Pesquisar
Pesquisar

A metamorfose do capitalismo nas páginas da Cadernos de Terceiro Mundo

No fim da década de 1990, o neoliberalismo passava por um momento de contestação em grande parte do mundo depois de ter devastado os países pobres
Gabriel Rodrigues Farias
Diálogos do Sul Global
São Paulo (SP)

Tradução:

Na próxima quinta-feira (17/12), o economista, escritor e professor Ladislau Dowbor será o convidado do quarto programa do Diálogos em Sul Maior para debater o tema do seu último livro cujo título é ‘’O Capitalismo se desloca’’. Nesse programa, será discutido sobre a  metamorfose do capitalismo dentro de um contexto de caos financeiro decorrente de um desajuste entre o mundo financeiro planetário e as velhas instâncias reguladoras. A live está marcada para as 19 horas e será transmitida pelo canal do YouTube da Diálogos do Sul, assim como nas páginas do Laboratório de Pesquisa e Práticas de Ensino em História (LPPE), Núcleo Interdisciplinar de Estudos sobre a África, Ásia e as Relações Sul-Sul (NIEAAS) e da Revista Cadernos do Terceiro Mundo no Facebook. 

Por causa dessa entrevista, decidimos relembrar uma matéria especial da edição de novembro de 1999. Em toda a sua história, a Cadernos buscou informar (e denunciar) sobre os efeitos devastadores de certas políticas econômicas que resultavam na continuidade do estado de pobreza, desigualdade e subdesenvolvimento em grande parte dos países do Terceiro Mundo. No fim da década de 1990, o neoliberalismo passava por um momento de contestação em grande parte do mundo depois de ter devastado os países pobres. Nos Estados Unidos, o índice da população afundada na pobreza era de 20%. Na Europa, os governos ‘’sociais-democratas’’ não estavam conseguindo encontrar saídas para as insatisfações populares. Na Rússia, o neoliberalismo estava deixando o país no caos, com suas finanças arrasadas e sua economia em liquidação. Na Ásia, o modelo neoliberal dava evidentes sinais de debilidade, principalmente nos chamados Tigres Asiáticos.
No fim da década de 1990, o neoliberalismo passava por um momento de contestação em grande parte do mundo depois de ter devastado os países pobres

Reprodução
Passado mais de 20 anos, o medo do retorno desse tipo de conjuntura voltou a assombrar o país.

Entretanto, era na América Latina que a tragédia econômica e social estava ocorrendo. Revoltas contra fome e desemprego aconteciam na Argentina, no Uruguai, no Equador, na Colômbia e no Chile. Uma outra reação popular contra o modelo neoliberal foi a vitória dada as forças progressistas na região, como, por exemplo, na eleição do Coronel Hugo Chávez na Venezuela e os 40% das cadeiras parlamentares dadas a Frente Ampla no Uruguai. 

No Brasil, a situação era de catástrofe com a explosão da pobreza. O modelo imposto pelo FMI e pelo BIRD resultou em milhões de brasileiros sem casa, comida, escola para os filhos, saúde e sem recursos mínimos à sobrevivência. Em 1997, somava-se 54 milhões de brasileiros em situação vulnerável, dos quais 24 milhões viviam abaixo da linha da pobreza. Era a época  do auge das campanhas de solidariedade, como a Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida, liderada pelo sociólogo Betinho, assim como os dos vários debates que os economistas e os políticos de vários partidos se debruçavam sobre quais seriam os caminhos para tirar o país daquela situação. Passado mais de 20 anos, o medo do retorno desse tipo de conjuntura voltou a assombrar o país. 

‘’A crise neoliberal’’ por Neiva Moreira
‘’A explosão da pobreza’’ por Sérgio Meireles 

Link: http://repositorio.im.ufrrj.br:8080/jspui/bitstream/1235813/602/1/CTM_EdicaoBrasileira_Ano_Numero_214_000_Completa.pdf?fbclid=IwAR0yEIWlFnHVWx0Xe3-QKAAk-O1SKcY3njbZUnnAZlRDfhhgk2tlCXH2RBg

Memória

Tema complexo, que requer uma análise de longo prazo e a compreensão da geopolítica atual. Para uma visão histórica do tema, compartilhamos reportagem publicada na revista Cadernos do Terceiro Mundo de 1997.

A Diálogos do Sul é a continuidade digital da revista fundada em setembro de 1974 por Beatriz Bissio, Neiva Moreira e Pablo Piacentini em Buenos Aires:

A recuperação e tratamento do acervo da Cadernos do Terceiro Mundo foi realizada pelo Centro de Documentação e Imagem do Instituto Multidisciplinar da UFRRJ, fruto de uma parceria entre o LPPE-IFCH/UERJ (Laboratório de Pesquisa de Práticas de Ensino em História do IFCH), o NIEAAS/UFRJ (Núcleo Interdisciplinar de Estudos sobre África, Ásia e as Relações Sul-Sul) e o NEHPAL/UFRRJ (Núcleo de Estudos da História Política da América Latina), com financiamento do Governo do Estado do Maranhão.


Texto publicado originalmente na página Revista Cadernos do Terceiro Mundo – Acervo Digitalizado

CADERNOS DO TERCEIRO MUNDO. Rio de Janeiro: Terceiro Mundo, ano 25, n. 214, nov. 1999, p. 12-27 

Confira a edição completa da revista nº 214 :

   

Se você chegou até aqui é porque valoriza o conteúdo jornalístico e de qualidade.

A Diálogos do Sul é herdeira virtual da Revista Cadernos do Terceiro Mundo. Como defensores deste legado, todos os nossos conteúdos se pautam pela mesma ética e qualidade de produção jornalística.

Você pode apoiar a revista Diálogos do Sul de diversas formas. Veja como:


As opiniões expressas neste artigo não refletem, necessariamente, a opinião da Diálogos do Sul do Global.

Gabriel Rodrigues Farias

LEIA tAMBÉM

Desdolarização é uma tendência histórica e precisa ser abraçada pelo Brasil
Desdolarização é uma tendência histórica e precisa ser abraçada pelo Brasil
Acordo Mercosul-UE é semicolonial e vai sair caro para empresas sul-americanas
Acordo Mercosul-UE é semicolonial e vai sair caro para empresas sul-americanas
Relação Brasil-China impulsiona multilateralismo e situa Brics como embrião de um novo mundo (2)
Relação Brasil-China impulsiona multilateralismo e situa Brics como "embrião" de um novo mundo
Bloqueio de minerais-chave China entendeu que, com EUA, é preciso contra-atacar
Bloqueio de minerais-chave: China entendeu que, com EUA, é preciso contra-atacar