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Durán Barba, assassino econômico latino-americano

Revista Diálogos do Sul

Tradução:

Todo assassino político-econômico produz mais mortes que uma epidemia, porque a miséria mata sem ser uma bactéria nem vírus, onde se gera uma guerra seletiva em que os que morrem são os mais humildes e desprotegidos. 

Norma Estela Ferreyra*
macri-duran-barbaO assassino econômico, comete crimes de lesa humanidade, usando a inteligência para se apoderar das riquezas e das finanças de um país e fica quase sempre impune.
O candidato presidencial da Esquerda Democrática do Equador, Paco Moncayo, confirmou que manteve reunião com o assessor político Jaime Durán Barba e justificou o encontro qualificando o especialista como “um equatoriano de luxo”. “Jaime Durán Barba dirigiu duas das minhas campanhas políticas e não é de estranhar que quando venha ao Equador eu me reúna e converse com ele, pois somos amigos de muito tempo. Esta notícia foi publicada originalmente por…
Esse conselheiro político, ou assessor comunicacional equatoriano, não importa que função exerce, porque não ocupa cargos nem assume responsabilidades, mas atua como um guru na política, produzindo estragos nos países em que assessora os governos. Recentemente foi processado pela campanha suja que conduziu em Buenos Aires contra Daniel Filmus e assessorou também a Federico Franco, que recentemente assumiu a presidência do Paraguai, depois que destituíram a Fernando Lugo.
Ambos se reuniram em um seminário em 2011. Ele também é assessor de imagem, de campanha e de muitas outras coisas, do presidente Maurício Macri e de toda sua equipe de ministros. Os argentinos, paraguaios e equatorianos dificilmente vamos nos esquecer desse assassino político-econômico, a serviço do neoliberalismo.
O que talvez pouca gente se lembra, é que há algum tempo, Durán Barba esteve no Equador, envolvido no que se conhece como “o maior roubo da história” nesse país e participou, como secretário de Administração no governo do presidente Yamil Mahuad, a quem aconselhava como faz hoje, esse cidadão “de luxo” que se burla da gente sem ser notado.
Ocorre que em 23 de novembro de 1998, o maior banco do Equador, o Filanbanco, entrou em crise por falta de liquidez. O governo prometeu apoio os com conta poupança e de conta corrente, mas o salvamento ficou nas mãos dos banqueiros. Em 8 de maio de 1999 foi proclamado um Feriado Bancário que deveria ser de um dia mas que durou uma semana, e finalmente, foi trágico para as finanças do Equador.
Em menos de duas horas o dólar aumentava 3 ou 4 vezes, enquanto se esfumavam os Sucres. Em 26 de novembro, a maioria legislativa aprovou o artigo 22 da Lei de Reordenamento Econômico na área Tributária e Financeira e foi criada a AGD para salvar os bancos. Atuando como assessor oculto, Durán Barbas e alguns economistas de confiança, estabelecem um imposto de 1% sobre todo tipo de transação bancária, inclusive os depósitos de qualquer tipo, o que, segundo os assessores, se salvaria os bancos.
Porém, em 1999 foram fechados 16 bancos e entre 14 de setembro e 2 de dezembro, com a explosão da crise se confiscou todo o dinheiro dos bancos. A emissão da moeda se triplicou e o sucre perdeu totalmente o valor, e foi então que dolarizaram a economia.
Equador tinha ficado sem moeda, enquanto o grupo de funcionários que dirigia este perverso sistema, garantia a impunidade com a cumplicidade do Congresso Nacional, da Justiça, da máfia dos bancos e o Banco Central e dos poderes do Estado. Os envolvidos nessa tramóia corrupta, faziam empréstimos a si mesmos e o país ficou à deriva, com mais de uma dúzia de suicídios, principalmente de aposentados.
Na Argentina pode-se vislumbrar algo similar, pois já se fala de um imposto aos depósitos e sabemos que o Banco Central já tem comprometidas todas suas reservas, enquanto a dívida externa subiu ao limite máximo. O Estado da Argentina está um caos. Muitas negociatas entre a equipe governamental, que repartem os lucros entre eles, sem importar de que partido são, se perseguem os funcionários que não se vendem e o país está a beira do colapso social.
Atenção paraguaios, atenção povos latino-americanos. Não se deixem enganar. O segundo turno é uma armadilha em que o núcleo de oposição ao partido vitorioso no primeiro turno, põe a preço o seu voto ou exige postos de trabalho e manipulam em favor do que chegou em segundo lugar. Todo o dinheiro que investem nessas manobras, recuperam assim que conquistam o poder, vendendo as riquezas do país. Há que eliminar a eleição em dois turnos dos sistemas eleitorais. Nenhum progressistas poderá ganhar. Há muito dinheiro nesse jogo.
Continuemos com os conselhos do assassino econômico, assessor, Durán Barba: o primeiro que ensina é não falar dos temas importantes; diante de uma pergunta, sair com outra coisa, uma anedota, outra pergunta, enfim, não contradiga o interlocutor, mas não responda a nada, já que as perguntas são sempre formuladas contra você. Mostre-se despreocupado, sorridente, dançante e sempre se relacionando com o povo, ou seja, abraçando a um idoso, a uma criança, a um operário… e depois toma um banho, claro.
Não fazer discursos. Falar teatralizando seus sentimentos, sobre as crianças, sobre sua tristeza porque entende o sofrimento alheio. Se necessário, mentir, subir num ônibus com gente contratada, falar na rua com as pessoas, também contratadas e sair nos meios de comunicação abraçando a uma criança, a um idoso, a um operário…
Tem que falar do quanto difícil são as mudanças; não desmoralizar a ninguém, dizer que estamos no caminho certo e conquistando êxito. Minta e desminta o outro, nunca brutalmente. Diálogos curtos. Sair de cena rápido. Dirigir-se aos mais ignorantes intelectualmente porque há que submetê-los, com uma carícia, com um gesto falso, usando qualquer meio, carinhoso, eles são sensíveis a isso.
Dizer o que é justo, o que os outros querem ouvir, mas sem dar-lhes importância. Algo assim como num passe de futebol. Mostrar-se em família, com a filha, a mulher, todos em paz, com alegria. Cara de boa gente, alegre, muito colorido. Nem sequer mencionar o adversário político a não ser através de outros funcionários de seu governo.
Utilizar os meios de comunicação para desprestigiar o adversário e acusá-lo de qualquer delito. Porém, através dos outros. Gerar confiança de que estamos no bom caminho e bem orientados. Colocar o dinheiro que falta para convencer os deputados e senadores para que votem as leis e lhe dêem governabilidade. Com esses, os legisladores e juízes, dirigentes operários, não haverá problemas, pois terão sua vida assegurada, sejam de qualquer partido que sejam. Se não cedem, ameace-os com processo que pode ser aberto com a cumplicidade dos juízes corruptos.
Não responder aos termos odiosos que lhe imputam. Retroceda com uma medida; pois resulta simpático reconhecer erros, voltar atrás, distrair e poder passar por baixo da mesa outras dez disposições. Distrair sempre com uma questão grave para que as forças se concentrem nela, e assim poder fazer passar as demais sem que as pessoas se dêem conta. Haverá tempo para conseguir tudo aquilo que até agora estava relegado.
Há que subestimar os pobres e ignorantes e seduzi-los tocando a campainha de suas casas. Isso é muito mais produtivo numa eleição que um discurso brilhante. Ameaçar indiretamente com processos para que os outros se amedrontem, sejam juízes, legisladores, dirigentes operários. Qualquer mentira é válida.
É uma campanha efetiva, com o voto assegurado no segundo turno por obra do dinheiro. Um investimento seguro, que se recupera com grandes negociatas quanto se está no poder. Porém, cuidado, outra coisa pior poderá estar sendo tramada por trás. Poderá haver outro “corralito” (expropriação das contas bancárias) e de repente nos daremos conta de que os balões amarelos nos impediram ver a realidade. Ocorrerá uma estafa gigantesca no século XXI, os assassinos assessores estão trabalhando, enquanto todos vamos às manifestações de protestos isoladas, sem encarar a necessidade de uma greve geral por tempo indeterminado.
*Original de Barômetro Internacional.


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

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