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Desde o golpe, Bolívia é uma ditadura, como mostrou Sacaba e Senkatav, diz Huallpa

“Toda a ação orquestrada pelos EUA e pela Organização dos Estados Americanos (OEA), que lhe serve acintosamente de instrumento, é para fraudar as eleições"
Leonardo Wexell Severo
Diálogos do Sul Global
São Paulo (SP)

Tradução:

“Com Luis Arce e David Choquehuanca à frente, unidos com o Movimento Ao Socialismo (MAS), a Bolívia está em contagem regressiva para voltar a ser dos bolivianos. Vamos enfrentar o imperialismo e o neocolonialismo e recuperar a democracia, a soberania e a dignidade. Este é o compromisso social da nossa Agenda 2020-2025”, afirmou Evaristo Huallpa, histórica liderança do movimento sindical e popular de Santa Cruz, em entrevista exclusiva.

Apontada como o “quartel general da Resistência” ao golpe de novembro de 2019, “a região de San Julian está mobilizada e de pé para votar em peso no binômio masista para a presidência e à vice-presidência nas eleições de 18 de outubro”, esclareceu Huallpa.

Para o ex-dirigente da Federação Sindical dos Trabalhadores Camponeses (Interculturales) de San Julian (2003-2005) e ex-secretário-geral da Federação Departamental de Santa Cruz (2009-2010), “há uma tomada de consciência generalizada entre a população, pelo próprio agravamento da catástrofe sanitária provocada pela forma desastrosa como o governo enfrentou a Covid-19”.

“A autoproclamada presidente Jeanine Áñez usou a repressão policial e militar e impediu que as pessoas pudessem sair de casa para trabalhar e conseguir comer durante 90 dias em plena pandemia. Se não fossem as organizações sociais, a fome teria sido devastadora, enquanto ministros enriqueciam comprando respiradores superfaturados”, recordou.

Por estas e outras, disse, “é necessário virar urgentemente a página de retrocessos, pois tanto Áñez como Camacho e Mesa representam mais do mesmo: devastação, miséria e dependência”. Com essa gente, protestou, “o único que avança é a queimada e a contaminação ambiental”.

“O fato é que não podemos seguir sendo desgovernados por uma pequena elite, por grupos de poder parasitários que respondem ao interesse de transnacionais. Querem que mandem e desmandem dentro da nossa própria casa, que venham nos impor ordens dos Estados Unidos e de Israel”, denunciou o dirigente masista.

De acordo com Huallpa, “toda a ação orquestrada pelos EUA e pela Organização dos Estados Americanos (OEA), que lhe serve acintosamente de instrumento, é para fraudar as eleições a fim de assegurar privilégios, implementar o neoliberalismo, privatizar e tomar de assalto estatais estratégicas e lucrativas como a Empresa Nacional de Telecomunicações (Entel) e a Boliviana de Aviação (BOA)”.

“Vale lembrar que como somos proprietários da maior parte do lítio descoberto no planeta, e como estamos trabalhando para industrializá-lo, para dar-lhe valor agregado e redistribuir riqueza, querem colocar um fantoche no governo, alguém que possam manipular, lhes dizer amém”, condenou.

“Toda a ação orquestrada pelos EUA e pela Organização dos Estados Americanos (OEA), que lhe serve acintosamente de instrumento, é para fraudar as eleições"

Arquivo
Evaristo Huallpa, liderança do Movimento Ao Socialismo – Instrumento Político pela Soberania dos Povos (MAS-IPSP) de San Julian

Combate as privatizações

“Historicamente temos resistido em San Julian, que é uma Bolívia pequena, pois une indígenas e descendentes de alemães, russos, brasileiros, croatas, somando a todos os trabalhadores. É um espírito que está muito presente desde a luta contra a privatização da água e do gás, retirados das mãos do capital estrangeiro no início dos anos 2000. É uma caminhada comum, que encarna um compromisso coletivo de lutar para vencer e avançar, para que não tenhamos jamais no país sujeitos como Áñez, Bolsonaro ou Macri”, declarou.

Segundo Huallpa, “o rígido controle dos grandes conglomerados de comunicação exercido pelo atual governo demonstra que, desde o golpe, a Bolívia é uma ditadura, como ficou explícito nos massacres de Sacaba e Senkata”.

“Em nosso país, os jornais e as emissoras de rádio e televisão são instrumentos de manipulação e mentira”, apontou. O fato, assinalou, é que, agora, nas vésperas das eleições, tentam construir uma falsa realidade com pesquisas pré-fabricadas que colocam Arce e Choquehuanca com menos votos de vantagem para tentar desmobilizar e desanimar, “plantando denúncias e escândalos pré-fabricados que não correspondem à realidade, para desviar o foco da catástrofe que para eles se avizinha”.

“Em San Julian conseguimos reconstruir nossa importante Rádio Comunitária, que nos havia sido arrebatada, e voltamos a chegar aos locais mais remotos com uma informação verdadeira, furando o cerco. Neste final de semana, por exemplo, a população está sendo convocada pelos movimentos sociais da região para a visita do companheiro Andrónico Rodriguez, nosso dirigente da Federação dos Cocaleiros do Trópico de Cochabamba, candidato ao Senado pelo MAS. Com áudios e vídeos, vamos também fortalecer o nosso sinal e irradiar disposição de combate”, ressaltou.

“Estaremos contando logo mais com o apoio e a solidariedade internacional dos companheiros do Brasil, de toda a América e da Europa nas eleições”, frisou Huallpa, “para estarmos atentos, mobilizados, e impedir a fraude”.

“A hora de somar forças contra o golpismo é agora. Vamos juntos rumo à vitória de todos”, concluiu.

Leonardo Wexell Severo, jornalista e colaborador da Diálogos do Sul.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Leonardo Wexell Severo

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