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ToggleAs experiências vividas neste ano 2020 nos mostram que precisamos construir no Brasil os processos democráticos, na perspectiva popular.
Infelizmente, o “bolsonarismo” está implantando entre nós uma forma de viver fundamentada no ódio, na agressividade, no armamento miliciano, na prepotência.
Rejeitando a ciência e optando pela escolha do caminho aparentemente mais fácil, o “bolsonarismo” decidiu com base no terraplanismo ignorar as recomendações médicas, da Organização Mundial de Saúde, chamar as pessoas para que não acatem a quarentena e o distanciamento social, única medida capaz de reduzir a curva de contaminação. Permitindo que as pessoas infectadas tenham uma oportunidade de obter a cura.
A visão eugenista sabe que a predominância das mortes ocorrerá entre os setores populares pobres e miseráveis, de cor negra que habitam os bolsões de pobreza das cidades, aqueles que não possuem habitação digna ou sequer têm onde morar, vivendo nas ruas, os setores pertencentes às nações indígenas, entre os idosos, especialmente, os aposentados.
Essas decisões, apontadas como genocidas e típicas da “necropolítica”, estão adotadas nas políticas públicas praticadas pelo governo federal, e também de muitos Estados e Municípios, a partir do estímulo do Presidente da República.
Ao invés dos governos municipais assumirem suas obrigações demandando da União apoio aos pequenos e médios empresários, benefícios aos desempregados e desvalidos, preferem acatar a pressão irresponsável empresarial para reduzir abruptamente as políticas de afastamento social.
Esse é o caminho mais rápido e eficiente para aumentar a contaminação e o adoecimento e sem que haja estrutura para atender tantas demandas, com certeza teremos um verdadeiro colapso nos serviços de saúde.
Quando tal colapso ocorrer não haverá outra alternativa a não ser radicalizar no confinamento, fechando todas as atividades e as cidades. O resultado será ainda mais grave, mas antes conviveremos com o crescimento do número de mortes.
O tempo está passando e as providências indispensáveis estão prestes a não ter mais efeito. O caminho possível deveria ter sido a pressão articulada dos Prefeitos e Câmaras junto aos governos Estadual e Federal para que disponibilizem os recursos financeiros de socorro para os setores mais enfraquecidos.
Há quem imagine que o Brasil não tem estrutura financeira para atender tais demandas. Mas, o socorro ao setor privilegiado pelo governo federal, os Bancos e endinheirados já foram todos atendidos. O Ministro da Economia afirmou na fatídica reunião de 22 de abril que não ajudaria os pequenos, mas terá preferência por atender os grandes empresários e o setor financeiro.
Twitter / Reprodução
No domingo as torcidas organizadas do Corinthians, São Paulo e Palmeiras se uniram em São Paulo para propagar o rompimento com o neofascismo
Quem serão os responsabilizados?
Nas cidades, os movimentos de cidadania apontam para esses riscos, exigindo maiores explicações sobre as condições de infraestrutura implantadas. Geralmente, sem obter respostas qualificadas dos setores governamentais.
Prefeitos, como em Uberlândia, fazendo “firula”, agem só nas periferias dos problemas, sabendo que suas “ações” não reduzem os níveis das contaminações, ao contrário estão estimulando o crescimento dos números apresentados em cada dia. Jogam na sorte, todas as suas apostas.
Tais governantes municipais jogam e apostam na sorte o destino e a vida de seus concidadãos, diante de concepções irresponsáveis de administração.
Diante de toda essa escolha administrativa, cabe aos setores populares se unirem com os setores que estão dispostos a lutar pela Democracia Popular. Assim é que surgem diversos movimentos de articulação nacional, englobando uma imensa diversidade de concepções e cidadãos com o objetivo comum de derrotar o fascismo que está expresso nessas atitudes governamentais.
No domingo as torcidas organizadas do Corinthians, São Paulo e Palmeiras se uniram em São Paulo para propagar o rompimento com o neofascismo e a construção da democracia popular.
O Economista Eduardo Moreira desencadeou a campanha #Somos70porcento que em poucos dias somou um número enorme de participantes. Outros Movimentos também florescem, como o BASTA, constituído por juristas, o Manifesto #estamosjunto que articula milhares de participantes, bem como o Movimento LULA LIVRE que passa a se organizar como BRASIL LIVRE. Esses movimentos, de acordo com seus perfis políticos e ideológicos buscam apoio, neste momento. Para eles, as disputas e ideológicas virão depois.
Há sim imensa sensibilidade para que sejam articulados os setores democráticos, se unindo em torno do objetivo comum de derrotar o fascismo genocida. Deixa-se de lado as divergências pontuais ou estruturais inerentes às ideologias para que o presente e o futuro da democracia no Brasil sejam as pautas comuns.
Depois do cumprimento dessa enorme tarefa será possível a articulação e o embate nos pontos que caracterizam divergências ideológicas. Agora a base teórica da luta é garantir a preservação da democracia, para nós, a democracia popular para atender prioritariamente as demandas populares.
Cláudio Di Mauro, geógrafo, professor universitário, ex prefeito de Rio Claro e colaborador da Diálogos do Sul
Participação de Jhenifer Gonçalves Duarte discente do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Uberlândia
As opiniões expressas nesse artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul
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