Pesquisar
Pesquisar

Dia da Terra Palestina: mundo pede que Israel pare derramamento de sangue

Data recorda manifestações de 1976 na Palestina, ocupada em 1948; dos sete palestinos assassinados na Cisjordânia nas últimas semanas, três eram crianças
SORAYA MISLEH
Monitor Do Oriente Médio
São Paulo (SP)

Tradução:

Média de um palestino assassinado pelas forças de ocupação sionistas por semana. Este é o saldo somente na Cisjordânia entre 8 de fevereiro de 21 de março. Os dados são apresentados em dois relatórios quinzenais do Escritório das Nações Unidas para Coordenação de Assuntos Humanitários (UN-Ocha, na sigla em inglês). Na contínua Nakba (catástrofe materializada com a formação do Estado de Israel em 15 de maio de 1948, mediante limpeza étnica planejada) urge ouvir as vozes que clamam por justiça em todo o mundo neste 30 de março – Dia da Terra Palestina.

Aos protestos, têm se somado na data o plantio de oliveiras, como um símbolo do vínculo com a terra e identidade nacional palestina. Vale lembrar que são mais de 800 mil dessas árvores derrubadas desde a ocupação militar de 1967. Somente entre agosto de 2020 e outubro de 2021, foram 9.300, de acordo com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha. A Nakba é também ambiental.

O dia 30 de março lembra protestos no ano de 1976 na Palestina ocupada em 1948 contra a anexação de mais terras. Como escreveu Yara Hawari para a Al Jazeera, estes “foram resultado de uma ação coletiva em massa em toda a Palestina histórica, que viu as comunidades palestinas resistindo não apenas ao roubo de terras, mas também às políticas coloniais de apagamento. Embora também tenha havido protestos em Naqab e Wadi Ara, a maior parte da ação ocorreu em seis aldeias da Galileia que foram colocadas sob toque de recolher: Sakhnin, Arraba, Deir Hanna, Tur’an, Tamra e Cabul”. A repressão israelense foi violenta, deixando centenas de feridos e seis mortos.

Presidente palestino questiona EUA por posturas diferentes sobre Palestina e Ucrânia

Quarenta e dois anos depois, em 2018, a partir de Gaza iniciou-se no mesmo dia outro protesto massivo: a denominada Grande Marcha do Retorno. Dezenas de milhares de palestinos se reuniram próximos às cercas e muros do criminoso bloqueio israelense imposto desde 2007 à estreita faixa levantando a bandeira central do retorno inegociável e ilegítimo – cerca de 80% dos palestinos que ali vivem são deslocados internamente, refugiados da catástrofe de 1948. Esse movimento seguiu por 52 semanas, todas as sextas-feiras, desde então. A repressão mais uma vez foi violenta, deixando centenas de mortos e milhares de feridos. Tanto em 1976 quanto em 2018, a sociedade fragmentada na contínua Nakba uniu-se em resistência heroica e histórica.

Data recorda manifestações de 1976 na Palestina, ocupada em 1948; dos sete palestinos assassinados na Cisjordânia nas últimas semanas, três eram crianças

Montecruz Foto – Flickr
30 de março lembra que o sangue palestino segue a ser derramado diuturnamente e unir a solidariedade

Na luta permanente por libertação nacional, o 30 de março é um dia para honrar aqueles que tombaram no caminho, saudar a heroica resistência, denunciar que o sangue palestino segue a ser derramado diuturnamente e unir a solidariedade.

Segundo a agência Ocha, da ONU, dos sete palestinos assassinados na Cisjordânia nas sete semanas indicadas em seus dois relatórios, três eram crianças. Entre os feridos, foram 766, dos quais 91 crianças, a maioria em protestos contra a instalação de novos colonatos sionistas, que se ampliam vertiginosamente, ante a cumplicidade de governos que seguem a apertar mãos sujas de sangue. Bolsonaro e parlamentares brasileiros entre eles.

Aperto de mãos sujas de sangue 

No último dia 24 de março, a Comissão de Relações Exteriores do Senado deu mais um passo nessa direção. Aprovou o acordo de cooperação na área de defesa entre Israel e Brasil, assinado por Bolsonaro em 31 de março de 2019 quando de sua visita ao aliado sionista. A matéria segue agora em regime de urgência para apreciação do plenário dessa Casa. O Brasil segue firme e forte em manter, senão expandir, a vergonhosa posição de quinto maior importador de tecnologia militar israelense herdada lamentavelmente dos governos anteriores.

Como descreve a malfadada notícia na Agência Senado, “o acordo entre Brasil e Israel terá ênfase no intercâmbio de tecnologias, treinamento e educação em questões militares. O acordo ainda prioriza a colaboração em sistemas e produtos de defesa, além de disciplinar eventuais transferências a outros países. Busca também promover cooperação na aquisição, pesquisa e desenvolvimento, apoio logístico e mobilização, assim como a troca de conhecimentos e experiências nas áreas operacional, científica e tecnológica”. Em suma, os parlamentares deram seu aval a parceria com a indústria da morte israelense, que sustenta a colonização e limpeza étnica contínuas em terras palestinas, enquanto serve ao extermínio indígena e genocídio pobre e negro no Brasil.

Barrar esse acordo no plenário está na ordem do dia e deve compor as mobilizações pelo 30 de março em território nacional. Na capital paulista, protesto convocado pelos palestinos e palestinas levantará essa demanda e exigência de embargo militar a Israel. Como inclusive recomenda a Anistia Internacional em seu relatório no qual conclui que os palestinos estão sujeitos a regime de apartheid. É preciso dizer em uníssono: basta! Palestina livre do rio ao mar, com retorno dos milhões de refugiados às suas terras.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

Assista na TV Diálogos do Sul


Se você chegou até aqui é porque valoriza o conteúdo jornalístico e de qualidade.

A Diálogos do Sul é herdeira virtual da Revista Cadernos do Terceiro Mundo. Como defensores deste legado, todos os nossos conteúdos se pautam pela mesma ética e qualidade de produção jornalística.

Você pode apoiar a revista Diálogos do Sul de diversas formas. Veja como:

  • PIX CNPJ: 58.726.829/0001-56 

  • Cartão de crédito no Catarse: acesse aqui
  • Boletoacesse aqui
  • Assinatura pelo Paypalacesse aqui
  • Transferência bancária
    Nova Sociedade
    Banco Itaú
    Agência – 0713
    Conta Corrente – 24192-5
    CNPJ: 58726829/0001-56

Por favor, enviar o comprovante para o e-mail: assinaturas@websul.org.br 


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

SORAYA MISLEH

LEIA tAMBÉM

Com Trump, EUA vão retomar política de pressão máxima contra Cuba, diz analista político
Com Trump, EUA vão retomar política de "pressão máxima" contra Cuba, diz analista político
Trump quer desmontar Estado para enriquecer setor privado; Musk é o maior beneficiado
Trump quer desmontar Estado para enriquecer setor privado dos EUA; maior beneficiado é Musk
Modelo falido polarização geopolítica e omissão de potências condenam G20 ao fracasso (2)
Modelo falido: polarização geopolítica e omissão de potências condenam G20 ao fracasso
Rússia Uso de minas antipessoais e mísseis Atacms é manobra dos EUA para prolongar conflito
Rússia: Uso de minas antipessoais e mísseis Atacms é manobra dos EUA para prolongar conflito