Na noite de segunda-feira (5) quando regressou à Casa Branca, o ainda contagioso Donald Trump, sabendo bem que as câmeras estavam captando cada passo, desceu do seu helicóptero, andou para as escadarias traseiras da residência, subiu ao primeiro andar onde está o pórtico e com efeito dramático premeditado tirou a máscara em frente a todos e deu uma saudação que, em seu mente, foi um grande ato presidencial; o agora super homem havia regressado de enfrentar a pandemia.
Médicos, especialistas em saúde pública e aqueles que perderam mais de 210 mil seres queridos para o vírus e os que continuam sofrendo no país mais contagiado do mundo, com mais de 7,5 milhões, expressaram sua ira diante da mensagem presidencial de “não temam a Covid…não deixam que dirija suas vidas”. Muitos disseram que maioria não conta com o acesso ao serviço de saúde que goza o mandatário.
White House
Trump tuitou que tem a intenção de se apresentar no segundo debate com Biden na próxima semana em Miami.
O opositor democrata de Trump, Joe Biden, declarou em um discurso, em óbvia referência a todo esse teatro, que “o uso das máscaras não é uma declaração política. É uma recomendação científica” e sua campanha e outros democratas declararam que servem não para proteger-se de outros, mas sim para proteger a outros.
Mas para Trump – cujos médicos informaram terça-feira (6) que o presidente está sem sintomas – o objetivo é se apresentar como o conquistador do vírus e com isso, reiterar que a Covid não é o tema importante e que será superada logo, e uma vez mais, que não é nada pior que a influenza – algo que as estatísticas do seu próprio governo comprovam como falso. Até o Facebook censurou essa mensagem de Trump ao qualificá-la como informação enganosa.
Como parte de seu show, Trump tuitou que tem a intenção de se apresentar no segundo debate com Biden na próxima semana em Miami.
Biden, por sua parte, comentou que não deveria ser realizado um debate enquanto o presidente continuasse contagiado.
Embora o presidente busque proclamar vitória, a Covid tem sitiada a sua Casa Branca e outras partes de seu governo. Na terça-feira (6) também foi divulgado que seu assessor estratégico e arquiteto de sua política anti-imigrantes, Stephen Miller (que entre outras coisas é em parte responsável pelo incremento de imigrantes expostos ao vírus em centros de detenção privados) testou positivo somando-se ao crescente elenco de pelo menos 11 integrantes de alto nível da equipe do presidente agora contagiados, incluindo sua esposa, seu chefe de campanha de reeleição, a secretária de imprensa e pelo menos duas assessoras.
E agora a Covid saltou dos níveis mais altos do mando civil ao mando militar do país: o general Mark Milley, chefe do estado maior junto com quase todos os seus integrantes no Pentágono informaram que estarão em quarentena depois de um de seus colegas, um almirante, ter tido resultado positivo.
Em outro assunto, Trump ordenou esta ao seu secretário do Tesouro, Steven Mnuchin que suspendesse conversações com a presidente da câmara baixa, a democrata Nancy Pelosi, sobre um segundo pacote de estímulo econômico até depois da eleição. A decisão aparentemente pegou a vários de seus próprios assessores de surpresa já que avanços nessa negociação estavam sustentando o cauto otimismo nos mercados financeiros, algo que Trump sempre assinala – também enganosamente – como um indicador de seu “grande” manejo econômico.
Pouco antes do anúncio, o presidente da Reserva Federal, Jerome Powell havia declarado que tal assistência era “essencial” para a recuperação econômica do país. Imediatamente depois do anúncio via tuíte presidencial, os valores em Wall Street despencaram.
A 26 dias da eleição, as pesquisas continuam gerando más notícias para o presidente e seu partido, com uma pesquisa nacional da CNN, a mais recente, registrando uma vantagem de 16 pontos para Biden – a mais ampla até a presente data. E ainda mais, vários dos estados que determinarão o resultado final no colégio eleitoral favorecem cada vez mais a Biden, com sua vantagem na Pennsylvania – estado considerado essencial para ambos os candidatos – agora ampliando-se a 7 pontos segundo pesquisa do New York Times, junto com avanços em Wisconsin, Arizona e Florida.
La Jornada, especial para Diálogos do Sul — Direitos reservados.
Tradução: Beatriz Cannabrava
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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