Pesquisar
Pesquisar

Desenvolvimento do subdesenvolvimento: por que muitas teorias sobre capitalismo falham?

A teoria do “desenvolvimento do subdesenvolvimento” explica que “a maioria dos estudos adoecem por não levar a consideração as relações econômicas
Carolina Vásquez Araya
Diálogos do Sul Global
Cidade da Guatemala

Tradução:

Enquanto o mundo desenvolvido se afunda em um pântano de enfrentamentos provocados pela ambição e a busca de hegemonia, os países menos privilegiados devem lutar sozinhos para sobreviver.

As instâncias de alcance global, criadas para garantir um certo equilíbrio entre nações – entre elas a ONU e suas agências – não só perderam o espaço; também o pouco respeito que ainda conservavam na opinião pública. Hoje, o desprestígio às alcançou em cheio por sua passividade diante dos abusos das potências.  

Assista na TV Diálogos do Sul

Mesmo quanto a maioria dos seres humanos carece de meios para compreender a magnitude do descalabro mundial, o fato é que todo o sistema sob o qual se rege o mundo está colapsando de modo acelerado. A economia, baseada na exploração e no uso irracional dos recursos naturais, cavou uma enorme fossa acabando com o precário equilíbrio do planeta e lançando-nos para uma devastação nunca antes vista.

A inconcebível onda de saque das riquezas dos países em desenvolvimento e os efeitos acelerados da mudança climática, marcam um processo destrutivo e genocida sem paralelo na história da Humanidade. Tudo isso, acompanhado de políticas ambiciosas que utilizam a extorsão contra governos débeis.

Análise: o poder ao agro como projeto de subdesenvolvimento

Estas nações, progressivamente dependentes da ajuda de organismos financeiros internacionais – cujo objetivo é aumentar a debilidade do terceiro mundo – vão caindo em uma situação que lhes impede de ter acesso a um desenvolvimento pleno e sustentável

A teoria do “desenvolvimento do subdesenvolvimento” explica que “a maioria dos estudos adoecem por não levar a consideração as relações econômicas

Antenado com a Geografia
O desenvolvimento do subdesenvolvimento




Teoria do “desenvolvimento do subdesenvolvimento”

A teoria do “desenvolvimento do subdesenvolvimento”, elaborada pelo economista e sociólogo alemão André Gunder Frank já há mais de 50 anos, explica que “a maioria dos estudos do desenvolvimento e do subdesenvolvimento adoecem por não levar em consideração as relações econômicas e outras entre as metrópoles e suas colônias econômicas ao longo da história da expansão mundial e do desenvolvimento do sistema mercantilista e capitalista.

Por conseguinte, a maioria de nossas teorias fracassam em explicar a estrutura e o desenvolvimento do sistema capitalista como um todo e em ter em conta sua geração simultânea de subdesenvolvimento em alguns lugares e desenvolvimento econômico em outros”. 

Isto é, supõe-se uma semelhança entre o passado dos países desenvolvidos e a atual situação dos não desenvolvidos, como se fosse apenas uma questão de tempo para que os últimos alcancem os mesmos níveis. Essa visão, no estado atual das relações entre uns e outros, leva a uma perspectiva perigosamente enganosa.

Na atualidade, frente a uma situação de enorme tensão entre as máximas potências e nações aliadas, toda teoria do desenvolvimento cai ante uma realidade que tem o mundo à beira do abismo, arrastando consigo os nossos países dependentes e vulneráveis. 

Nesta frente carregada de violência e ambição geopolítica, o custo cai, de fato, sobre os povos abandonados à sua sorte, sobre os incessantes desfiles de migrantes – cuja precariedade é obra da voracidade e indiferença dos países desenvolvidos –, sobre os deslocados de seu território pela ambição da indústria extrativista e sobre grandes conglomerados privados de água e alimento.

O inconcebível repontar do nazismo na Europa constitui, de modo direto, um signo destes novos tempos nos quais a vida humana é um mero obstáculo, capaz de entorpecer seus planos de criar um mundo distópico, branco, unificado, obediente. 

A situação mundial nos compete a todos ao condicionar nossas vidas, sem exceção.

Carolina Vásquez Araya | Colaboradora da Diálogos do Sul na Cidade da Guatemala.
Tradução: Beatriz Cannabrava.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

Assista na TV Diálogos do Sul


Se você chegou até aqui é porque valoriza o conteúdo jornalístico e de qualidade.

A Diálogos do Sul é herdeira virtual da Revista Cadernos do Terceiro Mundo. Como defensores deste legado, todos os nossos conteúdos se pautam pela mesma ética e qualidade de produção jornalística.

Você pode apoiar a revista Diálogos do Sul de diversas formas. Veja como:


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul Global.

Carolina Vásquez Araya Jornalista e editora com mais de 30 anos de experiência. Tem como temas centrais de suas reflexões cultura e educação, direitos humanos, justiça, meio ambiente, mulheres e infância

LEIA tAMBÉM

Diretor de “Operação Condor” vai solicitar reabertura de investigação sobre morte de João Goulart
Diretor de “Operação Condor” vai solicitar reabertura de investigação sobre morte de João Goulart
Frei Betto Somos ensinados que ser feliz é ser rico; Trump é fruto desse sistema
Frei Betto | Somos ensinados que ser feliz é ser rico; Trump é fruto desse sistema
me revolto, logo existo a revolta como busca por justiça, resistência e revolução
"Eu me revolto, logo existo": a revolta como busca por justiça, resistência e revolução
Ocidente está em ruínas por jogar no lixo seu próprio sistema de valores
Ocidente está em ruínas por jogar no lixo seu próprio "sistema de valores"