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"Desencontro" entre Lula e Zelensky no G7 teria sido arquitetado pelos EUA, aponta analista

Constrangimento relatado por diplomatas revela que “um ator político por trás”, explica Márcio Malta, professor de Relações Internacionais da UFF
Redação Sputnik Brasil
Sputnik Brasil
Rio de Janeiro (RJ)

Tradução:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve finalizar sua participação na Cúpula do G7 no Japão sem se reunir com o seu homólogo ucraniano, Vladimir Zelensky.

Nesta sexta-feira (19), a equipe do presidente ucraniano havia solicitado uma reunião com Lula. Neste domingo (21), uma sala de reunião chegou a ser preparada para o encontro entre os líderes, que não se concretizou em função de “incompatibilidade de agendas”, conforme anunciou o governo brasileiro.

Em entrevista coletiva, Vladimir Zelensky respondeu de forma irônica quando perguntado se ficou decepcionado por não encontrar Lula. “Eu acho que foi ele que ficou decepcionado”, respondeu o ucraniano.

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O governo brasileiro declarou ter proposto mais de um horário para viabilizar o encontro bilateral.

O desencontro de Lula e Zelensky deve causar constrangimento na relação entre os dois países. Fontes do Ministério das Relações Exteriores ouvidas pelo portal G1 já haviam manifestado incômodo com a “pressão descabida” exercida para que Lula incluísse uma reunião bilateral com Zelensky em sua agenda.

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Para o professor adjunto de Relações Internacionais da Universidade Federal Fluminense e pesquisador do Instituto de Estudos Estratégicos (INEST-UFF), Márcio Malta, a maneira apressada com a qual o encontro foi aventado justifica o seu cancelamento de última hora.

“No meu entendimento é correto não ter realizado a reunião com a liderança ucraniana, dada a forma açodada que foi preparada”, disse Malta à Sputnik Brasil. “Política não se faz com pressão, mas sim com diálogo.”

Constrangimento relatado por diplomatas revela que “um ator político por trás”, explica Márcio Malta, professor de Relações Internacionais da UFF

Foto: Ricardo Stuckert
Apesar do mal-estar causado pelo desencontro entre os líderes, Malta acredita que a participação de Lula no G7 foi exitosa.

Segundo ele, os relatos de diplomatas sobre constrangimento sofrido para que o encontro com Zelensky fosse realizado revela “que há um ator político por trás -os EUA – pressionando o Brasil”.

“A política externa brasileira no seu histórico tem um comportamento geralmente de autonomia não passiva, mas sim ativa. O Brasil cumpre o seu protagonismo que pode ser decisivo em tratativas de conversa, diálogo e busca pela paz, como o presidente Lula tem declarado reiteradamente”, declarou Malta.

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Apesar do mal-estar causado pelo desencontro entre os líderes, Malta acredita que a participação de Lula no G7 foi exitosa.

“Enxergo a ida do presidente Lula ao G7 no Japão como muito positiva […] afinal o Brasil não participava desse tipo de fórum há 14 anos”, disse Malta. “Esse convite demonstra o peso e importância do Brasil. É a volta do Brasil ao cenário internacional depois de um longo hiato.”

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De fato, a agenda de trabalho de Lula na cidade japonesa de Hiroshima foi intensa. O primeiro encontro foi realizado com o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, que acenou com linha de crédito de cerca de R$ 1 bilhão para o sistema de saúde brasileiro.

Entre a sexta-feira (19) e o sábado (20), a agenda de Lula incluiu encontros bilaterais com o presidente da Indonésia, Joko Widodo, da França, Emmanuel Macron e com o chanceler alemão, Olaf Scholz. Posteriormente, o presidente brasileiro ainda conversou com os primeiros-ministros da Índia, Narendra Modi, do Canadá, Justin Trudeau e da Austrália, Anthony Albanese.Neste domingo (21), ainda houve espaço para conversas com o primeiro-ministro do Vietnã, Pham Minh Chính.

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A Cúpula de líderes do G7, grupo que reúne os países mais ricos do Ocidente, ocorreu entre os dias 19 e 21 de maio na cidade de Hiroshima, no Japão. Além dos países membros do grupo, a presidência japonesa convidou representantes de Índia, Austrália, Brasil, Coréia do Sul e Vietnã para participarem do encontro.

Além disso, a Indonésia, que preside a ASEAN, as Ilhas Cook, que presidem o Fórum das Ilhas do Pacífico, e Comores, que preside a União Africana, também foram convidadas para comparecer à Cúpula de Hiroshima.

Redação | Sputnik Brasil


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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