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Divisão e dispersão da esquerda e permitiram neoliberalismo na América Latina

As tentativas do Império se frustram no terreno da legalidade, por conta disso recorre às mais obscuras manobras, mas tudo tem limite
Gustavo Espinoza M.
Diálogos do Sul Global
Lima

Tradução:

Dizem os que conhecem que “o efeito dominó” é uma espécie de reação em cadeia. E acontece quando um pequeno fato se reproduz e causa outro, e este, por sua vez, um terceiro similar, até se converter em uma corrente. E é comparado ao jogo do dominó porque lida com a queda de fichas em posição vertical; quando cai uma, o mesmo acontece, uma a uma com as outras. 

Isto costuma acontecer também no plano político. Um exemplo relativamente recente foi possível constatar, dramaticamente, na derrubada do bloco socialista na Europa do Leste.

Primeiro foi Varsóvia, depois Bucareste, em seguida Praga, mais tarde Budapeste e finalmente Sofia. Em última instância, Belgrado sofreu o efeito de uma agressão infame que esquartejou a martirizada Iugoslávia.

É que os adversários do socialismo não queriam nada em pé. Estavam empenhados em arrasar tudo; que não ficasse pedra sobre pedra, para que não ressurgisse mais. Para eles, era o fim da história. Sua vitória final Iludidos!

As tentativas do Império se frustram no terreno da legalidade, por conta disso recorre às mais obscuras manobras, mas tudo tem limite

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Mas as coisas têm limite. Mesmo as mais perversas. Se hoje houvesse eleições no Brasil, Lula ganharia

América Latina

Em nosso continente sucedeu algo similar. A experiência de Cuba fez com que o Tio Sam tirasse a barba e se dispusesse a combater – a qualquer custo – uma experiência similar na América Latina.

Primeiro foi o Brasil, em 64. O Golpe de Estado urdido pela CIA em colaboração com Amaury Kruel e seus acólitos, derrubou o regime democrático e progressista de João Goulart. Mas, isso foi apenas o início.

No fim dessa década e talvez como consequência da guerrilha que operava na região, assomaram governos anti-imperialistas. Velasco Alvarado foi, objetivamente, o primeiro. Mas a ele se somaram logo outras experiências: a vitória de Allende no Chile – há exatamente 50 anos – e a subida de Juan José Torres, na Bolívia, em 1971, marcaram o cenário. 

Estes fenômenos levaram Washington a falar do “triângulo vermelho” na América Latina e a desatar uma ofensiva brutal que conheceu episódios sinistros: A queda e o posterior assassinato de Juan José Torres; o golpe fascista no Uruguai em junho de 1973; o assassinato de Allende, o genocídio contra o Chile e a subida de Pinochet; o deslocamento de Velasco Alvarado no Peru e o Golpe de Videla na Argentina. Foram todos como a caída das peças de dominó postas na vertical; uma sucedeu à outra.

Reação e contra ofensiva imperialista

Mas depois, veio a recuperação com o mesmo efeito: Chávez e a mensagem Bolivariana na Venezuela; os Sandinistas na Nicarágua; Lula, no Brasil, os Kirchner na Argentina; Lugo, no Paraguai: Zelaya em Honduras; Farabundo Martí em El Salvador; Correa no Equador; a Frente Ampla no Uruguai; Evo na Bolívia. Poucos países ficaram sem sentir mudanças de fundo. Mas a porca seguia dando voltas. Como resultado disso, retornaram os Golpes.

Primeiro foi a tentativa contra Chávez. Em 2007, foi derrocado o governo de Honduras. Logo veio o Golpe contra Lugo. Depois derrubaram a Dilma, no Brasil; e quebraram a unidade da Argentina, para impor Macri. Finalmente traíram aleivosamente o Equador para reinstalar o “modelo” neoliberal. Um animado jogo de luzes e sombras que começa a reverter. 

E isso o Império sabe. Não fica quieto. E joga as mesmas peças para afirmar seu domínio. No início, fez encarcerar Lula, no Brasil, acusando-o falsamente de diversas falcatruas. Ainda se recorda o Juiz Sergio Moro com o dedo acusador tentando um posto de ministro no regime de Jair Bolsonaro. Depois, a campanha contra Cristina Fernández na Argentina, para dobrá-la e desacreditá-la.

Depois a ofensiva contra Correa acusando-o de supostos e não demonstráveis delitos. O Golpe contra Evo sustentado em calúnias e em uma fraude imaginária; a odiosa campanha contra Nicolás Maduro na Venezuela e Daniel Ortega, na Nicarágua. Em outras palavras, uma série sucessiva – e quase interminável – de aberrantes manobras do mais rançoso estilo goebbeliano.

Tudo tem limite

Mas as coisas têm limite. Mesmo as mais perversas. Se hoje houvesse eleições no Brasil, Lula ganharia; e no Chile, Piñera perderia; na Bolívia triunfaria o MAS; e no Equador voltaria Correa ao governo como voltou Cristina na Argentina.

Nosso país não é uma ilha. Aqui, a força principal da direita mais reacionária e anti-nacional é a Máfia Fujiaprista. E ela foi derrotada em todas as pesquisas eleitorais. Mas foi a burguesia que levou o troféu com todas as vitórias. A divisão da esquerda e a dispersão do movimento popular permitiu que as coisas ocorressem assim. Mas isso haverá de mudar, cedo ou tarde. 

As tentativas do Império se frustram no terreno da legalidade. E é que agora, como nos tempos de Federico Engels, a legalidade mata a reação. Por isso ela recorre às mais obscuras manobras; mas é a verdade que sai à luz.

As acusações contra Lula foram falsas. E falsas também o que tentaram imputar a Cristina. E novamente falsas as que se esgrimem contra Correa; do mesmo modo que são caluniosas e falsas as patranhas contra Maduro e Ortega. E são as que hoje se usam contra Evo Morales.

O Efeito Dominó tem seu final. E nem sempre joga contra os povos.

Gustavo Espinoza M. colaborador da Diálogos do Sul desde Lima.

Tradução: Beatriz Cannabrava


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Gustavo Espinoza M. Jornalista e colaborador da Diálogos de Sul em Lima, Peru, é diretor da edição peruana da Resumen Latinoamericano e professor universitário de língua e literatura. Em sua trajetória de lutas, foi líder da Federação de Estudantes do Peru e da Confederação Geral do Trabalho do Peru. Escreveu “Mariátegui y nuestro tiempo” e “Memorias de un comunista peruano”, entre outras obras. Acompanhou e militou contra o golpe de Estado no Chile e a ditadura de Pinochet.

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