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Informação foi divulgada pelo atual presidente da Comissão da Verdade Vladimir Herzog, vereador Gilberto Natalini durante o pré lançamento do Relatório Final 2012.
Durante entrevista coletiva realizada na manhã de hoje no Gabinete da Presidência da Câmara Municipal de São Paulo, o presidente da edilidade paulistana, vereador José Américo (PT) anunciou o lançamento do livro que apresenta o Relatório Final da Comissão Municipal da Verdade Vladimir Herzog , referente ao período de maio a dezembro de 2012.
O evento será realizado amanhã (21), a partir das 19 horas, no Salão Nobre da Câmara Municipal de São Paulo e contará com as presenças da Deputada Federal e ex-prefeita de São Paulo, Luiza Erundina (PSB) e da coordenadora da Comissão Nacional da Verdade, Rosa Maria Cardoso, entre outras autoridades, personalidades e militantes vinculados à causa dos direitos humanos.
Além de Américo, participaram da coletiva, o ex e o atual presidentes da Comissão, respectivamente vereadores Ítalo Cardoso (PT) e Gilberto Natalini (PV), o vereador Mario Covas Neto (PSDB), o jornalista e ex-presidente do Sindicado dos Jornalistas do Estado de São Paulo, Audálio Dantas, a ex-vereadora Tereza Lajolo e o presidente do Instituto Vladimir Herzog, Ivo Herzog, entre outros.
Após elogiar os resultados até agora verificados, o Presidente da Câmara de São Paulo, José Américo reafirmou seu total apoio à continuidade dos trabalhos que, no seu entendimento, são fundamentais ao resgate da memória e ao esclarecimento de fatos ocorridos durante o período da ditadura. Américo anunciou ainda que o livro do relatório será amplamente distribuído para escolas, bibliotecas e entidades da sociedade civil.
Também os vereadores, Ítalo Cardoso e Gilberto Natalini ressaltaram a importância e qualidade do trabalho desenvolvido pela Comissão e de sua continuidade, já que apesar dos esforços até agora empreendidos, ainda existem muitos fatos que precisam ser apurados, em especial, os relacionados ao Cemitério Municipal de Perús, onde um sem número de militantes foram enterrados como indigentes pelos agentes da ditadura. Cardoso destacou ainda a importância e qualidade do apoio oferecido pela assessoria técnica da Comissão “sem o qual não teríamos obtido resultados tão importantes e significativos”. Já Natalini, resaltou que pretende dar continuidade as pesquisas e investigações, aprofundando a coleta de informações principalmente através de depoimentos. Neste sentido, anunciou a possibilidade de que, dentro em breve, o ex-ministro Antonio Delfim Netto compareça e ofereça seu relato aos membros da Comissão.
Relembrando a importância dos trabalhos desenvolvidos não só pelas atuais Comissões, mas também para os realizados pelos membros da CPI das Ossadas de Perús, ocorrido ainda na década de 1990, a ex-vereadora Tereza Lajolo chamou a atenção dos presentes para a necessidade de total revogação das punições imputadas aos militantes políticos pela Justiça Militar. “É necessário que todas estas punições sejam revistas e anuladas do histórico destas pessoas que apenas lutavam pela democracia. Não é justo que a história e a memória de milhares continue sendo manchada por estórias escritas pela pena dos ditadores e torturadores.” – afirmou.
O Presidente do Instituto Vladimir Herzog, Ivo Herzog também ressaltou o trabalho da Comissão, preferindo focar porém sua fala nas mobilizações e manifestações que estão ocorrendo por todo país. Segundo Ivo, é necessário que a classe política entenda o recado das ruas e ofereça novos rumos ao país, em especial, no que se refere à política partidária. “Quando do movimento das Diretas Já, contávamos com apenas cinco ou seis partidos políticos e com lideranças respeitadas. Hoje, convivemos com mais de trinta agremiações, em sua grande maioria sem qualquer conteúdo ideológico e programático. E isso não contribui para a politização da juventude, que vive um total desencanto com os políticos e não vê perspectivas de mudanças a curto prazo. Assim, precisamos urgentemente mudar esta forma arcaica de governar que ainda existe em nosso país.”
Reconhecido por sua militância e pelo papel histórico que cumpriu no período à frente do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo, o jornalista Audálio Dantas afirmou que “apesar de todos os inegáveis avanços verificados neste últimos 40 anos, nem todas as coisas estão resolvidas, nem todos os fatos foram devidamente apurados e, portanto, a luta continua, já que a nação merece que nós continuemos buscando a verdade, para que a história seja devidamente escrita”. Para Audálio, independente da revogação ou não da Lei da Anistia, trazer a tona a verdade dos fatos, oferece ao menos uma oportunidade “da execração pública dos torturadores, o que por si só, já é uma punição”.
Dantas também chamou a atenção para que, “neste momento em que novamente o país experimenta um período de grandes manifestações e mobilizações populares e diante, dos atos de violência e vandalismo que temos presenciado, fiquemos todos atentos para impedir que forças estranhas aos ideais e princípios democráticos não se apropriem do movimento, sob o risco de novamente enfrentarmos tempos de autoritarismo e obscuridade. É necessário que o movimento tenha foco e objetivos claros. E que mesmo que não hierárquico tenha comando, sob o risco de que o analfabetismo político triunfe e provoque retrocessos democráticos que sabemos todos no que desembocará”. – finalizou.