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Exposição que traz moradores da Cidade Tiradentes em capas de CDs, “É como se fosse verdade” é mais um projeto do Estúdio Madalena e acontece de 26 de janeiro a 8 de fevereiro no terminal de ônibus Cidade Tiradentes
Nenhuma figura conhecida da televisão ou do cinema. São 43 anônimos da Cidade Tiradentes, bairro no extremo leste da capital, que dão suas caras em capas de CDs que fazem parte da exposição “É como se fosse verdade”.
A mostra teve início nesta segunda-feira, dia 26, e pode ser conferida até o dia 8 de fevereiro no terminal de ônibus Cidade Tiradentes, no extremo leste da capital, com entrada franca.
“A capa de CD é como um palco. Nela se pode fazer ver e ouvir, torna-se público”, afirma a artista visual Bárbara Wagner, uma das idealizadoras da exposição, que entrevistou e fotografou dezenas pessoas num estúdio instalado dentro do terminal. A exposição foi criada em parceria com o também artista visual Benjamin de Burca, em colaboração com o designer Bobby Djoy. O projeto é uma iniciativa da Secretaria Municipal de Cultura, por meio do Circuito São Paulo de Cultura e da SP Cine, orgão da Prefeitura dedicado ao audiovisual.
A escolha pelo terminal de ônibus de Cidade Tiradentes, explica Bárbara, teve dois motivos. “Foi tanto pela história da região quanto pela possibilidade de acessar uma São Paulo mais próxima da cultura nordestina, marcada em várias gerações de moradores da Cidade Tiradentes”. A região, que surgiu anos 1970, foi marcada por seus conjuntos habitacionais e condição de bairro dormitório, por estar situada em uma área distante do centro e pouco desejada ou valorizada.
Mostra a sua cara
O resultado de tantas entrevistas originou uma série de álbuns, literalmente, com a cara do povão. Como o título “Aparecida – começar do zero”, estampado com a sorridente Maria Aparecida em frente à um altar ao estilo “ostentação”, ou o álbum “Deixe o camelô trabalhar livremente”, o casal de vendedores ambulantes, Vilma e Edivaldo, estão sobre o “paraíso” repleto de nuvens.
Para Bárbara, a periferia, o popular, o folclore, o brega, e tudo o que, muitas vezes, se define como “fora” do bom gosto ou dos padrões da “arte”, na verdade, apresentam o que ela chama de “uma desobediência a normas da moral e do mercado”. “É preciso olhar com atenção para a economia que produz ou faz circular essas expressões para entender o Brasil que temos ou queremos”, conclui