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Espanha: jovem é vítima de violência homofóbica e tem palavra "maricas" gravada no glúteo

Para a delegada do governo em Madri, a agressão é fruto dos discursos feitos pelo partido de extrema-direita Vox: "estão colhendo os frutos”
Armando G. Tejeda
La Jornada
Madri

Tradução:

No último domingo (5), seis encapuçados atacaram um jovem após insultá-lo e lançar gritos sobre o “anticristo” e gravaram com uma navalha no glúteo a palavra “maricas”. O fato, ocorrido em Madri, eleva o alarme dos chamados delitos de “ódio”, que em muitos casos têm ademais um componente de homofobia. 

Espanha, e sobretudo Madri, se situa entre as zonas mais tolerantes com a diversidade sexual. A cada ano o Dia do Orgulho se converte em uma festa de massa, com dezenas de milhares nas ruas. 

No entanto, por causa do confinamento e o regresso paulatino à atividade habitual, registraram-se uma série de delitos de “ódio” que começam a preocupar as autoridades espanholas. 

O presidente do governo, o socialista Pedro Sánchez, convocou para esta sexta-feira (10) uma reunião extraordinária da Comissão de Acompanhamento na Luta contra os Delitos de Ódio para analisar a situação e avaliar se é necessário fortalecer os mecanismos de vigilância e controle. 

Para a delegada do governo em Madri, a agressão é fruto dos discursos feitos pelo partido de extrema-direita Vox: "estão colhendo os frutos”

Bernat Armangue
Protesto na Espanha contra a homofobia em julho deste ano.

A agressão do domingo passado, ocorreu no bairro central de Malasaña, que está ao lado do chamado “bairro gay” de Madri — Chueca — no qual costumam morar sobretudo jovens. 

A vítima voltava para casa por volta das cinco da tarde, quando foi interceptada por seis encapuçados que gritaram “maricas”, “come merda” e “asqueroso”; depois lhe tiraram a calça e com uma navalha escreveram no glúteo direito a palavra “maricas”. Os agressores fizeram várias menções “anticristo”. 

É um ataque similar ao que ocorreu em julho passado na cidade galega de La Coruña, quando um jovem sofreu uma brutal surra que lhe custou a vida e na qual recebeu também insultos homofóbicos. Os responsáveis, entre eles vários menores, estão detidos. 

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A delegada do governo em Madri, Mercedes González, atribuiu a agressão homofóbica a que “se foram semeando sementes de ódio e agora se estão colhendo os frutos”, em alusão ao discurso do partido de extrema-direita Vox.

“Os discursos de ódio nesta comunidade nos levaram a escutar afirmações que jamais pensamos que íamos ter em uma cidade, em uma comunidade, que tem os braços abertos a todas as pessoas, venha de onde vierem e sintam da maneira que sentirem”, assegurou a política socialista.

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul.
Armando G. Tejeda Mestre em Jornalismo pela Jornalismo na Universidade Autónoma de Madrid, foi colaborador do jornal El País, na seção Economia e Sociedade. Atualmente é correspondente do La Jornada na Espanha e membro do conselho editorial da revista Babab.

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