Pesquisar
Pesquisar

Diga Sim a Não Violência

João Baptista Pimentel Neto

Tradução:

João Baptista Pimentel Neto*

túnel do tempoVivemos num mundo cada vez mais desigual e injusto. Um mundo mais violento e menos civilizado. Em um mundo que, caso não ocorram profundas e urgentes mudanças culturais, aponta para a humanidade um futuro cada vez mais trágico e sombrio.

Neste contexto, para nós da Diálogos do Sul é fundamental refletir, praticar e difundir os princípios e conceitos da Não-Violência. Acreditamos mesmo que estas sejam posturas e práticas obrigatórias aos milhões que como nós – ainda – acreditam na humanidade dos homens e que um mundo – e um futuro – melhor para todos é possível. E é por isso que através deste artigo buscamos fazer a nossa parte, conclamando a tod@s a unirem-se a nós nesta corrente em prol da construção permanente de uma Cultura de Paz e a favor da Não Violência. 

O que é Não-Violência

Violencia não

Termo que se refere a uma série de conceitos sobre moralidade, poder e conflitos que rejeitam completamente o uso da violência nos esforços para a conquista de objetivos sociais e políticos, a Não Violência é geralmente vista como sinônimo de pacifismo.

O termo é também muito associado à luta pela independência da Índia, liderada por Mahatma Gandhi, e à luta pelos direitos civis dos negros norte-americanos, liderada por Martin Luther King. O movimento ocorrido na Índia foi fortemente influenciado pelos princípios da religião jainista, pelas ideias de desobediência civil de Henry David Thoreau e do anarquismo cristão de Leon Tolstói. O exemplo indiano inspirou uma série de ações que ocorreram nas décadas seguintes.

Como o termo se tornou muito abrangente e acabou sendo erroneamente associado à passividade, alguns grupos preferiram adotar o termo não-violência ativa, reforçando a posição de que é possível uma ação não-violenta.

No mundo atual, a não-violência vem sendo amplamente usada em movimentos pelo trabalho, pela paz, pelo meio ambiente e pelos direitos humanos, das mulheres e das mais diversas minorias. O estudioso da não-violência Gene Sharp, em seu livro The Politics of Nonviolent Action, sugere que a completa ausência de estudos sobre o tema no meio acadêmico de história pode ser reflexo de que as técnicas que visam conquistas sociais não são do interesse da elite. Ela acreditaria muito mais nos armamentos e no poder do dinheiro do que na capacidade de mobilização de uma comunidade.

Como funciona a não-violência

revistaAs ideias não-violentas são radicalmente diferentes das ideias convencionais sobre resolução de conflitos. No entanto, seus princípios fazem parte do senso comum:

  • O poder daqueles que dirigem uma nação depende da aderência e consentimento dos cidadãos comuns. Sem uma burocracia, um exército ou uma força policial para pôr em prática os objetivos estipulados pela classe dominante, as leis perdem força se não encontram respaldo no cidadão comum. A não-violência ensina que o poder de uns depende da cooperação de muitos outros. Assim, a não-violência faz desmoronar o poder dos dirigentes quando consegue extinguir grande parte desta cooperação — um punhado de pessoas não pode mandar em milhões de outras se elas se recusarem a obedecer. Em ações político-reivindicatórias, não-violência e desobediência civil geralmente se somam.
  • Só por meios justos pode-se alcançar um fim justo. Quando Gandhi disse que os meios podem ser comparados a raízes e o fim a uma árvore, referia-se ao objeto central de uma filosofia que alguns denominam “Política Prefigurativa”. No Sermão da MontanhaJesus Cristo comparou os meios a árvores e os fins aos frutos: “Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros e figos dos abrolhos? Toda árvore boa dá bons frutos; toda árvore má dá maus frutos” (Mt 7, 16-17). Os propositores da não-violência explicam que as ações do presente inevitavelmente repercutirão na forma como a sociedade se organizará no futuro. É irracional tentar construir uma sociedade pacífica pela violência, ou uma sociedade honesta pela desonestidade (que também é uma forma de violência). O que começa mal não pode acabar bem.
  • Alguns divulgadores da não-violência, como os Anarquistas Cristãos e os Ativistas Humanistas, defendem que devemos respeitar e amar nossos oponentes. Este é o princípio que mais se aproxima das justificativas religiosas e espirituais para a não-violência, como pode ser visto no Sermão da Montanha, quando Jesus Cristo diz a seus seguidores: “Tendes ouvido o que foi dito: Amarás o teu próximo e poderás odiar teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos [maltratam e] perseguem. Deste modo sereis os filhos de vosso Pai do céu, pois ele faz nascer o sol tanto sobre os maus como sobre os bons, e faz chover sobre os justos e sobre os injustos. Se amais somente os que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem assim os próprios publicanos? Se saudais apenas vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não fazem isto também os pagãos? Portanto, sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5, 43-48). O princípio do respeito aos oponentes também pode ser visto no conceito Taoístado wu-wei, ou na filosofia da arte marcial Aikido, ou no conceito budista de metta (amor fraterno entre todos os seres vivos) e no princípio de ahimsa (não-violência entre todos os seres vivos), também presente no hinduísmo.

Ouve-se frequentemente que os fins justificam os meios, insinuando-se que certos fins podem ou devem ser alcançados por métodos não convencionais, ou antiéticos, ou violentos. Isto é muito usado para tentar minimizar excessos na guerra, na justificação de leis opressivas (como o AI-5 no Brasil, ou a Lei Patriota nos Estados Unidos), na repressão imposta a grupos sociaisreligiosos ou étnicos, ou ainda, embora em crescente desuso, na justificação de sistemas e métodos educacionais excessivamente rigorosos e punitivos.

A não-violência entende que o fim resulta dos meios, num ciclo de causas e efeitos que se correlacionam e se estendem numa espiral evolutiva. Desta forma, a paz não pode ser obtida por métodos violentos e repressivos. Uma “paz” que se pretenda obter pela opressão cessa assim que os instrumentos repressivos deixam de ser usados. Não haverá uma pazreal enquanto ela não se estender a todos os indivíduos de uma sociedade.

Numa percepção não-violenta, uma releitura de “o fim justifica os meios” seria: os meios justificam o fim, ou seja, o fim é o resultado dos meios.

Assista aos vídeos sobre a História da Não Violência

João Baptista Pimentel Neto é jornalista, gestor e produtor cultural, secretário geral e editor da Diálogos do Sul.

Informações coletadas na Wikipédia.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

João Baptista Pimentel Neto Jornalista e editor da Diálogos Do Sul.

LEIA tAMBÉM

Sanchez-Begona-esposa-Espanha
Convocação de Sánchez a depor no caso contra sua esposa alimenta pressão da extrema-direita
Netanyahu_Congresso_EUA
Atos contra Netanyahu no Congresso dos EUA expõem declínio da narrativa sionista
Malnutrition in Zamzam camp, North Darfur
Guerra no Sudão: Emirados Árabes armam milícias, afirma investigação; Espanha dificulta asilo
estudo-Lancet-palestinos
186 mil palestinos assassinados: Lancet divulga estudo alarmante sobre vítimas em Gaza