Pesquisar
Pesquisar

Polícia da Espanha foi principal responsável por massacre em Melilla, revela investigação

Conselho Nacional de Direitos Humanos do Marrocos declarou que mortes foram causadas por asfixia e que poderiam ter sido evitadas pelos agentes
Armando G. Tejeda
La Jornada
Madri

Tradução:

O Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) do Marrocos apresentou um informe sobre a tragédia ocorrida na fronteira entre Melilla e Nador no último dia 24 de junho, na qual, segundo as cifras oficiais do regime de Rabat, faleceram 23 migrantes subsaarianos, a maioria procedente do Sudão do Sul. 

Uma das principais conclusões da investigação é que a maioria das mortes foram produzidas por “asfixia” e que poderiam ter sido evitadas se os agentes da Guarda Civil espanhola não houvessem negado o socorro aos migrantes.

A CNDH, uma organização oficial e pública marroquina, sob o manto do aparato do governo do Rei Mohamed VI, confirmou os dados que desde o início foram defendidos como corretos por Rabat, ou seja: 23 mortos, 217 feridos, dos quais 77 eram migrantes e 140 policiais.

Leia também:
Partidos da Espanha apontam Pedro Sánchez como responsável por massacre em Melilla


Espanha e Marrocos bloqueiam jornalistas e ocultam evidências de massacre em Melilla


Episódio em Melilla caracteriza “limpeza étnica” de subsaarianos, com apoio da Espanha

Outras organizações independentes assinalaram que a cifra de falecidos poderia superar os 37, que houve mais de 250 feridos, a maioria migrantes, e que depois da tragédia a polícia marroquina realizou um operativo para dispersar milhares de migrantes nas imediações do monte Gurugu.

O informe da CNDH sustenta que “não foi possível determinar se a origem das lesões de alguns dos imigrantes foram por quedas e empurrões ou por lesões derivadas de um uso desproporcional da força”. O órgão afirmou ainda que a polícia marroquina utilizou gases lacrimogêneos e cassetetes, mas descartou a utilização de armas de fogo.

Conselho Nacional de Direitos Humanos do Marrocos declarou que mortes foram causadas por asfixia e que poderiam ter sido evitadas pelos agentes

Captura de Tela | YouTube Euronews
O Conselho da Europa solicitou ao Estado espanhol uma investigação “independente, total e efetiva” para conhecer os detalhes da tragédia

Amina Bouayach, presidenta da CNDH, assinalou a polícia fronteiriça espanhola como a principal responsável das mortes: “Era sua responsabilidade abrir as portas. Os migrantes se amontoavam em um espaço muito estreito. Ainda assim, as portas permaneceram fechadas, o que provavelmente provocou o elevado número de mortos e feridos”. Ela também acusou os migrantes de serem “extremamente violentos nos enfrentamentos com as forças da ordem”. 

O Conselho da Europa, pela voz da comissionada de direitos humanos, Dunja Mijatovic, solicitou ao Estado espanhol uma investigação “independente, total e efetiva” para conhecer os detalhes da tragédia.

O governo espanhol havia anunciado que o assunto seria investigado tanto por parte da promotoria geral como por parte do Defensor do Povo. No entanto, ambas as investigações não avançaram. De fato, apenas esta semana o ombudsman Ángel Gabilondo criticou que, mais de 20 dias depois da tragédia, ainda não havia recebido nenhuma informação do ministério do Interior. 


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

Assista na TV Diálogos do Sul



Se você chegou até aqui é porque valoriza o conteúdo jornalístico e de qualidade.

A Diálogos do Sul é herdeira virtual da Revista Cadernos do Terceiro Mundo. Como defensores deste legado, todos os nossos conteúdos se pautam pela mesma ética e qualidade de produção jornalística.

Você pode apoiar a revista Diálogos do Sul de diversas formas. Veja como:


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Armando G. Tejeda Mestre em Jornalismo pela Jornalismo na Universidade Autónoma de Madrid, foi colaborador do jornal El País, na seção Economia e Sociedade. Atualmente é correspondente do La Jornada na Espanha e membro do conselho editorial da revista Babab.

LEIA tAMBÉM

Visita de Macron à Argentina é marcada por protestos contra ataques de Milei aos direitos humanos
Visita de Macron à Argentina é marcada por protestos contra ataques de Milei aos direitos humanos
Mês da Consciência Negra como conviver com o horror cotidiano
Mês da Consciência Negra: como conviver com o horror cotidiano?
Do Fórum Social Mundial ao G20 Social Lula reinventa participação popular global
Do Fórum Social Mundial ao G20 Social: Lula reinventa participação popular global
Plano dos Generais” Netanyahu agrava violência no norte de Gaza em resposta à volta de Trump
“Plano dos Generais”: Netanyahu agrava violência no norte de Gaza em resposta à volta de Trump