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Desmoralização da política e dos políticos é técnica para manter governo de ocupação

A guerra é cultural e se trava com armas da psicologia, dos meios de comunicação e da educação; plano de dominação vem sendo executado há décadas
Paulo Cannabrava Filho
Diálogos do Sul Global
São Paulo (SP)

Tradução:

O plano estratégico de dominação do país vem sendo executado há muitas décadas, como já foi denunciado em livros, filmes, e em inúmeros artigos em jornais e revistas.

No que concerne à política, o objetivo é desacreditar a própria política. Na economia, manter a dívida pública crescente e a instabilidade, ou seja, uma crise permanente.

Na área política, quem são os adversários? Do ponto de vista do governo, nem o PSDB nem o PT, um em frangalhos e o outro em crise e sem rumo. 

A guerra é cultural e se trava com armas da psicologia, dos meios de comunicação e da educação; plano de dominação vem sendo executado há décadas

Reprodução: Winkiemedia
O plano estratégico de dominação do país vem sendo executado há muitas décadas

Como disse a jornalista Eliane Cantanhêde, o PSDB e o PT elegeram esse governo e essa polarização vai reelegê-lo.

Nas manifestações de rua, por toda parte, percebe-se a noção de que o inimigo é Bolsonaro, mas, é muito mais que isso. A guerra é cultural e se trava com armas da psicologia, dos meios de comunicação e da educação.

Primeiro trataram de liquidar com o trabalhismo, com o significado da Era Vargas, cujo maior expoente, depois da abertura democrática, foi Leonel Brizola, o mais demonizados dos estadistas brasileiros.

Segundo, tentam liquidar com o PT, começando com tirar do campo seus principais líderes. Começaram lá atrás, quando tentaram tirar da direção José Genuíno (presidente), José Dirceu (secretário-geral) e Delúbio Soares (tesoureiro). 

Depois, destituíram Dilma Rousseff, prenderam Lula. Para a mídia, o partido virou “petralha”, para gáudio e a diversão dos políticos derrotados.

Terceiro, mal sabiam os partidos derrotados pelo PT que a festa acabaria logo e chegaria a vez deles. Derrotado nas urnas, o PSDB virou pó eleitoralmente, mas mantinha a imagem de gente boa e capaz com a qual pretendiam atuar na cena política. Agora, eles têm que explicar os muito bilhões de dólares desviados dos cofres públicos para financiar campanha e enriquecer pessoalmente. Junto com o PSDB vão colocar no mesmo saco os demais partidos.

Quarto, mas não nessa ordem, a preparação de quadros e lançamento de novos partidos pactuados com a estratégia. Aqui entra a atuação de empresários, organizações sociais tipo MBL, várias denominações evangélicas neopentecostais de origem estadunidense e com vínculos ao estado teocrático de Israel. 

Para movimentar essa “máquina” de guerra é empenhado muito dinheiro, inclusive dólares enviados por bilionários estadunidenses.
Ao prestar atenção no que foram os discursos e atuações durante a campanha eleitoral de 2018, se vê que está tudo muito bem explicitado: Deus, pátria, família. A questão da moralidade, a desculpa de lutar contra a corrupção, a suposta defesa da pátria dos assaltantes políticos. 

A questão religiosa tem que ser analisada sob o ponto de vista da segurança nacional. Por décadas, essas denominações evangélicas vindas dos Estados Unidos estiveram se preparando para a captura do poder. 

Hoje, têm seus próprios partidos, estão infiltrados em quase todas as siglas políticas e atuam dentro das instituições do Estado como se estivessem em um estado teocrático: Forças Armadas e forças policiais estão totalmente dominadas por eles.

Até partidos de esquerda fazem parte dessa encenação, além da mídia. Sem os meios, eles não teriam ido a lugar algum. Globo e CNN são porta-vozes dos interesses políticos e econômicos dos Estados Unidos. Redes de televisão e milhares de emissoras de rádio por todo o país estão a serviço do proselitismo religioso gospel, isto é, igrejas vindas dos Estados Unidos.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Paulo Cannabrava Filho Iniciou a carreira como repórter no jornal O Tempo, em 1957. Quatro anos depois, integrou a primeira equipe de correspondentes da Agência Prensa Latina. Hoje dirige a revista eletrônica Diálogos do Sul, inspirada no projeto Cadernos do Terceiro Mundo.

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