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Dublagem Viva: cresce no Brasil movimento contra substituição de artistas por IA; conheça

Profissionais lutam por regulamentação para impedir que estúdios usem robotização em detrimento do trabalho humano e da identidade cultural brasileira
George Ricardo Guariento
Diálogos do Sul Global
Taboão da Serra

Tradução:

O movimento Dublagem Viva, liderado pela United Voice Artists, surge como uma resposta ao crescente temor dos dubladores brasileiros em relação ao uso da inteligência artificial (IA) nas produções audiovisuais. A preocupação central é que a IA possa substituir os dubladores humanos, replicando vozes a partir de padrões identificados na internet. 

Contando com o respaldo de renomados dubladores como Wendel Bezerra (conhecido por sua atuação em “Dragon Ball”), Sérgio Cantú (reconhecido por sua participação em “O Espetacular Homem-Aranha”) e Gilberto Baroli (famoso por seu trabalho em “Os Cavaleiros do Zodíaco”), a petição já angariou mais de 50 mil assinaturas em protesto contra a possível “robotização” do processo de dublagem.

Assine a petição aqui


A greve dos roteiristas de Hollywood

A preocupação com a utilização de inteligência artificial nas produções audiovisuais não se limita apenas aos dubladores. No ano anterior, tanto os atores, representados pelo SAG-AFTRA, quanto os roteiristas, pelo WGA, realizaram greves históricas em Hollywood, paralisando a indústria por mais de 148 dias. 

Protesto de roteiristas nos EUA (Foto: wikimedia.org)

Entre as demandas dos roteiristas, estava a proibição do uso de IA na escrita e reescrita de materiais, além da garantia de que seus roteiros não seriam usados para treinar a tecnologia. 

Enquanto isso, os atores buscavam direitos sobre o uso de suas imagens digitais e compensações por isso. Após o término da greve, um acordo foi alcançado entre os sindicatos e os estúdios, que não proibiu o uso de IA, mas estabeleceu a necessidade de consentimento e formas de compensação para os profissionais.


A dublagem é muito popular no Brasil 

Uma pesquisa divulgada pela Netflix Brasil revelou que entre 80% a 90% dos telespectadores das séries mais populares assistem aos programas dublados em português. No entanto, sem uma legislação que regule o uso da IA, os dubladores correm o risco de serem substituídos. 

Sem regulamentação, os estúdios podem optar por utilizar a IA nas dublagens, tornando a incerteza do mercado uma realidade, visto que a IA é capaz de simular dublagens próximas às originais feitas pelos profissionais.

O texto do site oficial do movimento Dublagem Viva reflete sobre a identidade cultural brasileira e a importância de preservá-la. Destaca que a arte e a cultura são expressões profundas da identidade de um povo, moldadas por sua história e suas vivências. Adverte sobre os riscos de substituir elementos humanos por inteligência artificial generativa, enfatizando que essa substituição comprometeria a autenticidade e a riqueza das criações culturais brasileiras.

A proposta do movimento é que nenhum artista brasileiro seja substituído por inteligência artificial em qualquer forma de produção cultural. Ao mesmo tempo, defende o uso da IA como uma ferramenta para aprimorar o trabalho dos artistas, desde que não seja para substituí-los. Além disso, propõe que obras concebidas por IA não tenham direitos autorais garantidos, uma vez que emulam o trabalho de outros artistas sem consentimento.

George Ricardo Guariento | Jornalista e colaborador da Diálogos do Sul.


As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul

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As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

George Ricardo Guariento Graduado em jornalismo com especialização em locução radiofônica e experiência na gestão de redes sociais para a revista Diálogos do Sul. Apresentador do Podcast Conexão Geek, apaixonado por contar histórias e conectar com o público através do mundo da cultura pop e tecnologia.

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