de tudo, 2022 é o ano de (re)encontrarmos nosso caminho, colocando o Brasil nos trilhos e botando o trem do destino para andar novamente. O nosso destino será onde a gente quiser, pois somos nós que pilotamos esse trem. 

E para começar o ano, no dia 13 de fevereiro a partir das 15h00, um grande sarau fará a abertura de uma rede que só tende a crescer. A Rede Brasil 2022 organizada e idealizada pela CNTU (Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados) realizará o Sarau Brasil 2022, que será (re)transmitido por aqui com a participação de diversos artistas, comunicadores(as) e mídias dos diversos estados brasileiros que estarão dando o pontapé inicial para pensarmos, repensarmos e construirmos o Brasil que queremos.

Dia 13 de fevereiro, às 15h00, no canal da CNTU no YouTube.

Danilo Nunes é músico, poeta, ator, historiador e pesquisador de cultura popular brasileira e latinoamericana.
Instagram: @danilonunes013
Facebook: @danilonunesbr


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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