Na próxima quinta-feira (17/12), o economista, escritor e professor Ladislau Dowbor será o convidado do quarto programa do Diálogos em Sul Maior para debater o tema do seu último livro cujo título é ‘’O Capitalismo se desloca’’. Nesse programa, será discutido sobre a metamorfose do capitalismo dentro de um contexto de caos financeiro decorrente de um desajuste entre o mundo financeiro planetário e as velhas instâncias reguladoras. A live está marcada para as 19 horas e será transmitida pelo canal do YouTube da Diálogos do Sul, assim como nas páginas do Laboratório de Pesquisa e Práticas de Ensino em História (LPPE), Núcleo Interdisciplinar de Estudos sobre a África, Ásia e as Relações Sul-Sul (NIEAAS) e da Revista Cadernos do Terceiro Mundo no Facebook.
Por causa dessa entrevista, decidimos relembrar uma matéria especial da edição de novembro de 1999. Em toda a sua história, a Cadernos buscou informar (e denunciar) sobre os efeitos devastadores de certas políticas econômicas que resultavam na continuidade do estado de pobreza, desigualdade e subdesenvolvimento em grande parte dos países do Terceiro Mundo. No fim da década de 1990, o neoliberalismo passava por um momento de contestação em grande parte do mundo depois de ter devastado os países pobres. Nos Estados Unidos, o índice da população afundada na pobreza era de 20%. Na Europa, os governos ‘’sociais-democratas’’ não estavam conseguindo encontrar saídas para as insatisfações populares. Na Rússia, o neoliberalismo estava deixando o país no caos, com suas finanças arrasadas e sua economia em liquidação. Na Ásia, o modelo neoliberal dava evidentes sinais de debilidade, principalmente nos chamados Tigres Asiáticos.
Reprodução Passado mais de 20 anos, o medo do retorno desse tipo de conjuntura voltou a assombrar o país.
Entretanto, era na América Latina que a tragédia econômica e social estava ocorrendo. Revoltas contra fome e desemprego aconteciam na Argentina, no Uruguai, no Equador, na Colômbia e no Chile. Uma outra reação popular contra o modelo neoliberal foi a vitória dada as forças progressistas na região, como, por exemplo, na eleição do Coronel Hugo Chávez na Venezuela e os 40% das cadeiras parlamentares dadas a Frente Ampla no Uruguai.
No Brasil, a situação era de catástrofe com a explosão da pobreza. O modelo imposto pelo FMI e pelo BIRD resultou em milhões de brasileiros sem casa, comida, escola para os filhos, saúde e sem recursos mínimos à sobrevivência. Em 1997, somava-se 54 milhões de brasileiros em situação vulnerável, dos quais 24 milhões viviam abaixo da linha da pobreza. Era a época do auge das campanhas de solidariedade, como a Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida, liderada pelo sociólogo Betinho, assim como os dos vários debates que os economistas e os políticos de vários partidos se debruçavam sobre quais seriam os caminhos para tirar o país daquela situação. Passado mais de 20 anos, o medo do retorno desse tipo de conjuntura voltou a assombrar o país.
Tema complexo, que requer uma análise de longo prazo e a compreensão da geopolítica atual. Para uma visão histórica do tema, compartilhamos reportagem publicada na revista Cadernos do Terceiro Mundo de 1997.
A Diálogos do Sul é a continuidade digital da revista fundada em setembro de 1974 por Beatriz Bissio, Neiva Moreira e Pablo Piacentini em Buenos Aires:
A recuperação e tratamento do acervo da Cadernos do Terceiro Mundo foi realizada pelo Centro de Documentação e Imagem do Instituto Multidisciplinar da UFRRJ, fruto de uma parceria entre o LPPE-IFCH/UERJ (Laboratório de Pesquisa de Práticas de Ensino em História do IFCH), o NIEAAS/UFRJ (Núcleo Interdisciplinar de Estudos sobre África, Ásia e as Relações Sul-Sul) e o NEHPAL/UFRRJ (Núcleo de Estudos da História Política da América Latina), com financiamento do Governo do Estado do Maranhão.
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